Na esteira do cenário político conturbado, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram cerca de 15% nos últimos 30 dias. Analistas revisam as teses sobre os papéis em meio às sinalizações recentes.
Os papéis sofreram quedas em um contexto generalizado de retração de estatais após o resultado das eleições. Além do Banco do Brasil, a Petrobras (PETR4) caiu 33% nos últimos 30 dias.
Phil Soares, CFA e chefe de análises de ações da Órama Investimentos, relata, em entrevista ao Suno Notícias, que espera uma deterioração nos números do banco estatal nos próximos anos.
“Independentemente da Lei das Estatais, acreditamos que haverá uma deterioração dos números do Banco do Brasil e da Petrobras. Isso ocorre muito em função de tomadas de decisão que não são voltadas para a lucratividade e para o bom funcionamento da companhia”
O especialista destaca que no Brasil “a vontade política é soberana”, fazendo com que a blindagem regulatória nem sempre funcione.
“Sobre a Lei das Estatais, temos como exemplo a PEC do Teto. Ela foi colocada como algo institucional e para não ser violada. O que vemos é que ela não sobreviveu três ou quatro anos. A lei das estatais é eficaz até que se tenha vontade política para alterá-la”, comenta.
“Acreditamos que por mais uma das funções das estatais seja orientada pelas políticas públicas, não se pode perder o horizonte da lucratividade”, acrescenta.
No momento, Phil aponta que o mercado observa como será a dinâmica entre executivo e legislativo e mantém as declarações de Lula no radar – especialmente as que mexem com o arcabouço fiscal.
Dividendos do Banco do Brasil
O pregão desta segunda (21) foi a data de corte para o recebimento de R$ 2,2 bilhões em dividendos do Banco do Brasil.
A estatal pagará dividendos e Juros Sob Capital Próprio (JCP) em 30 de novembro, representando R$ 0,17 por ação e R$ 0,63 por ação, respectivamente.
Segundo dados do Status Invest, as ações do Banco do Brasil, negociadas sob o ticker BBAS3, ostentam um dividend yield (DY) de 12,7%.
Isso, pois o Banco do Brasil pagou R$ 4,39 por ação em proventos no acumulado dos últimos 12 meses.