O Banco do Brasil (BBAS3), pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro, deverá reavaliar as medidas de redimensionamento estrutural anunciadas na última segunda-feira (11). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com o jornal, a mudança de postura do Banco do Brasil frente às mudanças é apenas uma hipótese, já que Bolsonaro não havia feito nenhuma exigência em si, mas buscava uma solução mais radical: a demissão de André Brandão, presidente da instituição. O mandatário, porém, voltou atrás.
Executivos da estatal entendem que para que as medidas anunciadas sejam revogadas, será necessário o enxugamento de despesas em outras áreas. De uma forma ou outra, a avaliação do mercado é de que está ocorrendo uma interferência política no banco, conforme aponta o jornal.
O plano de reestruturação do plano deixou Bolsonaro extremamente insatisfeito, não só por não ter sido avisado, mas porque a medida é considerada negativa para a popularidade do governo, segundo apontou O Globo na última quinta-feira (14).
Interlocutores das discussões dizem que pode ser encontrada uma saída para que o projeto de redimensionamento do banco fique aceitável do ponto de vista do governo, mas que mantenha o intuito de corte de custos e procura por eficiência do Banco do Brasil.
O banco entende que não faria sentido mudar os dois planos de desligamento, já que os processos serão voluntários. Já a parte que possui mais chance de flexibilização é o de fechamento de agências. Parlamentares entendem que o BB pode reavaliar quais das 361 unidades físicas podem ser mantidas.
A inteferência de Bolsonaro é preocupante do ponto de vista do banco. Diferentemente da Caixa Econômica Federal, que é controlada em sua totalidade pelo governo, o Banco do Brasil possui capital misto, é cotada em Bolsa, e tem metas de governança e eficiência. Para se manter competitiva perante seus pares, as medidas anunciadas seriam de grande importância.
Bolsonaro foi convencido pela permanência de Brandão após conversas com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, e Paulo Guedes, da Economia. Guedes, inclusive, foi avisado de forma antecipada do plano. A pasta econômica apoia as medidas.
Banco do Brasil prevê economia e otimização
De acordo com a direção da estatal, a economia líquida anua estimada com despesas administrativas geradas pelas ações anunciadas é de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025.
A companhia pretende expandir sua capacidade de assessoramento gerenciado aos clientes, “ampliando o relacionamento e os negócios e potencializando a satisfação e fidelização”.
“A reorganização da rede de atendimento objetiva a sua adequação ao novo perfil e comportamento dos clientes e compreende, além das medidas de otimização de estrutura, outros movimentos de revisão e redimensionamento nas diretorias, áreas deapoio e rede, privilegiando a especialização do atendimento e a ampliação da oferta de soluções digitais”, diz o documento do Banco do Brasil.