Bancos devem reduzir provisões, mas menos do que Santander (SANB11)
A temporada de balanços do terceiro trimestre deste ano, que começou na terça-feira (27), deve mostrar bancos menos conservadores em relação a provisões para inadimplência, mas não tanto quanto o Santander (SANB11), que não deve realizar mais provisões extraordinárias como feito frente à pandemia do novo coronavírus (Covid-19)
De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, os bancos começam a olhar a crise do retrovisor e analisam que o risco de inadimplência é menor do que foi no auge da pandemia, no primeiro trimestre. Mas, apesar da tendência de todos os bancos optarem por diminuir as provisões no terceiro trimestre deste ano, eles devem ser mais conservadores do que o Santander.
Tradicionalmente, o Santander é mais arrojado que os demais. O banco cortou as despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD), que atingiram R$ 2,91 bilhões no período entre julho e setembro. O capital destinado para as provisões foi 7,5% menor que o registrado no mesmo período de 2019 e 55% menor que o segundo trimestre deste ano.
“O Santander tem sido mais otimista que os demais bancos. Você pode acreditar que a análise de crédito dele é melhor e, por isso, ele vai provisionar menos ou você pode achar que ele topa mais risco”, disse Lucas Akira, analista da Absolute Investimentos.
“Eu acho que o Santander tem uma agressividade a mais mesmo”, disse o analista.
O racional é compartilhado por Maurício Ramani, analista da Reach Capital. Para ele, os demais bancos não devem seguir a ousadia do Santander, mesmo que diminuam as provisões.
“A postura do Santander é mais agressiva do que os outros bancos, já que o Santander praticamente não provisionou no primeiro trimestre. Então, acho que agora é o primeiro a parar de fazer provisão a mais”, disse.
Outros bancos devem ser mais conservadores
“Os outros bancos ainda vão fazer uma Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) maior para proteger balanço pois eles gostam de ser conservadores e o mercado gosta disso”, completou Ramani.
No primeiro trimestre, o Itaú Unibanco (ITUB4), separou para créditos de liquidação duvidosa um total de R$ 10,39 bilhões, uma alta de 147,2% bilhões frente os primeiros três meses do ano passado. Já no segundo trimestre, o montante destinado a provisões foi de R$ 7,561 bilhões.
Já no Bradesco (BBDC4), as provisões somaram R$ 6,7 bilhões, um crescimento de 86,1% em relação ao primeiro trimestre de 2019. No segundo trimestre, as provisões foram de R$ 8,890 bilhões.
O BB (BBAS3) realizou, prudencialmente, reforço das provisões em R$ 2 bilhões, informou a instituição estatal. No total, as provisões do banco foram a R$ 5,539 bilhões, alta de 63,3% em relação a igual período de 2019. Já no segundo trimestre, o banco deixou R$ 5,907 bilhões para provisões, alta de 6,6% no trimestre.
Para bancos, crise começa a ficar para trás
Segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, a possível redução das provisões para devedores duvidosos (PDD) mostra que os bancos começam a enxergam a crise do retrovisor.
PDD é a sigla para provisão para Devedores Duvidosos e se refere a uma reserva de dinheiro feita pela empresa com foco em casos de inadimplência. Dessa forma, quanto maior for o risco de o cliente não pagar o que deve, maior deve ser o montante guardado pela empresa através da PDD.
Para Mateus Aguiar, especialista da Suno Research, a economia começa a dar sinais de recuperação, o que deve fazer com que os bancos comecem a tomar mais risco em seus balanços, principalmente em relação ao crédito.
“Os principais bancos brasileiros possuem um nível de cobertura bastante saudável no momento. É importante ressaltar que a economia está mostrando sinais de uma intensa recuperação, desse modo, é o caminho natural que os bancos voltem a ser um pouco menos conservadores em relação às provisões”, disse.
No início da crise causada pelo novo coronavírus (covid-19), os bancos do País aumentaram as provisões para se precaverem do aumento da inadimplência que a crise causaria.
Bradesco é referência importante
Agora, segundo especialistas, devem anunciar provisões menores nos resultados anunciados. O Bradesco divulga os resultados do terceiro trimestre de 2020 nesta quarta-feira (28) após o fechamento do mercado, enquanto o Itaú Unibanco divulga no dia 2 de novembro e o Banco do Brasil no dia 5 do mesmo mês.
Para o analista da Reach Capital, caso o Bradesco, conhecido por ser conservador nas previsões, opte por diminuir as provisões de maneira considerável, pode sinalizar ao mercado que o pior da pandemia realmente já passou.
“Se o Bradesco vier com um discurso mais otimista, o mercado pode se animar”, disse o analista de bancos.