A renúncia do presidente do Banco do Brasil (BBAS3), André Brandão, é negativa para o futuro da empresa. No entanto, a saída do executivo já está precificada e as ações estão em um bom momento de entrada. Essa é a visão da XP Investimentos após o fato relevante divulgado pelo banco na última quinta-feira (18).
A corretora recomenda a compra dos papéis do Banco do Brasil, com um preço-alvo de R$ 43. Com base na cotação atual, o potencial upside é de aproximadamente 43%, “pois acreditamos que haja uma assimetria positiva com o banco negociando a um atraente valor patrimonial e dividend yield para 2021″, diz a XP Investimentos em relatório.
O analista Marcel Campo argumenta que as ações do BB já caíram mais de 20% neste ano, “o que acreditamos ter sido fortemente afetado por essas especulações e precificando parcialmente o movimento”. “O evento dificilmente será surpresa para os investidores, já que a renúncia vem sendo especulada pela mídia há semanas.”
O governo, inclusive, já escolheu o novo CEO: Fausto de Andrade Ribeiro, presidente da BB Administradora de Consórcios. “Ele tem uma longa carreira no banco ocupando uma gama diferente de cargos de alto nível”, comenta a XP.
A saída de André Brandão, que possui mais de 30 anos de experiência no setor e é bem recebido tanto pelos investidores quanto pela administração do banco, contudo, pesa sobre as ações neste pregão. Por volta das 11h desta sexta-feira (19), os papéis do Banco do Brasil caem quase 1%.
O executivo, que era head de Global Banking e Markets para as Américas do HSBC, ficou apenas sete meses no cargo. Ele foi nomeado presidente do BB em agosto de 2020 e, após divulgar um plano de redimensionamento da instituição em janeiro, entrou no alvo do presidente Jair Bolsonaro.
Saída do Banco do Brasil acontece por falta de sintonia com o governo, diz Guide
Em comentário sobre a saída de Brandão, a corretora Guide disse que a renúncia do CEO ocorreu “por falta de sintonia com o presidente Bolsonaro”.
“O executivo entrou na mira do presidente após Bolsonaro tomar conhecimento de um plano de restruturação que fecharia várias agências do banco”, diz a corretora. “A prática tem se tornado comum na indústria na medida que bancos embarcam em processos de digitalização.”
“Agora, o mercado deve ficar no aguardo da decisão do restante do Conselho, que além de estarem insatisfeitos coma saída de Brandão, desaprovam do nome do seu sucessor”, pontua a Guide.
Há cerca de duas semanas, conselheiros do Banco do Brasil se manifestaram a favor de Brandão e gostariam de sua permanência na instituição. Em reunião extraordinária, eles defenderam a “continuidade da gestão de excelência” do executivo à frente do banco.
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