Com queda de 51%, os BDRs da Meta (M1TA34) – holding que detém o Facebook – estão entre os ativos que mais se desvalorizaram em 2022. A baixa nas ações da empresa vem meio a um cenário de escalada de juros com os últimos movimentos do Federal Reserve (Fed), que afetam principalmente companhias de tecnologia.
Apesar de a queda da Meta ser a maior dentre as maiores techs, outras companhias de tecnologia sofrem perdas ainda maiores.
Como exemplo, o BDR da Netflix (NFLX34) – das famosas FAANG – cai 64% no acumulado de 2022, a atuais R$ 24. No início do ano, os papéis negociavam a mais de R$ 67.
O BDR, apesar de cotado em real, sofre oscilações com o carrego cambial do dólar e pode ser considerado um ativo dolarizado.
A baixa de 1,4% na moeda americana no acumulado de 2022 contribui para esse cenário. Em meados de abril, a queda do dólar somou quase 20% no acumulado de 2022, para R$ 4,60 – o que penalizou ainda mais o investimentos em BDRs.
Mesmo com a recuperação da moeda, as companhias de tecnologia sofrem com seus ativos, com retração de 25% na Nasdaq desde o início de 2022.
O fenômeno ocorre porque, com juros mais altos, companhias de tecnologia – geralmente alavancadas ou precificadas com base no seus resultados futuros – sangram mais, ante um cenário razoavelmente mais estável para companhias da ‘economia real’.
O Dow Jones – índice americano composto por companhias mais tradicionais, vinculadas às commodities, por exemplo – cai somente 13% no acumulado anual.
O S&P 500, por sua vez, recua 17%, mas é puxado para baixo também pelas big techs, que têm grande peso na carteira do índice.
A Apple (AAPL34) é a maior da lista, com seu valor de mercado na casa dos trilhões. Desde o início do ano, porém, foram 18% de baixa nos BDRs.
Netflix lidera ranking de quedas de BDRs das maiores techs
- Netflix (NFLX34): -64%
- Spotify (S1PO34): -56%
- Meta (M1TA34): -51%
- Uber (U1BE34): -49%
- Tesla (TSLA34): -33%
- Amazon (AMZO34): -31%
- Alphabet (GOGL34): -26%
- Microsoft (MSFT34): -24%
- Apple (AAPL34): -18%
- Twitter (TWTR34): -11
“Tivemos uma correção bem mais firme na última reunião do Fed, o que é algo que o mercado já está precificando. As techs têm um volume de negociação grande e são as maiores dos índices, mas estão caindo mundo. As empresas prestam serviços e solucionam problemas no mundo todo, possuem valuation elevado, e a Nasdaq corrigiu demais. Você vê empresas com 60% ou 70% de queda no acumulado de 2022. Os últimos IPOs de techs caíram e são raras as que desabaram menos de 50%”, comentou Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, em entrevista ao Suno Notícias.
Outros especialistas apontam que as correções, em virtude da inflação na casa dos 9% – recorde para os EUA nos últimos 40 anos -, devem seguir impactando a economia.
Além disso, os movimentos do Fed devem seguir e podem penalizar ainda mais as empresas. De qualquer modo, Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, aponta que o investidor terá que lidar com esse cenário caótico por mais tempo.
“O momento é de cautela. O consumidor está preocupado, sofrendo com inflação, e sem perspectiva de melhora no curto prazo. Conviveremos com um Fed mais duro e uma inflação global mais alta por mais tempo. O cenário global não mudou. A China levantou algumas restrições da pandemia faz pouco tempo”, analisa.
Ainda assim, apesar dos riscos elevados, Oliveira ressalta que o momento mantém muitos ativos relativamente baratos na bolsa de valores dos EUA – oferecendo oportunidades de compra em BDRs, ações e fundos internacionais.
Notícias Relacionadas