A Caixa Econômica anunciou nessa semana a sua nova modalidade de crédito imobiliário. As taxas de juros serão atreladas ao Índice Nacional de Preços ao Consumidos Amplo (IPCA). O anúncio foi realizado pelo presidente da instituição, Pedro Guimarães, na última terça-feira (20) Palácio do Planalto.
Com o alteração, os juros do financiamento ficarão entre 2,95% e 4,95% ao ano, somados ao IPCA. Segundo a Caixa, a nova medida fará com que o crédito imobiliário seja mais acessível.
Hoje, a taxa de juros cobrada pela instituição varia entre 8,5% a 9,75% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR). que está zerada.
Os grandes bancos privados consideram oferecer linhas de crédito também atreladas ao IPCA, entretanto, ainda veem a modalidade com desconfiança.
As informações apuradas são do jornal “Valor Econômico”.
Riscos do novo crédito imobiliário
Em cerimônia no Palácio do Planalto, junto a Guimarães, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que a Caixa também baixou os juros do cheque especial e que os bancos privados terão de acompanhá-la.”Ou eles vêm atrás ou os clientes da Caixa vão aumentar, e muito”, disse.
Os bancos, por um lado, enxergam que a nova modalidade é uma forma de atrair novos clientes, mas também temem uma possível disparada dos preços, levando a um aumento do custo. A inadimplência seria elevada.
Embora a inflação esteja controlada e dentro da meta, o receito das instituições bancárias tem base no fato de que o Brasil tem um histórico de inflação alta.
Em 2015, por exemplo, o IPCA foi de 10,67%. Portanto, o crédito imobiliário de longo prazo, como nos financiamentos de 30 anos, irá atravessar diferentes governos. “Se tiver descontrole inflacionário, afeta a capacidade de pagamento do cliente”, afirmou um executivo de banco ao “Valor”.
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Apesar das dúvidas acerca do novo modelo de crédito, foi apurado que Itaú Unibanco, Bradesco e Santander estão preparando seus sistemas para aderirem às linhas atreladas ao IPCA, coexistindo com a TR.
“Queremos ter todas as alternativas para os clientes. Mas, no caso do IPCA, precisamos desenvolver instrumentos que mitiguem esse risco, para não ter alta da inadimplência”, disse a fonte de um banco.
Um público potencial para o IPCA são as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho há pouco tempo. “Os jovens podem comprar imóvel com parcela mais baixa e arcar com prestações crescentes porque têm a perspectiva de melhorar de renda“, completou uma fonte do setor bancário.
Inflação atualizada
No Boletim Focus divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (19), a estimativa para o IPCA em 2019 foi reduzida para 3,71%.
O resultado continua abaixo da meta de inflação fixada para pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, de 4,25%.
Após o resultado da pesquisa, o índice apresenta uma alta na inflação de 2,42% a.a. Em 12 meses, o número caiu para 3,22%, dessa forma, 0,15% abaixo do registrado no mês anterior. A alta acumulada neste ano é menor do que a meta de 4,25% definida pelo governo para este ano.
Por outro lado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou um crescimento de 0,09% em julho. A taxa serve para medir a prévia da inflação oficial. Em junho, o IPCA-15 foi de 0,06%.