Recentemente, o Inter (BIDI11) retirou a palavra “banco” do seu nome. Não à toa, a empresa além de querer mostrar um ar sofisticado de que é muito mais que uma instituição financeira, também quer deixar claras as suas aspirações internacionais.
Em uma robusta expansão de negócios, o antigo Banco Inter quer fazer do seu marketplace o carro chefe daqui para frente, levando a ferramenta à Europa e Estados Unidos.
No território norte-americano, a plataforma Go Inter chegou em março. Lá, é possível comprar nas lojas estadunidenses parceiras e ainda receber cashback direto na sua conta no exterior, de 45 a 120 dias.
Com um início tímido, ainda antes da empresa anunciar sua meta de abrir capital na Nasdaq e mudar a estrutura societária, agora a plataforma conta com lojas, contando com as gigantes BestBuy, Macy’s, Carters, além da aérea Qatar Airways e as redes de hotéis Marriott e Hilton.
A visão da instituição é de que a dinâmica de ecossistema construída no Brasil pode ser replicada em outras geografias, segundo Helena Caldeira, diretora financeira da companhia, em entrevista ao Pipeline, do jornal Valor Econômico.
No Velho Continente, o Inter deve desembarcar primeiramente da península ibérica. Segundo Caldeira, na entrevista, já há um responsável por demarcar o terreno da instituição em Portugal. Os vizinhos da América Latina devem ser alcançados pelo time baseado no Brasil.
Nos Estados Unidos, Inter mexe com gente grande
A entrevista publicada pelo Pipeline reporta que o objetivo do Inter em adentrar todos esses mercado é formar uma plataforma com sellers locais.
Com isso, a fim de ter rapidez nos processos, o rompimento das fronteiras brasileiras foi feito com um produto não regulado. Entretanto, a atuação nos Estados Unidos terá como entrave — ou incentivo — a concorrência da Amazon (AMZN34), colosso varejista que hoje vale US$ 1,86 trilhão.
A família Menin, controladora do Inter, quer competir com a combinação do shopping virtual com produtos financeiros: seguros, crédito e serviço bancário.
A família, inclusive, tem conhecimento de causa sobre o mercado estadunidense, mesmo que em outra vertente. Ela fundou a incorporadora AHS, a qual era diretamente ligada à família, e agora está sob o guarda-chuva da MRV (MRVE3).
O foco da empresa, todavia, continua sendo o mercado brasileiro. As operações, inclusive, recentemente receberam um novo gás com o crescimento de contas para PJ e abertura do aplicativo para não correntistas que querem fazer uso do marketplace.
Cerca de 18% dos 10 milhões de clientes usaram o shopping do Inter nos últimos 12 meses, mostrando que ainda há muita grama para cortar. “Ainda é uma penetração bem aquém do que achamos que pode ter”, afirmou a CFO ao jornal.
O sonho da internacionalização passa pela listagem dos papéis na Nasdaq, o que pode dar mais visibilidade à marca. A mudança de Bolsa está pendente de uma série de eventos societários, os quais o Inter prevê que sejam concluídos até o fim de 2021.