O Banco Inter (BIDI11), que está de saída da bolsa de valores brasileira, movimentou um volume de R$ 1,13 bilhão com as suas opções de cash-out – quando o acionista prefere receber o valor das suas ações em dinheiro. A informação foi divulgada em Comunicado ao Mercado arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na segunda-feira (23) após o pregão.
Os acionistas do Banco Inter tinham até o dia 20 para informar se prefeririam receber BDRs ou dinheiro no lugar das ações BIDI11 ou BIDI4 que serão deslistadas, já que a fintech migrará a sua base societária para os Estados Unidos, negociando seus papéis na Nasdaq.
Quem não decidiu entre as duas opções automaticamente receberá o BDR do Banco Inter, já que o cash-out tinha um volume máximo de limite de 10% do capital circulante.
O valor que foi movimentado com as opções de cash-out foram justamente esses 10%, segundo levantamento da companhia, atingindo assim o limite.
Segundo o Inter, até o fim da Reorganização Societária, “será vedada a negociação, pelos Acionistas Legitimados, das ações de emissão do Inter por eles detidas que tenham sido validamente alocadas à Opção Cash-Out“.
A opção de cash-out foi disponibilizada apenas para donos de ações em custódia em 15 de abril de 2022. Quem adquiriu os papéis no pregão seguinte já não teve direito a essa opção.
O Banco Inter pagou o cash-out com base na média ponderada dos últimos 30 dias de negociação antes do anúncio, equivalente a R$ 19,35 por unit.
Entenda o que está acontecendo com as ações do Banco Inter
A fintech retomou recentemente os planos de sair da bolsa brasileira – com aval dos acionistas em assembleia. Em 2021 o banco tentou migrar para a Nasdaq, mas sem sucesso.
Na assembleia, a maioria (mais de 85%) dos acionistas do Banco Inter optou pela listagem na Nasdaq, incluindo uma reorganização societária.
Com a operação feita, todas as ações do Banco Inter deixarão de ser negociadas na bolsa de valores brasileira e estarão disponíveis somente na Nasdaq.
Assim, o investidor brasileiro poderá utilizar BDRs, como ocorre com outras companhias listadas no exterior, a exemplo da XP Investimentos (XPBR31).
“A migração das ações para a Nasdaq vai fortalecer nosso posicionamento como uma empresa de tecnologia global, além de nos dar acesso ao mercado de capitais mais maduro do mundo e abrir fontes de receitas à medida em que a empresa continuar seu sólido ritmo de crescimento”, explica João Vitor Menin, CEO do Inter.
Além de a bolsa americana oferecer algumas vantagens – como captações em dólar e um eventual carrego cambial -, a estratégia do Inter também visa replicar seu modelo de negócio internacionalmente.
“A reorganização societária propõe a incorporação de todas as ações de emissão do Inter por sua controlada, a Inter Holding Financeira, com a inclusão dos acionistas do Inter. A operação possibilitará ao Inter levantar capital mantendo a estrutura de controle. Após a reorganização, serão emitidas dois tipos de ações listadas nos EUA. As classe A, que serão o lastro dos BDRs, vão conferir ao detentor 1 voto por ação. As classe B, resguardadas aos acionistas controladores do Inter, vão conferir 10 votos por ação”, afirmam Bruno Bandiera e Eduardo Nishio, analistas da Genial Investimentos.
Segundo o parecer da corretora, a estrutura possibilita aos controladores realizarem mais ofertas de ações sem perder o controle do banco e, por consequência, levantar mais capital para financiar o crescimento.
A recomendação da Genial é de compra, com preço-alvo de R$ 39,50, potencial de alta de mais de 100%.
“A operação fortalece nossa tese: consideramos uma forte necessidade de capital para sustentar o crescimento de carteira de crédito do Banco Inter, que acreditamos ser capaz de avançar acima dos 50% a/a em 2022″, diz relatório da corretora.