A XP (XPBR31) removeu as ações de São Martinho (SMTO3) e adicionou os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) em sua carteira “top 10” para o mês de março.
Segundo a casa, as ações da São Martinho devem continuar reagindo mal à alta volatilidade proveniente de um fluxo de notícias negativas da Índia, enquanto uma perspectiva melhor sobre a safra brasileira também deve ser um obstáculo para as ações, o que fez a XP retirar as ações.
Já a adição do Banco do Brasil ocorre em virtude dos sólidos resultados apresentados no 4T23 e da divulgação de um guidance robusto. “O crescimento da carteira de crédito deverá seguir elevado e acima de nossas projeções atuais. Este fator alinhado a melhora do índice de eficiência e baixa inadimplência, irão continuar impulsionando os resultados do banco e mantendo o elevado nível de rentabilidade também em 2024″, disse a XP.
A carteira de ações da XP é composta por 10 papéis que são as ‘top picks’ dos analistas da casa. Nos papéis que compõem a carteira, o banco busca algumas características, como visão de longo prazo, diversificação setorial, ações com valuations atraentes, além de nomes com boas perspectivas de crescimento.
Veja as recomendações da XP para o mês de março:
- Banco do Brasil (BBAS3);
- Copel (CPLE6);
- Equatorial (EQTL3);
- Iguatemi (IGTI11);
- Itaú Unibanco (ITUB4);
- Petrorio (PRIO3)
- Smart Fit (SMFT3);
- Sabesp (SBSP3);
- Vale (VALE3);
- Vivara (VIVA3).
Banco do Brasil (BBAS3): lucro cresce 4,8% no 4T23, para R$ 9,4 bilhões
O Banco do Brasil teve lucro líquido ajustado de R$ 9,4 bilhões no quarto trimestre de 2023 (4T23). No acumulado de 2023, o lucro líquido foi recorde, somando R$ 33,8 bilhões, com crescimento de 8,7% comparado a 2022. Em relação ao terceiro trimestre de 2023, o resultado do banco subiu 7,5%.
O resultado do Banco do Brasil mostra um crescimento de 4,8% na comparação com o quarto trimestre de 2022 (4T22), assim como um aumento de 7,5% em relação ao terceiro trimestre do ano passado (3T23).
O resultado do BB foi impulsionado pelas margens, que equivalem à receita do banco com operações que rendem juros. Uma das alavancas do indicador foi o resultado do Banco Patagonia, controlado pelo banco na Argentina, que teve números mais altos diante do efeito da variação cambial sobre os títulos atrelados ao dólar, em um período de maxidesvalorização do peso argentino. Também houve efeito do crescimento da carteira de crédito do banco.
O banco conseguiu manter inadimplência abaixo dos principais pares do setor privado graças ao menor risco da carteira de crédito, que também cresceu acima da concorrência. Como resultado, observou forte ampliação das receitas.
O BB encerrou o trimestre com R$ 2,172 trilhões em ativos, um aumento de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado, mas uma baixa de 3,4% em três meses. O patrimônio líquido ficou em R$ 173,076 bilhões, alta de 5,5% em um ano. Conforme aponta o balanço do Banco do Brasil, o Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL) chegou a 22,5% no 4T23.
A carteira do BB cresceu 10,3% em um ano, para R$ 1,108 trilhão. As operações que mais cresceram foram as destinadas ao agronegócio, com alta de 14,7% no mesmo período. Cerca de um terço da carteira da instituição é destinada ao agronegócio, segmento que historicamente tem inadimplência mais baixa.
A inadimplência da carteira em dezembro era de 2,9%, pelo critério de atrasos acima de 90 dias, alta de 0,3 ponto porcentual em um ano, e de 0,1 ponto em três meses. Entre os quatro maiores bancos listados do País, foi um dos mais baixos índices.
Um dos fatores que impactaram positivamente o resultado do BB no 4T23 foi o “bom desempenho comercial”, assim como o crescimento das carteiras de crédito e de tesouraria, que ajudaram a elevar a margem financeira bruta, que cresceu 8,8% na comparação anual.
Além disso, o lucro do Banco do Brasil também foi impactado pelas receitas geradas com prestação de serviços que, por sua vez, tiveram influência das linhas de rendas de mercado de capitais, das operações de crédito e da garantia e consórcios.
Por fim, outros fatores que influenciaram no resultado foram o aumento das despesas de PCLD ampliada, com crescimento anual de 32,8% no 4T23, e do maior controle de despesas administrativas, o que, na visão do Banco do Brasil, refletiu a “gestão adequada dos contratos do banco.
“Renovamos o nosso recorde de geração de resultados robustos, calcados pela sustentabilidade na geração de negócios e no relacionamento com nossos clientes”, destaca o relatório de resultados do Banco do Brasil.
Outros resultados do Banco do Brasil
O BB também registrou um lucro contábil de R$ 8,862 bilhões no quarto trimestre do ano passado, o que representa uma alta anual de 3%.
Já a margem financeira bruta foi de R$ 25,769 no período, com crescimento de 20,1% na comparação com o quarto trimestre de 2022.
