O Banco do Brasil (BBAS3) anunciou nesta segunda-feira (13) que registrou no quarto trimestre de 2022 (4T22) lucro líquido ajustado de R$ 9 bilhões, correspondendo a um avanço de 52,4% em relação ao mesmo período de 2021. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o crescimento foi de 7,65%.
O resultado veio acima das projeções do mercado. O consenso Bloomberg, por exemplo, projetou que o Banco do Brasil reportaria um lucro de R$ 8,11 bilhões.
No acumulado de 2022, o lucro líquido ajustado do Banco do Brasil foi de R$ 31,8 bilhões. O valor representa uma alta de 51,3% em relação ao acumulado do ano anterior.
Na comparação com o trimestre anterior, o resultado do BB é explicado pelos seguintes fatores:
- alta de margem financeira bruta (+9,7) e de outras receitas operacionais (+64,6%);
- elevação das despesas com PCLD ampliada (+44,7%);
- crescimento das despesas administrativas (+6,1%) e das outras despesas operacionais (+13,3%).
“O resultado do Banco do Brasil foi alicerçado no crescimento responsável da carteira de crédito, com inadimplência controlada, no fortalecimento da geração e diversificação de receitas e na disciplina na gestão de custos, tudo isso somado a uma sólida estrutura de capital”, destacou a instituição em nota.
Mais números do BB
O balanço do Banco do Brasil no 4T22 também mostra que a margem financeira bruta da companhia foi de R$ 21,5 bilhões, índice utilizado para mensurar o resultado com operações com rendimento de juros. Foi uma alta de 9,7% frente ao 3T22. No ano, foram R$ 73,4 bilhões, alta de 23,8% em relação ao acumulado de 2021.
Ainda segundo o balanço do Banco do Brasil, a carteira de crédito ampliada foi de R$ 1,004 trilhão no período, o que representa uma alta de 14,8% ao 4T21 e de 3,7% na comparação com o trimestre anterior. Já o retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) em 2022 cresceu 23,0% no último trimestre de 2022.
Além disso, os acionistas do Banco do Brasil obtiveram R$ 11,8 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio referentes ao resultado de 2022, equivalente a um payout de 40%. Confira abaixo mais números:
- Carteira ampliada Pessoa Física: R$ 289,6 bilhões no 4T22, crescimento de 2,7% no trimestre e 9,0% no ano.
- Carteira ampliada Pessoa Jurídica: R$ 358,5 bilhões no 4T22, incremento trimestral de 1,1% e de 12,8% em 12 meses.
- Inadimplência sob controle: INAD +90d (relação entre as operações vencidas há mais de 90 dias e o saldo da carteira de crédito classificada) atingiu 2,5% em dezembro de 2022.
- Receitas: Receitas de Prestação de Serviços somaram R$ 32,3 bilhões em 2022, crescimento de 10,2% no ano.
- Despesas: Despesas Administrativas cresceram 5,6% na comparação anual, abaixo da inflação acumulada em 12 meses.
Ao final do trimestre, a inadimplência da carteira do BB era de 2,51%, considerando os atrasos acima de 90 dias, contra 2,34% no terceiro trimestre e 1,75% no mesmo período de 2021.
Ao final de dezembro, a carteira de crédito do banco público era de R$ 1,004 trilhão, saldo 14,8% maior que no mesmo mês de 2021 e também acima do registrado em setembro (R$ 969,2 bilhões).
O banco colheu R$ 21,451 bilhões em margem financeira, que mede o resultado com operações que rendem juros. É uma alta de 44,9% em um ano. A margem com clientes foi de R$ 30,889 bilhões, 40,4% maior que no mesmo intervalo de 2021, e 7% maior em três meses.
O resultado da tesouraria, por sua vez, foi de R$ 10,937 bilhões, alta de 140,5% em um ano, e alta de 7,7% em um trimestre. De acordo com o banco, o resultado foi justificado principalmente pelo crescimento do resultado da carteira de títulos de renda fixa. O spread global ajustado pelo risco do BB foi de 4,7% no trimestre, avanço de 1,2 ponto porcentual em um ano, e de 0,5 ponto em três meses.
As receitas com serviços somaram R$ 8,437 bilhões nos três últimos meses do ano passado, alta de 7,9% no comparativo anual, e baixa de 1,0% no trimestral.
O patrimônio líquido do Banco do Brasil ficou em R$ 163,588 bilhões, alta de 12,9% em um ano. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) ajustado, chamado pelo BB de RPSL, foi a 22,7%, contra 16,3% no fim de dezembro de 2021 e 21,5% no fim de setembro de 2021.
Provisão à Americanas
O Banco do Brasil destacou o provisionamento de R$ 788 milhões (50% da exposição ao ativo) a uma “empresa do segmento large corporate que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023″. Assim como o Bradesco (BBDC4) e o Itaú (ITUB4) fez nos documentos sobre o desempenho operacional do 4T22, o banco se refere à Americanas (AMER3).
Os desdobramentos do caso estão sob monitoramento constante e o volume de provisão acompanhará a evolução das negociações.
Segundo o balanço do Banco do Brasil, desconsiderando esse evento, o lucro líquido seria de R$ 9,4 bilhões no trimestre, equivalente a um RSPL anualizado de 23,4%.
Desconsiderando o evento subsequente, o lucro líquido do Banco do Brasil ajustado de 2022 seria de R$ 32,2 bilhões, enquanto se fosse realizada 100% de provisão para o caso, em uma simulação, o valor teria sido de R$ 31,4 bilhões no ano.
Projeções para 2023
Junto aos resultados do 4T22, o Banco do Brasil também publicou o seu guidance para 2023. O lucro líquido ajustado previsto para o ano será entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões. Já a margem financeira bruta deve avançar entre 17% a 21%.
Ainda segundo o guidance do Banco do Brasil, a carteira de crédito deve crescer entre 8% a 12% — com uma variação de 7% a 11% para pessoas físicas e jurídicas, e de 11% a 15% para o agronegócio.
A receita de serviços do Banco do Brasil, segundo a projeção para 2023, é de alta de 7% a 11%. Já a despesa com provisão para crédito ampliada será entre R$ 19 bilhões e R$ 23 bilhões.
Com informações do Estadão Conteúdo