Banco Inter (BIDI4): prévia do 1T22 traz ‘números preocupantes’ e ações caem mais de 8%; entenda
O BTG Pactual (BPAC11) divulgou nesta terça-feira (12) sua análise sobre a prévia de resultados do primeiro trimestre de 2022 do Banco Inter (BIDI4). O relatório aponta uma leitura mista dos números apresentados. Mas os pontos negativos da prévia operacional pesaram mais na repercussão do mercado e abalaram o desempenho do banco nesta terça (12) no Ibovespa: as ações BIDI11 despencaram 8,54%, para R$ 16,70, maior queda do índice, e as preferenciais caíram 8,09%, para R$ 5,68.
Os analistas do BTG acreditam que, apesar de KPIs (Indicador-chave de desempenho) encorajadores, o nível de inadimplência do Banco Inter aumentou mais do que o esperado. Outro ponto de preocupação para o BTG foi a originação de empréstimos, que mostrou grande desaceleração contra mesmo período em 2021.
“Dada a combinação de NIM de crédito pressionado e maior provisões e despesas com pessoal, esperamos que o ROE recorrente permaneça próximo de zero no 1º semestre de 2022, o que não deve ajudar a ação em um ambiente onde os investidores cada vez mais exigente quando se trata de entender como o Inter entregar uma linha de fundo mais forte”, diz o relatório. O BTG espera que a ponte para construir um ROE mais alto seja realizada e explicada em detalhes.
A recomendação ainda é de compra das ações do Banco Inter, no preço alvo de R$ 30, nos próximos 12 meses.
“Vemos o Banco Inter como uma das melhores plataformas para pessoas físicas do país, com forte marca que é bastante capaz de atrair grandes somas de depósitos, vários produtos e um ótimo UX. Portanto, reiteramos nossa classificação de compra”, mostra o texto.
Mas o BTG ressalta: há dificuldades em imaginar uma reclassificação acontecendo se o Inter não mostrar sinais claros de monetização. Veja os pontos feitos pelos analistas.
BTG destaca os números da prévia do Banco Inter
Pontos positivos
- Números de clientes atingindo 18,6 milhões foi positivo, com a média de abertura de 37 mil contas por dia útil, em linha com o trimestre anterior;
- Média de depósitos de R$ 1,1 mil por conta, cerca de R$ 20,5 bilhões em depósitos totais;
- Transações totais em cartões foi de R$ 14,1 milhões;
- Número de emissões de cartões subiu para 5,8 milhões.
Além disso, o banco também anunciou que fechou um novo acordo de incentivo estratégico de longo prazo com o Mastercard com potencial para melhorar a eficiência na operação de cartões em 45% nos próximos 5 anos.
Pontos neutros
O segmento de seguros apresentou “números decentes”, conforme o BTG, vendendo 195 mil produtos de seguros (+32% a/a) e encerrando o trimestre com 915 mil apólices ativas (+149% a/a e 5% abaixo da expectativa);
Os clientes segurados passaram a representar 4,9% da base de clientes, e o Banco Inter atingiu R$ 44 milhões em prêmios de seguros no trimestre, um aumento de 26% na comparação anual. No que diz respeito aos produtos do consórcio, as vendas atingiram R$ 87,5 milhões, um aumento de 125% ante 1T21.
“Além disso, a aquisição da USEND trouxe à Inter um portfólio operacional de produtos e serviços transfronteiriços”, afirmam os analistas.
O TPV de remessas ultrapassou US$ 200 milhões no primeiro trimestre, com o pico de relatórios bancários de mais de 3 mil contas globais abertas por dia.
Eles explicaram que a conta global ainda não está totalmente integrada com o Inter App. Como lembrete, o Inter oferece contas com pagamento de contas, ACH, transferências bancárias, cartões de débito, cartões-presente e telefone celular recargas para residentes nos EUA.
Pontos negativos
A subscrição/originação de crédito caiu 26% contra o trimestre imediatamente anterior, para R$ 4,5 bilhões, ainda uma alta de 22% na base anual, com empréstimos de PMEs como o principal destaque positivo.
“O ritmo de crescimento desacelerou principalmente devido a uma queda na originação de crédito pessoal (principalmente consignado) e crédito imobiliário”, aponta o relatório. No primeiro aspecto, houve redução de 53% no trimestre, e no segundo, queda de 12%.
“No entanto, sinalizamos que o limite regulatório de empréstimo consignado (baseado na renda individual) diminuiu no início do ano, e o primeiro trimestre do ano costuma ser mais fraco para originação devido à sazonalidade”, afirmam os analistas.
Em relação à inadimplência, ponto negativo principal para o BTG, o relatório destaca que o total de inadimplência de 90 dias atingiu 3,3% (aumento de 70 bps no ano e 10bps acima do esperado para o banco de investimentos).
Com ROEs provavelmente sob pressão nos próximos trimestres, os analistas não esperam uma reação positiva do mercado, já vista nesta terça-feira (12), com as units do Banco Inter despencando mais de 8%.
“Dado que os investidores estão cada vez mais focados em entender como e quando a Inter vai se tornar mais rentável, acreditamos que a reação do mercado à desaceleração do crédito a originação e os NPLs crescentes estarão longe de ser bons”, diz o texto.
Na opinião do BTG, para que a ação volte a subir, o Banco Inter precisa explicar essa ponte para a lucratividade de forma mais clara, mostrando como pretende alcançar um ROE que sustente o crescimento do banco.
“Afinal, o Banco Inter não queima dinheiro, mas vem queimando capital dado o forte crescimento de seus ativos, enquanto a rentabilidade permanece baixa (índice BIS caindo rapidamente). O estoque caiu cerca 80% desde seu pico (R$ 85 em julho de 2021), o poder de diluição dos acionistas controladores da companhia é agora muito inferior a 9 meses atrás”, apontam.