O BB Seguridade (BBSE3) apresentou, na manhã desta segunda-feira (8), um lucro líquido de R$ 916,61 milhões auferido entre outubro e dezembro de 2020. O destaque negativo do balanço da seguradora ficou por conta do resultado financeiro, que tombou na comparação anual. Contudo, a tendência é de melhora, segundo a administração da companhia.
Em teleconferência com analistas e imprensa, Rafael Sperendio, diretor de Finanças e Relações com Investidores, afirmou que possivelmente “esse foi o pior resultado financeiro da história do BB Seguridade, mas vejo mais upside do que downside neste momento”.
No quarto trimestre do ano passado, o item foi impactado, principalmente, pela baixa taxa básica de juros da economia (Selic) e pela disparada do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que encerrou 2020 com uma alta acumulada de 23,14%.
“Embora não tenhamos guidance de lucros e resultado financeiro para 2021, a princípio tudo indica que possamos ter um ambiente melhor do que o registrado ano passado”, afirmou o executivo.
O resultado financeiro acumulado da holding foi de apenas R$ 1,32 milhão no trimestre, contra R$ 52,01 milhões um ano antes, uma baixa de 97,4%. Na base anual, o resultado do BB Seguridade caiu 70,9%, de R$ 156,16 milhões para R$ 45,52 milhões.
Esse item é de grande importância para as seguradoras, uma vez que precisam alocar os recursos obtidos em forma de prêmios dos clientes. Nesse sentido, a empresa destacou o crescimento de 14,8% dos prêmios emitidos, com atenção para os segmentos rural (+22,7%) e prestamista (+22%).
A sinistralidade (que se refere às perdas), por sua vez, cresceu 1,7% na base anualizada. A direção da empresa atribui o resultado ao aumento na frequência e severidade de perdas nos produtos que cobrem risco de vida, por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
BB Seguridade quer diversificar plataformas para oferta de produtos
Na teleconferência, outro objetivo revelado pelo BB Seguridade é diversificação da oferta de produtos. Hoje, o balcão principal continua sendo o Banco do Brasil (BBAS3), mas a média prazo a instituição quer ampliar o leque de plataformas que podem oferecer seus produtos.
“Já temos algumas parcerias com algumas cooperativas para fazer a distribuição de produtos de crédito, e felizmente já estamos ampliando a distribuição de nossos produtos de previdência em outras plataformas em outros parceiros”, afirmou Marcio Hamilton Ferreira, CEO da empresa.
Esse aspecto casa justamente com outro foco da empresa em 2021: a experiência do cliente.
Uma das cinco metas para 2021 reveladas ao mercado é o “aumento da adoção de inteligência artificial analítica embarcada em produtos, serviços e processos, com foco em melhor a experiência do cliente e eficiência operacional”.
A companhia disse que já tem investido fortemente em vendas nos canais digitais e em copywriting, para alocar os clientes em produtos mais adequados em cada perfil.
Redimensionamento do BB não impactará vendas
Ainda no âmbito da relação entre o Banco do Brasil e o BB Seguridade, Ferreira disse que o redimensionamento do banco estatal não irá impactar negativamente as vendas dos produtos da seguradora.
No mês passado, a instituição financeira informou que fecharia agências e transformaria outros pontos em unidades de negócios mais compactos e eficientes. Além disso, 5,5 mil funcionários já aderiram aos programas de desligamento voluntário, com o intuito de enxugar as despesas.
“As medidas do Banco do Brasil apoiam o processo de vendas do BB Seguridade, e não atrapalham. O investimento no âmbito digital e foco em criação de agências especializadas pelo BB nos ajuda, sobretudo no setor do agronegócio”, afirmou o executivo.
“Todo esse movimento está vindo em linha com a robustez da assessoria para os clientes do BB Seguridade. Não teremos queda nas vendas com o fechamento das agências do Banco do Brasil”, disse Ferreira. Por volta das 12h50 desta segunda, as ações da seguradora operavam em queda de 1,19%, negociadas a R$ 28,18.