Qual impacto do Plano Safra 2023/24 para o Banco do Brasil (BBAS3) e BB Seguridade (BBSE3)? Analistas respondem

No final de junho, o governo federal divulgou o Plano Safra 2023/24, com recursos na casa dos R$ 364,22 bilhões para médios e grandes produtores. Desse montante, o Banco do Brasil (BBAS3) poderá oferecer R$ 35 bilhões por meio de várias linhas de crédito, 15% abaixo dos R$ 41 bilhões disponibilizados na temporada anterior.

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Analistas do BTG Pactual dizem que o número do Plano Safra reflete o aumento de instituições financeiras (21 neste ano contra 11 na safra passada) buscando recursos subsidiados, levando a fatias menores do bolo que ficou maior para os envolvidos.

“Apesar da queda, o Banco do Brasil conquistou a maior parcela das linhas de crédito subsidiadas pelo governo para agricultura empresarial e familiar”, informam os analistas.

Também é esperado que o Banco do Brasil receba mais recursos no decorrer da safra. Na temporada passada, o BB encerrou com R$ 53 bilhões em volumes subsidiados, embora tenha começado com R$ 41 bilhões.

“Isso se deve a um cálculo baseado nos desembolsos dos bancos a cada 3 meses. Aqueles que desembolsam menos de 80% do valor planejado no trimestre podem ter seu financiamento não desembolsado redirecionado. Essa é uma medida governamental interessante para tornar as instituições mais eficientes na aplicação de recursos. Com a grande abrangência do BB, espera-se capturar mais volumes”, projetam a equipe do BTG.

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Banco do Brasil (BBSA3): Plano Safra não é o único componente do crescimento rural

Além disso, o BTG ressalta que o financiamento subsidiado do Plano Safra não é o único componente do crescimento rural no Banco do Brasil, que aborda uma estratégia diversificada, associando financiamento subsidiado com financiamento à taxa de mercado.

Com isso, o banco não vê motivos para revisar o guidance do BB do crescimento da carteira de crédito do agronegócio em 2023 (+11-15%). “Continuamos confiantes em sua capacidade de entregar o topo da faixa projetada”, dizem analistas.

BB Seguridade pode se beneficiar da atividade agrícola mais forte, diz BTG

O BB Seguridade (BBSE3), empresa de seguros pertencente ao Banco do Brasil, pode se beneficiar indiretamente da atividade agrícola mais forte induzida pelo Plano Safra, avalia o BTG.

“À medida que os agricultores e as empresas agrícolas se expandem, pode haver mais demanda por produtos de seguro, como o agrícola e o de propriedade agrícola”, diz o banco.

Como no caso do BBASE, o Plano Safra não é o único impulsionador do crescimento do seguro rural da BB Seguridade. Como o BB tem abrangência nacional e vínculo de longa data com produtores rurais, o valor real que receberá do crédito subsidiado provavelmente será superior ao valor inicialmente alocado.

“Vemos o novo Plano Safra 2023-24 como positivo para BBSE3, nº 1 em seguro rural com mais de 55% de participação de mercado. A orientação original de crescimento do prêmio da BBSE é de 10-15% a/a, e já estamos no limite superior dessa faixa. Nossa estimativa é de +14% a/a, e para prêmios rurais já estamos em +18% a/a”, acrescenta o BTG.

Plano Safra 2023/24 supera oferta de crédito anterior com R$ 364,22 bilhões em recursos

Na nova temporada de 1º de julho, o Plano Safra 2023/24 oferecerá recursos na casa dos R$ 364,22 bilhões para médios e grandes produtores.

Esse valor representa um aumento de 27% na oferta de crédito anterior, da temporada 2022/23 se comparado aos R$ 287,16 bilhões ofertados para agricultores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e produtores de maior porte.

À agricultura empresarial, será concedido um crédito distribuído em:

  • Custeio e comercialização: R$ 272,12 bilhões (alta de 26% em relação à safra anterior);
  • Investimentos: R$ 92,1 bilhões (+28%).

De acordo com as informações divulgadas nesta manhã pelo Planalto, a distribuição por taxas de juros será feita da seguinte maneira:

  • R$ 177,8 bilhões (+22,5%) serão concedidos com taxas livres;
  • R$ 186,4 bilhões terão taxas controladas (+31,2% ante o ciclo passado);
  • Dos R$ 186,4 bilhões, R$ 84,9 bilhões (+38,2%) terão taxas não equalizadas;
  • Os outros R$ 101,5 bilhões (+26,1%) de taxas controladas serão equalizadas (subsidiadas) pelo Tesouro Nacional.

As taxas de juros para custeio e comercialização em 8% ao ano foram mantidas pelo governo, para os produtores enquadrados no Pronamp, e em 12% para os demais produtores. Nas linhas voltadas a investimentos no setor, as taxas de juros permaneceram na faixa de 7% a 12,5% ao ano, variando conforme o programa.

Incentivo de práticas sustentáveis no Plano Safra 2023/24

O Plano Safra 2023/24 empresarial adotou medidas de incentivo fiscal para sistemas de produção ambientalmente sustentáveis, como já havia sido previsto por representantes do governo.

Os produtores rurais que já tenham o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e também aqueles que adotam práticas agropecuárias consideradas mais sustentáveis podem ser beneficiados. A redução será de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros de custeio para produtores que possuírem o CAR analisado, em uma das seguintes condições: em Programa de Regularização Ambiental (PRA), sem passivo ambiental ou passível de emissão de cota de reserva ambiental.

A redução de 0,5 ponto porcentual na taxa de custeio também será estendida àqueles que adotarem práticas agropecuárias que forem avaliadas como mais sustentáveis. Alguns exemplos são:

  • Produção orgânica ou agroecológica;
  • Uso de bioinsumos;
  • Tratamento de dejetos na suinocultura;
  • Pó de rocha e calcário,;
  • Energia renovável na avicultura;
  • Rebanho bovino rastreado;
  • Certificação de sustentabilidade.

As reduções na taxa de juros de custeio poderão ocorrer de forma independente ou cumulativa. Se o produtor preencher os dois requisitos, poderá ter redução de até 1 ponto porcentual na sua taxa de juros de custeio.

A definição das práticas elegíveis e a regulamentação para comprovação dos produtores rurais junto às instituições financeiras virá após o lançamento do Plano Safra 2023/24, informou o comunicado do Planalto.

Cotação

Hoje (13), as ações do BBSE3 cresceram 0,03%, cotadas em R$ 30,7.

Já os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram alta de 1,11%, com preço a R$ 48,12.

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Vinícius Alves

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