Banco Original quer 10 milhões de clientes, colando em Pan e Banco Inter (BIDI4)

Diferentemente de diversas fintechs, que abrem mão do lucro no estágio inicial para ter crescimento, o Banco Original, da holding J&F, já começa a reportar seus ganhos em meio ao avanço de suas cinco frentes de negócio.

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Após sua reformulação, passando a entender-se como banco digital, a instituição propõe trazer soluções de A a Z, com o fim de se tornar o único banco dos clientes, não sendo “monoproduto”. A ideia do Banco Original é caminhar em busca de sua independência de forma sustentável — e lucrativa.

Os últimos dados fechados são do primeiro semestre. No período, o lucro líquido da instituição foi de R$ 73 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 220 milhões no mesmo período do ano passado.

A margem financeira bruta cresceu 215% em três anos. Ampliando o resultado do mês de junho para o segundo semestre, o banco terminaria 2021 com R$ 1,5 bilhão de margem.

Hoje, o número de clientes já ultrapassou 5 milhões, e o objetivo é atingir a marca de 10 milhões — e se aproximar de players como Banco Pan (BPAN4) e Banco Inter (BIDI4) — no ano que vem.

O desafio, assim como todo e qualquer banco digital, é ter sucesso na rentabilização dessa gama de usuários. Para o Original, isso não é um obstáculo.

“Nunca fomos um banco gratuito. Nunca nos vendemos exclusivamente dessa forma. Até porque tudo tem um custo. As tarifas são negociáveis e podem chegar a zero, mas para manter a qualidade de atendimento, é necessário ter investimentos”, comentou Marcelo Lo Duca Cerrano, superintendente executivo do Banco Original, em entrevista exclusiva ao Suno Notícias.

Cinco avenidas de crescimento

Lo Duca faz questão de ressaltar que o Original, desde que passou a entender-se como exclusivamente digital, nunca quis ser “monoproduto”.

“Tem muito banco digital que oferece simplesmente a isenção de tarifas em uma conta corrente. O usuário não vai conseguir viver sem a conta de um banco tradicional ao lado. Não queremos isso”, diz.

Nos últimos anos, o Original investiu e ampliou seu escopo de atuação. Hoje, as cinco áreas no radar do banco são:

  • Varejo;
  • Empresas;
  • Não correntistas;
  • Atacado;
  • Bank as a Service (Baas).

A frente que mais apresenta crescimento efetivo no banco é o varejo. “Já passamos de cinco milhões de clientes, e não é trabalho apenas de abertura de conta. Trata-se da captação de usuários e viabilidade de conseguir qualidade com esses correntistas.”

Segundo o executivo, existe uma gama de produtos que ajudam a fidelizar esse público alvo, abrindo espaço para o crescimento da participação das demais frentes de negócio.

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Entre as opções de produto, o Original aderiu ao cashback, alvo das fintechs e empresas ligadas a serviços financeiros. “O cliente usa, e simplesmente um percentual volta para ele para utilizar da forma com que quiser, após o pagamento da fatura, por meio do cashback.”

O banco também tem um produto de Certificado de Depósito Bancário (CDB) escalonado. Ou seja, o papel é atrelado ao CDI, mas quanto mais tempo o cliente manter o dinheiro investido, mais ele irá render.

Banco Original quer liderar open banking no Brasil

Na visão da instituição, o open banking chegará para mudar o panorama do varejo bancário brasileiro. Aguardado há anos, a ferramenta será uma das maiores do mundo quando implementada por aqui, na visão da diretoria do banco.

Para a chegada do open banking, ou open finance, o Original é o único considerado digital que está participando das fases de testes avançadas do Banco Central (BC).

“Ou seja, estamos alinhados com a tecnologia inovadora e sempre em busca de estar na frente das facilidades para os clientes.”

Original olha para empresas esquecidas pelos bancões

O segmento de empresas, no entendimento de Lo Duca, é o que tem mais chance de crescer nos próximos anos, logo depois do varejo.

A área atua com Microempreendedores individuais (MEIs) e empresas de até R$ 50 milhões em faturamento por ano. O foco aqui, segundo o superintendente, é o atendimento diferenciado e digital, “dando atenção para um público não atendido pelos grandes bancos”.

Em torno de 70% dos clientes que possuem linha de crédito com o Original, tem recebimento ou fazem pagamento de parcelas com esses recebimentos. “É um assalariado ou profissional liberal que tem relação conosco, tanto na parte de crédito como no dia a dia.”

A carteira possui 215 mil clientes, a base cresceu 54% no primeiro semestre, com a carteira de crédito subindo 36%.

Desde 2019, o banco possui a conta “Pessoa Única”, para que o MEI possa aliar sua empresa com a conta pessoal em um lugar só, mas com um diferencial. O Original é o único banco digital que repassa a linha de crédito do Sebrae chamada Fampe, que atende a esse segmento.

A parte de atacado diz respeito à relação com pessoas jurídicas que já está mais madura. A Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) é de 0,1% sobre a carteira. Em sua maioria, são clientes corporate, com faturamento de R$ 300 milhões por ano. Clientes do agronegócio, que podem oferecer terras como garantia.

A última vertical é o Bank as a service (BaaS), onde não há risco, segundo o executivo. “É uma estrutura que roda processamento para terceiros. Atuamos com bancos tradicionais, fintechs e todos os agentes do mercado. Como terceirização de um serviço.”

Sustentabilidade e independência do Banco Original

Entre janeiro e junho deste ano, o Original teve uma receita de R$ 635 milhões. Em três anos, o banco quadruplicou seu faturamento, ao passo que diversificou as fontes nestas cinco áreas.

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A instituição, com isso, tem criado musculatura para cada vez mais se tornar independente. Ou seja, conseguir caminhar com suas próprias pernas entre 2022 e 2023.

Este ano, a controladora já aportou cerca R$ 300 milhões e no ano que vem deve colocar mais dinheiro no negócio. Entretanto, a função da holding por trás do Original, hoje, é muito mais de fomentador de crescimento do que tapa buraco dos antigos prejuízos.

“Hoje, nós pregamos a independência de gestão entre as partes do grupo J&F”, citou Lo Duca.

O Banco Original opera com um índice de Basileia de aproximadamente 9,5%, 0,25 ponto percentual acima do piso estabelecido pelo BC. A instituição visa rodar em, ao menos, 10,25%.

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Jader Lazarini

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