Em entrevista nesta quarta-feira (25), Philip Lane, economista-chefe do Banco Central Europeu, o BCE, disse que o banco está “disposto a agir” se a política monetária do Federal Reserve (Fed) afetar as condições financeiras da zona do euro.
O comentário do economista do BCE chama atenção num período em que o Fed está abertamente discutindo a possibilidade de começar a reduzir suas compras mensais de ativos financeiros.
Na entrevista, Lane afirmou também que a disseminação da variante Delta da Covid-19 provavelmente terá impacto apenas limitado na economia da zona do euro, que se mantém na trajetória para crescer com força neste e no próximo ano.
Segundo Lane, a Europa não deverá estar entre as regiões mais prejudicadas pela Delta, graças a seus elevados índices de vacinação contra a doença e a medidas de lockdown tomadas anteriormente.
Dólar fica misto ante rivais, com BCE no radar
No início da sessão, o euro operava próximo ao seu menor nível ante o dólar desde dezembro, com a aposta dos investidores de que o BCE manterá uma política monetária acomodatícia e que a zona do euro terá uma recuperação econômica mais lenta do que os EUA.
“(…) O BCE continua a errar pelo lado da cautela, mantendo suas compras de títulos em níveis sem precedentes e as taxas de juros em mínimas históricas, o que provavelmente limitará a demanda pelo euro à medida que a divergência política (em relação ao Fed) aumentar”, diz o analista George Vessey, da Western Union.
“O fato do dólar continuar se fortalecendo, apesar das baixas taxas de juros americanas, confirma nossa visão de que, por pior que as coisas possam ficar nos EUA, o resto do mundo parece ainda pior”, afirma o BBH.
Caso a perspectiva mude e a economia americana desacelere significativamente, isso “provavelmente” seria um “divisor de águas” para o dólar, diz o banco americano.
“O Fed não teria outra opção se não ajustar significativamente suas expectativas sobre o andamento do tapering. Ainda assim, porém, o dólar poderia se manter melhor do que o esperado, já que uma recessão nos EUA provavelmente seria parte de uma desaceleração global mais ampla”.
BCE pode revisar projeções da economia para cima
Também nesta quarta-feira (25), o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse que todos os indicadores antecedentes da zona do euro referentes ao terceiro trimestre são positivos, sugerindo que o bloco dará continuidade à recuperação econômica iniciada no trimestre anterior.
Guindos, que falou durante evento organizado pelo Diario de Navarra, afirmou também que o BCE poderá mais uma vez revisar para cima suas projeções macroeconômicas para a zona do euro “em poucos dias”.
Com informações do Estadão Conteúdo
Notícias Relacionadas