O faturamento obtido com a prestação de serviços teve uma alta anual de 3,6% e alcançou a marca de R$ 8,7 bilhões.
No trimestre, a receita do Banco do Brasil com serviços foi de R$ 8,744 bilhões, alta de 3,6% em um ano. O número foi impulsionado pela linha de operações de crédito, com alta de 11,8%, e que somou R$ 728 milhões no último trimestre do ano.
Despesas administrativas são de R$ 9,425 bi no 4º trimestre, alta de 6,4% em um ano
No quarto trimestre do ano passado, as despesas administrativas do Banco do Brasil somaram R$ 9,425 bilhões, número 6,4% maior que o registrado um ano antes. No comparativo com o terceiro trimestre de 2023, houve elevação de 3,6%.
As despesas de pessoal foram de R$ 6,033 bilhões, o que representa aumento de 7,3% em 12 meses, e alta de 5,9% em três. Segundo o banco, o trimestre foi marcado pela contratação de 1.981 novos funcionários, sendo 506 deles para a área de tecnologia. Além disso, houve impacto de dissídio anual.
As demais despesas administrativas somaram R$ 3,392 bilhões, alta de 4,8% em um ano.
Ao todo, o banco tinha 3.992 agências físicas no final do segundo trimestre, um aumento de 9 pontos na comparação com o mesmo período do ano passado. O quadro de funcionários do BB cresceu em 267 postos, para 86.220 funcionários ao todo.
O índice de eficiência do banco público foi de 27,5%, queda de 1,7 ponto porcentual em um ano, e de 0,4 ponto em três meses. Quanto menor o índice, mais eficiente é a operação do banco. O BB é o mais eficiente entre os quatro maiores bancos listados.
Índice de Basileia é de 15,5% no 4º trimestre, queda de 1,2 p.p. em um ano
O Banco do Brasil encerrou o quarto trimestre do ano passado com índice de Basileia de 15,5%, 1,2 ponto porcentual abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior. Em relação a setembro, a variação foi negativa em 0,8 ponto.
O índice de Basileia mínimo exigido dos bancos brasileiros é de 11,5%. O índice mede a solidez financeira dos bancos frente aos compromissos exigidos na carteira de crédito.
O índice de capital de nível 1 do banco, de maior qualidade, estava em 13,9%, uma queda de 0,8 ponto no comparativo anual. Já o índice de capital principal era de 12,1%, 0,1 p.p. maior que 12 meses antes.
BB projeta lucro maior neste ano e crescimento próximo a dois dígitos no crédito
A companhia projeta que a carteira de crédito do BB continuará crescendo próximo de dois dígitos porcentuais neste ano, de acordo com as projeções para 2024 divulgadas nesta quinta-feira, 8, pelo banco. O lucro líquido, por sua vez, também deve aumentar, e pode chegar a R$ 40 bilhões.
O lucro líquido ajustado do BB neste ano deve ficar entre R$ 37 bilhões e R$ 40 bilhões, de acordo com os guidances do banco. No ano passado, o resultado foi de R$ 35,6 bilhões, enquanto as projeções eram de resultado entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões.
A margem financeira bruta do banco deve ter aumento entre 7% e 11%. No ano passado, o indicador avançou 27,4%, contra uma projeção entre 22% e 26%. O número acima do esperado veio com os resultados da tesouraria, em especial do Patagonia, banco que o BB controla na Argentina.
As receitas de prestação de serviços devem aumentar de 4% a 8% neste ano, após um crescimento de 4,6% em 2023. Neste caso, a projeção estava na faixa entre 4% e 8%.
O banco espera que as provisões contra a inadimplência fiquem entre R$ 27 bilhões e R$ 30 bilhões. No ano passado, a despesa foi de R$ 30,5 bilhões, enquanto o BB estimava algo entre R$ 23 bilhões e R$ 27 bilhões. A despesa veio acima das projeções diante do caso Americanas, totalmente provisionado pelo banco, e de outros aumentos de provisão para clientes do segmento empresarial.
Além disso, as despesas administrativas do BB devem ter alta na faixa entre 6% e 10%, estima o BB. No ano passado, o crescimento foi de 7,5%, contra uma projeção de alta entre 7% e 11%.
Segundo o banco, a carteira de crédito deve crescer entre 8% e 12% neste ano. Este crescimento deve ser puxado pelas operações ao agronegócio, com alta entre 11% e 15%. Em pessoas físicas, a carteira deve crescer entre 6% e 10% neste ano. Em empresas, o cálculo aponta para alta entre 7% e 11% em um ano.
No ano passado, a carteira de crédito do BB cresceu 10,5%. A projeção que o banco havia dado ao mercado apontava para crescimento entre 9% e 13% em relação a 2022.
O Banco do Brasil incluiu, nas projeções corporativas, uma projeção para a carteira de crédito sustentável, que inclui operações com enfoque ambiental, social e financiamentos de atividades ou segmentos que tragam impactos socioambientais positivos. A expectativa é de que essa carteira, que é transversal às demais, suba de 5% a 9% neste ano.
*Com informações de Estadão Conteúdo