O relatório “Prospectos Econômicos Globais”, divulgado nesta terça-feira (7) pelo Banco Mundial, aponta que a economia mundial enfrenta crescentes riscos de estagflação – fenômeno definido como período prolongado de crescimento econômico lento combinado com inflação em alta. A instituição também cortou a previsão para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta em 2022: a estimativa agora é de 2,9%, ante 4,1% projetados em janeiro.
O Banco Mundial reduziu ainda o avanço da atividade no mundo em 2023, de 3,2% para 3%. Para 2024, a expectativa é de alta de 3%.
“A guerra na Ucrânia, lockdowns na China, interrupções na cadeia de suprimentos e o risco de estagflação estão prejudicando o crescimento. Para muitos países, a recessão será difícil de evitar”, afirma o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass.
A análise compara o contexto atual com o quadro observado na década de 1970, com desequilíbrios de oferta, perspectivas de aperto monetário e projeções negativas para a atividade econômica.
Por outro lado, a entidade internacional considera que o avanço dos preços de commodities é mais contido que naquela época. Argumenta que instituições financeiras estão mais sólidas e os bancos centrais têm mandato mais claro pela estabilidade de preços.
O Banco Mundial acredita que a inflação deve arrefecer no ano que vem, mas ainda acima das metas dos Banco Centrais. O documento adverte que o cenário de alta de preços pode causar uma acentuada desaceleração da economia global e, como consequência, deflagrar crises financeiras em mercados emergentes.
Consequências do conflito leste europeu
A entidade defende a importância de medidas globais e nacionais para mitigar as consequências econômicas do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Para o Banco, serão necessárias ações para limitar o impacto nos grupos mais vulneráveis, atenuar os efeitos da escalada de preços de petróleo e alimentos, aumentar alívio de dívidas e expandir a vacinação global contra o coronavírus.
Os governos também devem evitar políticas que causam distorções, como controles de preços, subsídios e restrições a exportações, na visão do Banco Mundial. “Contra o cenário desafiador de maior inflação, crescimento mais fraco, condições financeiras mais apertadas e espaço limitado para a política fiscal, os governos precisarão priorizar os gastos para o alívio direcionado para as populações vulneráveis”, argumenta.
A escalada dos preços de petróleo, gás natural e carvão, em meio à guerra na Ucrânia, pode reduzir o crescimento do PIB do planeta em 0,8 porcentual no acumulado de 2022 e 2023, estima o Banco Mundial.
Banco Mundial revisa para cima a estimativa do PIB brasileiro de 2022; mas corta 2023
O Banco Mundial também revisou levemente para cima a previsão para crescimento do PIB brasileiro em 2022, a 1,5%, de acordo com o relatório. Na edição de janeiro do mesmo documento, a instituição havia projetado que a maior economia da América Latina cresceria 1,4% este ano.
O documento ressalta que programas extraordinários para permitir o saque de fundos de seguro contra desemprego trarão alívio às famílias, mas podem impulsionar a inflação. “Em 2023, o impulso fraco e os efeitos em curso da política monetária apertada nos investimentos e na atividade devem limitar o crescimento”, avalia.
A entidade cortou drasticamente a estimativa para o PIB do Brasil em 2023, de 2,7% a 0,8%. Para 2024, a expectativa é por um avanço de 2%. Segundo a análise, após um começo de ano “sólido”, o país deve registrar enfraquecimento das condições, à medida que a inflação elevada pressiona a renda das famílias.
(Com informações do Estadão Conteúdo)