O Banco Inter (INBR31) estreou suas ações na Nasdaq nesta segunda-feira (20) após ter tido seu último dia de negociação na bolsa brasileira no pregão de sexta-feira (17). Isso ocorreu pela reorganização societária proposta há meses e aprovada pelos acionistas nas últimas semanas.
Na sua trajetória na B3 (B3SA3), as units do Banco Inter, negociadas sob o ticker BIDI11, saíram de cerca de R$ 14 para R$ 10,40, permanecendo quase dois anos completos – dado que o IPO ocorreu em julho de 2019. No seu pico, os papéis chegaram a valer mais de R$ 82.
Agora, as ações dão lugar às BDRs do Banco Inter, que são ativos que representarão as ações americanas. O investidor pode encontrá-las buscando pelo ticker INBR31.
Os BDRs fecharam em alta de 1,92%, a R$ 21,20, nesta segunda.
Assim, a partir do dia 22, quarta-feira, os BDRs constarão dos extratos dos acionistas do Inter que não tenham alienado ações do banco das quais eram titulares no dia 17.
Já na quarta-feira os acionistas que tiverem recebido BDRs poderão, a qualquer tempo, solicitar a conversão dos BDRs para ações do Banco Inter de Classe A (INTR) nos EUA.
Conforme estabelecido nos documentos arquivados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o acionista pôde escolher entre ‘sacar’ o dinheiro que era das suas ações e receber BDRs para substituir os papéis que detinha e, agora, seriam deslistados para a migração para a Nasdaq.
Vale lembrar que, para que a conversão dos BDRs, o acionista deve ter uma conta válida junto a uma corretora de valores nos Estados Unidos para poder destinar as ações que serão ‘trocadas’ pelos BDRs.
Segundo o informe do Banco Inter, para que o acionista receba ações INTR, deverá registrar solicitação na B3 até o próximo dia 22, às 13h. Isso pois no dia 23 de junho ocorrerá a primeira negociação na Nasdaq.
Banco Inter alcançou ‘teto do saque de ações’
Na sua ida aos EUA, o banco movimentou um volume de R$ 1,13 bilhão com as suas opções de cash-out – que é quando o acionista prefere receber o valor das suas ações em dinheiro.
Vale lembrar que o acionista que não decidiu entre as duas opções automaticamente receberá o BDR do Banco Inter, já que o cash-out tinha um volume máximo de limite de 10% do capital circulante.
O valor que foi movimentado com as opções de cash-out foram justamente esses 10%, segundo levantamento da companhia, atingindo assim o limite.
Entenda a saída do Inter da bolsa
O Banco Inter havia retomado recentemente os planos de sair da bolsa brasileira – com aval dos acionistas em assembleia. Em 2021 o banco tentou migrar para a Nasdaq, mas sem sucesso.
Nesta assembleia mais recente, a maioria (mais de 85%) dos acionistas do Banco Inter optou pela listagem na Nasdaq, incluindo uma reorganização societária para a holding Inter&Co – nome da companhia que será listada em Wall Street.
“A migração das ações para a Nasdaq vai fortalecer nosso posicionamento como uma empresa de tecnologia global, além de nos dar acesso ao mercado de capitais mais maduro do mundo e abrir fontes de receitas à medida em que a empresa continuar seu sólido ritmo de crescimento”, disse João Vitor Menin, CEO do Inter.
O executivo frisa o movimento pois, além de a bolsa americana oferecer algumas vantagens – como captações em dólar e um eventual carrego cambial -, a estratégia do Inter também visa replicar seu modelo de negócio internacionalmente.
Sobre a holding e o resultado da reorganização, Bruno Bandiera e Eduardo Nishio, analistas da Genial Investimentos, explicam que a reorganização societária propõe a incorporação de todas as ações de emissão do Inter por sua controlada, a Inter Holding Financeira, com a inclusão dos acionistas do Inter.
“A operação possibilitará ao Banco Inter levantar capital mantendo a estrutura de controle. Após a reorganização, serão emitidas dois tipos de ações listadas nos EUA. As classe A, que serão o lastro dos BDRs, vão conferir ao detentor 1 voto por ação. As classe B, resguardadas aos acionistas controladores do Inter, vão conferir 10 votos por ação”, explicam.
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