Banco do Brasil (BBAS3): BBA vê dividendos em xeque

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou resultados do quarto trimestre de 2024 e, de acordo com o Itaú BBA, apesar de manter um desempenho sólido, enfrenta desafios estruturais que podem impactar seu crescimento e distribuição de dividendos nos próximos anos.

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De acordo com os analistas, o banco segue bem posicionado no longo prazo, mas os investidores devem esperar um crescimento mais modesto dos lucros e potenciais revisões no pagamento de dividendos.

Menos sensibilidade à Selic e pressão sobre margens

O Itaú BBA revisou para baixo sua projeção de lucro do BB para 2025, estimando R$ 37,5 bilhões, na parte inferior da faixa guiada pelo próprio banco (R$ 37 a 41 bilhões). O principal fator para essa revisão é uma abordagem mais conservadora em relação às despesas com provisões, refletindo um aumento nos créditos renegociados, que podem pressionar os custos de risco.

Outro ponto de atenção é a menor sensibilidade do BB às mudanças da taxa Selic. Enquanto em ciclos anteriores o banco possuía grande parte de seus ativos alocados em títulos públicos indexados à taxa básica, hoje há uma maior participação da carteira de crédito no total de ativos, com parte significativa em taxas fixas. Ao mesmo tempo, o banco enfrenta um custo de captação mais alto, reduzindo sua capacidade de expandir as margens financeiras.

Qualidade de crédito sob pressão

A inadimplência no Banco do Brasil tem apresentado uma tendência de alta, contrastando com outros bancos incumbentes que já mostram sinais de recuperação. O indicador de NPL (Non-Performing Loans) do BBAS3 encerrou 2024 com alta de 40 pontos-base, puxado principalmente pelo segmento agro e pequenas e médias empresas.

O volume de créditos renegociados cresceu R$ 8 bilhões no ano, um aumento de 22%, enquanto outros grandes bancos reduziram esse saldo. Embora o agronegócio possa apresentar melhora com a recuperação do setor, a crescente exposição a renegociações em crédito para indivíduos e PMEs pode manter os custos de provisão elevados. O Itaú BBA estima que as despesas com provisões fiquem no limite superior do guidance do BB para 2025, entre 6% e 18%.

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Dividendos e rentabilidade em pauta

Um dos pontos que pode afetar a percepção do mercado é a mudança na política de dividendos do Banco do Brasil. Com a divulgação dos resultados do 4T24, o banco ajustou seu payout para um intervalo entre 40% e 45% do lucro, ante os 45% anteriores. A redução pode parecer pequena, mas sinaliza um movimento mais amplo para equilibrar crescimento e distribuição de capital.

O Itaú BBA também chama atenção para os desafios de capital que o BB enfrentará nos próximos anos, incluindo o impacto de regulações (Res. 4966), o pagamento de instrumentos híbridos e mudanças no risco dos ativos ponderados (RWA). Em um cenário de crescimento da carteira de crédito em 10% ao ano e retorno sobre o patrimônio (ROE) entre 18% e 19%, o banco pode precisar reduzir ainda mais o payout para manter seus níveis de capital confortáveis.

Conclusão: recomendação mantida em “Market Perform”

Apesar da avaliação de que o Banco do Brasil segue bem posicionado no longo prazo, os desafios de curto e médio prazo justificam a manutenção da recomendação market perform (neutra) pelo Itaú BBA. O preço justo para as ações do Banco do Brasil estimado para o final de 2025 é de R$ 30, refletindo um múltiplo P/B de 0,8x e P/E de 4x.

O Banco do Brasil oferece um dividend yield de aproximadamente 10%, mas esse não é um diferencial exclusivo, considerando que outros setores, como seguradoras e empresas como Bradesco (BBDC4) e B3 (B3SA3), também apresentam retornos similares. Dentro do setor bancário, o Itaú BBA expressa preferência por Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11), que possuem perspectivas mais atrativas no momento.

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Guilherme Serrano

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