As últimas leituras de inflação foram acima do esperado mas esse “choque é temporário”, segundo a análise do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na ata divulgada nesta terça-feira (3).
Os especialistas justificaram que o aumento progressivo observado na inflação é devido à alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preços das commodities e dos programas de transferência de renda.
“Apesar de a pressão inflacionária ter sido mais forte que a esperada, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, informou o documento.
Nesta terça-feira (3) o Boletim Focus voltou a elevar a expectativa pela inflação deste ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De acordo com a publicação do BC, os especialistas do mercado esperam que a inflação de 2020 seja de 3,02%. Essa é a 12ª semana consecutiva de aumento nas expectativas.
O cenário básico do Copom para a inflação envolve fatores de risco em ambas direções. Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado, notadamente quando essa ociosidade está concentrada no setor de serviços.
“Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional”.
Por outro lado, o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco.
BC analisa “limite mínimo” para taxa Selic
O colegiado debateu sobre um potencial “limite efetivo mínimo” para taxa Selic (taxa básica de juros do País) e seus impactos sobre questões de natureza prudencial e de estabilidade financeira.
O Copom repetiu que, dado o histórico de juros altos no Brasil, a Selic em um patamar baixo sem precedentes pode comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos, com potencial impacto sobre a intermediação financeira.
“Para a maioria de seus membros, já estaríamos próximos do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos”, reiterou o documento.
O Comitê de Política Monetária também explicou, na ata, porque decidiu manter no comunicado a sinalização de que “o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. Diversos analistas de mercado esperavam a retirada deste trecho da nota, já que praticamente ninguém mais aposta em novas reduções na Selic.
“O Comitê avaliou que essa sinalização está ligada às restrições de caráter prudencial para movimentos de redução da taxa básica de juros e, portanto, precisa ser mantida na comunicação”, enfatizou o BC.
Com informações do Estadão Conteúdo.