O Banco Central Europeu (BCE) decidiu deixar suas principais taxas de juros inalteradas pela terceira vez consecutiva, mas reforçando a mensagem de que manterá nível restritivo pelo tempo necessário para baixar a inflação à meta de 2% ao ano, em reunião nesta quinta-feira, 25. Desta forma, a taxa de refinanciamento do BCE permanece em 4,50%, a de depósitos, em 4%, e a de empréstimos, em 4,75%.
A decisão do BCE sobre juros veio em linha com a expectativa de analistas.
O BCE afirma que, com exceção dos efeitos de base dos preços de energia, a tendência de redução da inflação na zona do euro tem continuado e o aperto monetário mantém sua transmissão para as condições financeiras, contribuindo para conter a demanda.
O banco central ressalta que os dados recentes confirmaram de modo geral as perspectivas de inflação de médio prazo.
“Continuaremos a seguir uma abordagem dependente de dados para determinar o nível e a duração adequados do aperto monetário”, afirmou o BCE, em comunicado, acrescentando que olhará particularmente para perspectivas de inflação e força da transmissão monetária. “Nossas futuras decisões vão garantir que as taxas de juros permanecerão em níveis suficientemente restritivos por quanto tempo for necessário.”
O Conselho também reiterou a decisão de seguir com a normalização do balanço patrimonial do Eurosystem, em um plano que pretende acabar com os reinvestimentos do Programa de Compras de Emergência na Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) até o fim de 2024.
De acordo com o comunicado, o BCE vai reinvestir completamente os pagamentos de ativos que vencem no primeiro semestre de 2024, mas devem reduzir o portfólio em 7,5 bilhões de euros ao mês a partir do segundo semestre.
Consenso no BCE é de que era prematuro discutir cortes nos juros agora, diz Lagarde
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, garantiu que os dirigentes da instituição estão em consenso sobre a avaliação de que ainda é prematuro discutir cortes de juros neste momento. O comentário foi feito em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 25, minutos após a decisão da autoridade monetária de manter as taxas básicas.
Na ocasião, Lagarde acrescentou que os membros do Conselho concordam de maneira unânime que as próximas decisões do BCE precisam ser guiadas pela evolução dos indicadores econômicos.
A banqueira central evitou reafirmar a previsão que havia dado há alguns dias de que o BCE poderia relaxar a política a partir do verão local, que começa em meados de junho.
Christine Lagarde ressaltou que os juros de mercado oscilaram ao redor da mesma faixa entre a reunião de dezembro e o encontro desta quinta, em um sinal de que as condições financeiras podem ter estabilizado.
Na coletiva de imprensa, Lagarde acrescentou que os juros elevados provocaram uma queda no crédito e aumento nas taxas de hipotecas, ao mesmo tempo em que os empréstimos para empresas estagnaram em novembro.
“Processo desinflacionário está em curso”
A banqueira central garantiu que o processo desinflacionário está em curso, mas admitiu que observa com atenção a situação do transporte marítimo de cargos, no qual os custos estão crescendo. “Estamos claramente interessados nos salários, mas também em outros dados”, disse.
Christine Lagarde reconheceu os progressos recentes no combate à inflação na zona do euro e disse esperar uma contínua desaceleração dos preços ao longo deste ano. Também ressaltou que as expectativas inflacionárias, no geral, permanecem ancoradas em 2%.
Ela ainda chamou atenção para a estabilidade da inflação de serviços – um foco de preocupação dos principais bancos centrais do mundo. Também afirmou ver evidências de que o avanço nos salários está desacelerando.
Sobre o quadro de emprego, a dirigente do BCE pontuou que o mercado de trabalho segue “apertado”, embora a demanda esteja perdendo força.
Com Estadão Conteúdo
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