Os resultados do quarto trimestre dos bancos, apresentados nesta semana por Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11), mostraram conclusões em linha com o esperado por analistas ouvidos pelo SUNO Notícias.
De acordo com os especialistas, a tendência de menores provisões para os bancos, com o arrefecimento de uma alta significativa da inadimplência causada pela crise do coronavírus (covid-19) se confirmou.
“Todos os bancos seguiram a mesma tendência, em uma sequência melhor de resultados, com rentabilidade, com queda das provisões de modo geral e de uma recuperação na parte do crédito, impulsionada por uma retomada da economia já no último trimestre [de 2020]”, disse Rodrigo Glatt, analista da GTI Investimentos.
O ponto fora da curva ficou com o Bradesco. O banco, sediado em Osasco, conseguiu um lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões, o que resultou em um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) de 20%, o mesmo do nível pré-pandemia, muito comemorado pelos agentes do mercado.
Santander vem em linha com o esperado para os bancos
Apesar de serem considerados positivos, os balanços de Itaú Unibanco e Santander vieram em linha com o esperado pelos agentes do mercado.
O Santander apresentou, no quarto trimestre, lucro líquido societário de R$ 3,86 bilhões, alta de 1,2% frente ao trimestre anterior, também não vê mais necessidade de provisões extraordinárias.
O banco informou que após a Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) do segundo trimestre do ano passado, no valor de R$ 3,2 bilhões, se sente confortável com o nível de provisões atuais.
“O Santander tem sido, nos últimos trimestres, o banco mais agressivo nas provisões, praticando um nível de provisão de cerca de dois terços do que Bradesco e Itaú e, por isso, a lucratividade tem sido maior”, disse Glatt.
O banco teve um ROE de 20,5%, mais parecido com o dos concorrentes, mas longe do que costuma ser em outros trimestres.
“Há uma diferença histórica de 4, 5 pontos em ROE do Santander para o de Bradesco e Itaú, mas agora está na casa de 20%, no mesmo patamar do Bradesco”, afirmou o analista da GTI.
Já para este ano, o Banco Inter destaca que os spreads do banco estarão sob maior pressão, o que alerta os analistas para os próximos resultados.
“Devemos observar uma maior pressão nos spreads ao longo de 2021 e também nas receitas com conta corrente, o que nos mantém cautelosos com a manutenção de elevados patamares de rentabilidade”, disse a instituição, em nota.
Itaú Unibanco não surpreende, mas agrada
Enquanto isso, o Itaú Unibanco teve um lucro de R$ 5,388 bilhões, uma queda de 26,1% em comparação com o mesmo período em 2019.
Já o resultado recorrente gerencial do banco ficou em R$ 18,5 bilhões, com redução de 34,6% em comparação com 2019, enquanto que o retorno recorrente gerencial sobre o patrimônio líquido foi de 14,5%.
O ROE gerencial do banco ficou em 14,5%, apresentando queda de 9,2 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Mesmo com as quedas ante 2019, para a GTI Investimentos, o banco ainda pode ser o mais barato do mercado brasileiro.
“Se você retirar a participação do Itaú na XP, ele provavelmente é o banco mais barato, com um múltiplo de 9,2X lucro que, se comparar com múltiplos históricos, ele está mais barato”, afirmou o analista da GTI.
Para o Banco Inter, o banco ainda possui desafios, principalmente com carteira de crédito e linhas de serviços.
“Os efeitos do PIX na linha de serviços com conta corrente que caiu -2,2% t/t. Além da gratuidade do PIX em transações com pessoas físicas, desde novembro o Itaú já está isentando clientes de tarifas para TED e DOC, o que deve continuar impactando este segmento de receita”, disse o banco, em nota.
“Já a inadimplência acima de 90 dias que vinha em ritmo de queda com as postergações de parcelas já começa a apresentar alta após o fim do período de flexibilização saindo de 2,2% para 2,3%, puxado por Micro, pequenas e Médias Empresas”, concluiu.
Bradesco é ponto fora da curva
Para a XP Investimentos, os resultados “muito fortes” do Bradesco mostram as razões pelo banco estar “comparativamente atraente, mais bem defendido e com boa dinâmica de lucros”.
O analista Marcel Campos salientou que o lucro trimestral do banco sediado em Osasco ficou 23% acima do consenso compilado pela Bloomberg, o que o surpreendeu. O resultado foi puxado por forte margem financeira, receita de serviços acima do esperado e corte de custos, impulsionado pelo fechamento de agência e desligamentos.
Já para o Banco Inter (BIDI11), os fechamentos de agências que o Bradesco anunciou no ano passado ajudou na redução de custos e, assim, na alta do lucro.
“O Bradesco apresentou uma boa redução de custos em 2020 com o fechamento de 400 agências no 4T20 e 1.083 no ano passado e que pode continuar em 2021. Mantemos boas expectativas para a carteira de crédito, serviços e consequentemente nos lucros contando também com a possibilidade mais redução da estrutura e melhora da eficiência”, informou o banco, em nota.
Além disso, as possibilidades futuras de Next e da corretora Ágora também animaram os agentes do mercado. “O Next atingiu 3,7 milhões de contas, com objetivo de 7 milhões para 2021, o que é um número significativo”, disse Glatt.
“De modo geral, o resultado nos surpreendeu positivamente, mas houve um forte resultado com tesouraria que deve voltar à normalidade em 2021. Gostamos dos avanços operacionais no Next e na Ágora, que continuam apresentando crescimento em clientes e volume sob custódia”, disse a o Banco Inter, em nota sobre os bancos.
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