Recentemente o Banco do Brasil (BBAS3) elevou seu payout (percentual do lucro distribuído na forma de proventos) para 45%, movimento que foi bem visto pelo mercado e acompanha uma onda de otimismo para o setor financeiro – e mais especificamente para a companhia em questão, que vive um momento áureo de alta rentabilidade.
Tiago Reis, Fundador e Chairman da Suno, destaca que esse patamar de dividendos do Banco do Brasil, além de muito atrativo, deve ser somente o começo de um futuro com distribuições cada vez maiores aos acionistas.
A explicação se dá pela trajetória do crescimento da carteira de crédito – movimento que pode impulsionar os proventos de BBAS3.
“Eu sou o primeiro analista que está falando isso: esses 45% devem ser piso para os próximos anos. Isso é fruto dos nossos estudos, não tem nenhuma informação obtida através da empresa, o guidance é 45%, mas pensamos que deve aumentar nos próximos anos”, afirma Tiago Reis.
O especialista explica que considera o número “factível” e destaca que esse fenômeno de aumento no payout já foi visto no setor no passado.
“Já vimos alguns bancos fazerem no passado. Lá em meados de 2016 as carteiras de crédito não cresciam tanto e os bancos tinham uma base de capital muito grande, o que os permitia distribuir muitos dividendos“, explica.
“[Agora] o Itaú está fazendo isso, o Banco do Brasil também está: tem aumentado o seu payout, e por quê? Por que são extremamente rentáveis, altamente capitalizados e que não precisam mais de capital lá dentro, portanto retornam aos seus acionistas”, completa.
Tiago Reis ainda cita o fato de que o principal acionista do BB é o Governo Federal, que tem um desafio para alcançar seus objetivos de sustentabilidade fiscal.
Nesse cenário, o banco pode ajudar contribuindo com dividendos para bater as metas de déficit zero para este ano e de superávit para os próximos anos.
Quebras de safra no agro podem afetar dividendos do Banco do Brasil?
Recentemente a presidente do banco, Tarciana Medeiros, deu declarações para tranquilizar o mercado acerca das quebras de safra que têm acontecido no segmento do agronegócio.
No evento Bloomberg New Voices, o qual o Suno Notícias esteve presente, Medeiros chamou atenção para o fato de que o agro é ‘muito diverso’ e que apesar dos problemas recentes, o banco não deve sofrer impactos drásticos e isso não deve configurar um obstáculo para a companhia entregar seu guidance.
Em linha com as falas da CEO, Tiago Reis chama atenção que esse cenário, de fato, não deve elevar substancialmente a inadimplência da empresa – que tende a ser muito pequena, aliás.
“O agro é muito grande. Tem setores indo bem e outros nem tanto. Cacau está excelente, como exemplo, ou o setor de carnes. O setor de soja, por sua vez, tem desafios muito grandes, por fatores climáticos, registrando quedas de até 50% nas produções, e também por conta do preço da soja, que caiu forte nesse ano”, explica.
“Fizemos alguns estudos aqui na Suno e vimos que apesar do número de recuperações judiciais no agro terem crescido, eles são pequenos perto do todo. No caso dos Banco do Brasil, a carteira de crédito é 30% atrelada ao agro, e nos últimos anos o pior ano da carteira registrou inadimplência de 3%, que é considerada baixa”, completa.
Por fim, o especialista ainda destaca que a companhia tem muitas linhas de negócio e está longe de ser “somente agro”, apesar de estar fortemente associada ao setor.
“Temos que lembrar que existem várias áreas com enorme importância, como por exemplo uma gestora de recursos que é muito rentável, com aproximadamente R$ 1,5 trilhão sob administração, e isso traz um resultado relevante”, conclui sobre o Banco do Brasil.