Um dos temores do mercado financeiro é o de que com a mudança no governo também ocorra uma alteração nos rumos das empresas estatais, como o Banco do Brasil (BBAS3). Tarciana Medeiros, presidente da instituição financeira, é enfática ao dizer ao jornal O Estado de São Paulo que a empresa “não atua em mudanças bruscas de rota”.
“O jeito de convencer o mercado [de que não haverá essa mudança] é sendo disciplinado na condução dessa estratégia. Pretendemos adicionar à estratégia essas premissas, de atuação em cadeia, entender os diversos públicos e nichos únicos para atuação específica quando necessário”, disse Tarciana.
Segundo a presidente do Banco do Brasil, talvez a instituição nunca consiga tirar essa desconfiança dos agentes econômicos. “Mas trazendo resultados do tamanho que o BB é capaz de produzir e respeitando a base de acionistas sem deixar de atender ao acionista majoritário, eu acredito que serão próximos passos que trarão mais confiança”.
“Nesse momento em que o mercado tem sofrido muito e o BB se mantém firme, trimestre após trimestre, trazendo resultados robustos, sem ter de explicar coisas que não sejam as que também afetaram o mercado, essa confiança tende a se elevar”, reforçou.
O banco não atua em mudanças bruscas de rota. Sempre se tem uma ansiedade: mudou o governo, mudou o presidente do Banco do Brasil, o Banco do Brasil agora vai fazer… Não. O Banco do Brasil não é assim. Essa disciplina de execução de estratégia é uma característica do Banco do Brasil.
Juros altos impactam economia
Tarciana Medeiros preferiu não comentar sobre as atitudes do Banco Central (BC) para que a taxa de juros siga elevada, mas ponderou que a manutenção deste patamar em níveis altos por um tempo prolongado “torna insustentável a atividade produtiva”.
“Se observamos a economia de qualquer país que tenha a taxa de juros muito elevada, com o tempo empobrece. Chega a um nível em que é necessário que se retraia a taxa de juros. E eu acredito que as condições para que isso aconteça já estão postas, ou se desenhando. Nosso anseio é que, a partir do segundo semestre, consigamos ter juros caminhando para patamares mais aceitáveis para que consigamos fazer mais e mais negócios”, detalhou.
Na pauta da gestão do BB, uma das últimas movimentações foi a eleição de Gabriel Galípolo para a presidência do Conselho de Administração (CA) do banco. Contudo, o atual “número 2” do Ministério de Fazenda também está indicado para a diretoria do BC.
Segundo Tarciana, Galípolo foi indicado à presidencia do CA do BB antes da movimento rumo ao BC. “No caso do Gabriel assumir no BC, nós não teremos prejuízo de andamento na governança do banco. Depois da sabatina, quando ele for tomar posse no BC, precisaremos fazer uma nova eleição para eleger um vice-presidente”, comentou.
Assim, caso essa movimentação ocorra, a atual vice-presidente do CA, Anelize Almeida, assume a presidência. Além disso, a presidente do BB reforçou que ainda não existe uma indicação do governo para quem será o indicado do Governo para esse posto de Galípolo no Banco do Brasil: “Muito provavelmente será o próximo secretário-executivo”.