Bank of America: reservas de emergentes encolhem US$ 240 bi
As reservas internacionais dos países emergentes se reduziram de US$ 240 bilhões nos últimos 60 dias por causa das medidas necessárias para enfrentar o coronavírus. Essa é a análise realizada pelo Bank of America Merrill Lynch em relatório divulgado na última sexta-feira (8).
Segundo o BofA ““Países com problemas tradicionais de mercados emergentes, geralmente enraizados na falta de credibilidade política, enfrentam problemas graves de liquidez e muitos até mesmo de solvência. No entanto, a maioria dos grandes mercados emergentes que define a classe de ativos superou esses problemas e enfrenta uma situação de liquidez difícil, mas não desesperadora.”
Segundo o estrategia do banco, David Hauner, a situação nos próximos meses não deverá mudar muito. Isso pois a tendência da pandemia é desacelerar, mas não desaparecer durante uma recuperação possivelmente lenta.
A contração das reservas internacionais foi liderada em termos nominais por:
- China
- Hong Kong
- Arábia Saudita
- Brasil
- Turquia
Segundo o BofA, em porcentagem, Turquia e Egito registraram quedas particularmente fortes. Por sua vez, a Rússia optou por preservar suas reservas.
Para tentar amenizar possíveis problemas de liquidez, o BofA recomendou uma posição aplicada em juros em diversos países emergentes, para se beneficiar de uma recuperação lenta da economia global.
Além disso, o banco norte-americano também recomendou estar comprado em moedas e dívida negociadas com preço baixo o suficiente para enfrentar uma tempestade, como as dívidas soberanas de Angola, Peru, Catar e Ucrânia.
FMI alerta sobre emergentes
O Fundo Monetário Internacional (FMI) também alertou sobre a situação dos países emergentes. A diretora-executiva da instituição internacional, Kristalina Georgieva, salientou como cerca de US$ 90 bilhões (R$ 450 bilhões) já saíram dos mercados emergentes durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19).
A crise econômica resultado da pandemia causou forte impacto nas economias emergentes e, para a presidente do FMI, os efeitos são piores dos os vistos na crise financeira de 2008.
“Nunca na história do FMI nós presenciamos a economia mundial nessa situação”, declarou Georgieva em anúncio feito a órgãos de imprensa. “É um dos momentos mais sombrios da humanidade, uma grande ameaça para todo o mundo. Isso requer que permaneçamos unidos e protejamos os mais vulneráveis”, afirmou.
A instituição internacional avalia o cenário a fim de tentar mitigar as perdas econômicas causadas pela crise. Em parceria com o Banco Mundial e outras entidades financeiras, estudar medidas para aliviar os impactos da pandemia. Da mesma forma, uma das estratégias apontadas pelo FMI é fazer com que bancos centrais de países desenvolvidos deem suporte a bancos de países emergentes e em desenvolvimento.
Saiba mais: FMI: crise do coronavírus já tirou US$ 90 bilhões de mercados emergentes
Conforme dados do Fundo, mais de noventa países entraram com pedido de ajuda financeira de fundos intencionais até o momento. “Nunca vimos um crescimento de demanda tão grande vindo dos emergentes”, ressaltou a diretora.
Na mesma linha, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para as consequências da pandemia do novo coronavírus. Para Adhanom, países emergentes que não estão levando a quarentena a sério ou estão flexibilizando o isolamento social cedo demais podem acabar sofrendo efeitos mais severos e prolongados na economia. “A melhor maneira dos países aliviarem os efeitos econômicos da pandemia é enfrentar o vírus”, afirmou.