BC vê impacto da pandemia nos bancos 50% menor em novo teste de estresse

O Banco Central (BC) atualizou nesta quinta-feira (15) o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao primeiro semestre de 2020. Segundo a análise da instituição, o teste de estresse apontou que o impacto da pandemia da covid-19 na economia brasileira foi expressiva, porém menor do que o REF publicado anteriormente.

O resultado do teste de estresse anual do BC demonstrou um impacto 50% menor do que era previsto nas instituições financeiras. Essa melhora é devida a recuperação dos fluxos de recebimento de vários setores da economia do Brasil até agosto de 2020, após a queda acentuada em abril e maio.

No primeiro semestre, houve uma piora na carteira de crédito doméstica, consequência dos efeitos econômicos da pandemia na capacidade de pagamento de tomadores.

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De acordo com o relatório, essa deterioração da qualidade da carteira tende a se acentuar no próximo semestre à medida que se encerrem as carências concedidas pelas instituições financeiras nas operações de créditos repactuadas. A piora no risco da carteira foi observado ao longo do semestre em todos os segmentos econômicos mas com destaque nos bancos públicos de desenvolvimento.

Apesar de as repactuações permitirem um fôlego financeiro aos tomadores, o teste de estresse aponta que esses tomadores não conseguirão honrar com os termos dos contratos quando as carências se encerrarem. “Com isso, uma deterioração da qualidade da carteira deve materializar-se no segundo semestre de 2020 e no início do próximo ano, levando ao aumento do nível de ativos permanentes (APs)”.

Os efeitos associados à pandemia no lucro líquido e no retorno sobre patrimônio líquido (ROE) das instituições financeiras foram observados a partir de março deste ano. O sistema bancário registrou lucro líquido ajustado de R$ 40,8 bilhões no primeiro trimestre de 2020, queda de 31,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Refletindo a queda do lucro líquido, o ROE do sistema relativo ao primeiro semestre reduziu para 11,2%, ante 17,8% na comparação de base anual.

Embora a piora do cenário econômico brasileiro deve se acentuar no segundo semestre, o período de julho a dezembro deste ano deverá apresentar, segundo o relatório, uma estabilidade da rentabilidade do sistema. O foco do mercado está no ano seguinte.

“Essa perspectiva está ancorada, sobretudo, na possibilidade de menor necessidade de provisionamento, na queda do custo de captação e na recuperação gradativa da atividade econômica. No entanto, a incerteza quanto ao cenário para 2021 continua elevada”.

Após a divulgação do relatório do BC sobre a estabilidade financeira, por volta das 11h,  o Índice Financeiro (IFNC) apresentava uma queda de 1,34%. Por sua vez, os principais bancos como Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) apresentavam variações negativas em seus papéis de -0,75%, -1,18%, -2,05% e -1,15%, respectivamente.

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Poliana Santos

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