A ação do Banco Inter (BIDI4) registrou forte queda nesta quarta-feira (29), na contramão de growth stocks como Méliuz (CASH3) e de papéis do setor financeiro, incluindo Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4). A desvalorização da fintech marca o terceiro pregão consecutivo de perdas e indica o humor com o qual investidores têm analisado a ação.
No fechamento, a ação do Banco Inter recuou 3,70%, cotada a R$ 16,65. O papel ordinário teve baixa de 2,50%, caindo para R$ 16,40, enquanto a unit desvalorizou 2,84%, atingindo R$ 50,30.
O desempenho dos ativos contrastou com a recuperação experimentada pelo Ibovespa hoje depois do dia negativo na véspera, quando o índice acionário despencou 3%. Nesta quarta-feira, o benchmark apresentou alta de 0,89% e foi a 111.106,83 pontos. Ao mesmo tempo, ações do Itaú e Bradesco subiram 1,8%, enquanto Méliuz avançou 3,8%.
Na avaliação de Rodrigo Barreto, analista da Necton Investimentos, a cotação do Banco Inter está sofrendo com a abertura das curvas de juros e, concomitantemente, com o aumento dos prêmios de risco.
As taxas de juros têm sido puxadas por:
- alta nos rendimentos dos Treasuries;
- potencial início do tapering;
- política monetária do Banco Central (BC);
- o avanço do dólar ante o real;
- a piora na perspectiva do cenário fiscal;
- o aumento da inflação.
Na prática, isso encarece o custo de crescimento, crucial para uma ação de growth como BIDI4, e eleva a taxa de desconto, penalizando o preço do papel.
Banco Inter poderia estar passando por uma crise de confiança
Outra hipótese que se levanta no mercado é a de uma possível reação negativa dos investidores a uma nota do Broadcast sobre a intenção da fintech de fazer provisionamento extraordinário de crédito no próximo balanço.
O Banco Inter negou na terça-feira (28) que “existam fundamentos para tal nota” e reforçou o compromisso com as melhores práticas quanto à divulgação de informações relevantes acerca de seus negócios.
A notícia de que a Stone, adquirente com quase 5% de participação no Banco Inter, reportar um prejuízo de R$ 150,3 milhões no segundo trimestre também prejudica os papéis do banco digital. De acordo com o Valor Econômico, o problema surgiu devido ao novo sistema de registro de recebíveis, implantado em junho.
BIDI despenca em setembro
No acumulado de setembro, a ação preferencial do Banco Inter (BIDI4) registra desvalorização de 24,37%. A ordinária tem queda de 30,94 e a unit, de 26,65%.
