BCE: redução do juros teria efeito marginal sobre crescimento e inflação
A ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), realizada nos dias 9 e 10 de dezembro, foram divulgadas nesta quinta-feira (14). De acordo com o documento, os dirigentes consideraram que uma nova redução da taxa de juros teria efeito apenas marginal no crescimento e inflação da zona do euro.
Além disso, o programa de compra de ativos da pandemia (PEPP, na sigla em inglês), foi mais eficiente que os cortes de juros para dar suporte à economia durante a crise, informaram os dirigentes do BCE.
Segundo o documento, os dirigentes do Banco Central Europeu concordaram que a nova extensão do programa de compra de ativos está “em linha” com a duração prevista da crise, as dúvidas em relação à distribuição de vacinas e o retorno esperado da atividade ao nível pré-pandêmico.
Os membros da instituição europeia ressaltaram também que: “os benefícios das compras de ativos superaram os seus custos potenciais”.
“Todos os membros concordaram que, tendo em vista as consequências econômicas do ressurgimento da pandemia, a revisão em baixa da trajetória de inflação projetada e os riscos resultantes de um desancoramento das expectativas de inflação, medidas adicionais de política monetária foram necessárias para preservar o fluxo de crédito para todos os setores da economia e sustentar a recuperação econômica”, informa a ata.
Ao passo que alguns dirigentes do BCE defenderam uma ampliação menor das compras de ativos, sob o argumento de que seria prudente deixar um pouco de espaço para a política monetária para decisões futuras.
Contudo, outros membros argumentaram que o aumento proposto à PEPP ainda era insuficiente para facilitar as condições de financiamento e trazer a inflação da zona do euro mais próxima da meta do BCE.
BCE fala sobre o Euro
Durante a reunião do BCE, membros da entidade declararam ter observado com atenção o papel da taxa de câmbio para o cenário de inflação na zona do euro, pontuando que a recente apreciação da moeda comum ante o dólar americano pode contribuir para um cenário de inflação deprimida.
A ata revela ainda que a taxa de câmbio nominal do euro atingiu recordes históricos no última ano. De acordo com o documento, dirigentes notaram que as perspectivas de inflação para a zona do euro ainda estão “muito abaixo” da meta do banco, de taxa próxima, entretanto menor, de 2%.
O conselho da entidade concordou que deve monitorar “cuidadosamente” o cenário de estabilidade de preços e que não deve ser visto como “complacente” em relação à inflação. Os dirigentes acreditam que o nível de preços ainda está muito baixo devido à demanda e mercado de trabalho reduzidos, seguindo os impactos da ressurgência do coronavírus (covid-19) nos últimos meses de 2020.
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O BCE espera ainda que a inflação seja impulsionada com a melhora do cenário da crise sanitária. “Uma vez que o impacto da pandemia diminuir, uma recuperação da demanda, apoiada por políticas fiscais e monetárias acomodatícias, pressionaria a inflação no médio prazo”, diz a ata.
Os dirigentes argumentaram que o cenário econômico se enfraqueceu ao fim de 2020 por conta da covid-19, além da perspectiva de não sair o acordo pós-Brexit com o Reino Unido e uma “política de estímulos fiscal vacilante em diversos países” da zona do euro. O risco que a pandemia traz à atividade na União Europeia (UE) se concentra, em especial, no curto prazo, afirmaram os membros do conselho diretivo do BCE citando indicadores recentes.
Com informações do Estadão Conteúdo