Banco do Brasil (BBAS3) deve seguir como empresa do setor com as ações mais atrativas em 2024, dizem analistas
Após um ano de 2023 marcado por mudanças regulatórias e por alguns players do setor de bancos sofrendo com inadimplência elevada, a expectativa do mercado é de que o início de 2024 mantenha um cenário razoavelmente semelhante, com Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4) tendo predileção em relação ao Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11).
O Banco do Brasil, especificamente, teve um ano glorioso em 2023, com um rali expressivo de mais de 40% após ter iniciado o período com ruídos e com um valuation que era considerado extremamente atrativo, dada a saúde financeira da companhia, o prêmio em relação aos pares privados e o teor da carteira de crédito.
José Eduardo Daronco, analista CNPI da Suno Research, destaca que as ações do Banco do Brasil já não estão mais tão baratas – contudo ainda são as que reservam o maior otimismo por parte da casa.
“A nossa visão é de que BBAS3 vai se sair bem, mas não tanto quando em 2023, porque uma parte do preço já foi corrigida”, observa o especialista.
Cotação BBAS3
A opinião vai ao encontro do consenso do sell side, dado que de 14 analistas que cobrem a companhia, 11 recomendam compra para os papéis, ante duas recomendações neutra e somente uma de venda.
O preço-alvo médio é de R$ 66, ao passo que os papéis negociam a cerca de R$ 56 em bolsa.
Daronco acrescenta que esse cenário não tem somente a ver com a carteira de crédito mais segura do BB – com exposição ao setor do agronegócio e servidores públicos – mas também do preço.
“O banco tem um deságio em relação aos pares privados, por conta de ser uma empresa controlada pelo governo. Mas quando analisamos, vemos um ROE perto do Itáu (ITUB4). Olhando para os múltiplos, tem uma diferença grande em relação à média histórica. O Banco do Brasil nunca foi um banco tão rentável quanto hoje”, explica.
BofA espera que Banco do Brasil mostre crescimento robusto de receita líquida de juros
Analistas do Bank of America (BofA) destacam que a estimativa é de que o resultado do Banco do Brasil que referente ao 4T23 já mostre um crescimento robusto da receita líquida de juros (NII, na sigla em ingês) e dos empréstimos, mas aumento do custo do risco.
“Projetamos lucro líquido de R$ 9,2 bilhões com ROE de 21,2%. totalizando um lucro de R$ 35 bilhões em 2023, no ponto médio do guidance (R$ 33-37 bilhões). A carteira de crédito deve crescer 10% na base anual”, diz a casa.
Os analistas também reiteraram que consideram o valuation do Banco do Brasil atraente e recomendam compra dos papéis.
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Bradesco continuará sofrendo com inadimplência?
No ano de 2023, o Bradesco e o Santander apresentaram mais dificuldades com o nível de inadimplência do que seus pares – em partes, por conta da concessão mais ampla de crédito para pessoas físicas e pequenas e médias empresas (PMEs).
Dados da pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que apesar de o endividamento das famílias ter caído pela primeira vez em quatro anos, a inadimplência registrou o maior patamar desde 2013.
A expectativa do mercado é de que esse patamar de inadimplência caia gradualmente, com uma melhora do ambiente macroeconômico.
“Vimos inadimplência subir, Bradesco e Santander foram os mais afetados, por conta da carteira de crédito mais exposta a consumo. Mas eles não foram exceções, todos foram afetados. Mesmo os grandes expostos a grandes empresas tiveram impactos, e vimos pedidos de recuperação de grandes empresas também afetando o setor. Vale reforçar que não são efeitos isolados”, explica Daronco.
“Quando olhamos para os dados econômicos desse ano, é bem claro que vamos entrar em um ano melhor do que 2023, com dados de desemprego muito mais favoráveis, ou seja, o patamar de emprego formal está muito maior que do ano passado, o que favorece o ambiente de renda e consumo”, completa.
Itaú e BB tem folga para elevar dividendos
Por fim, há uma certa expectativa de que os bancos aumentem seu payout no ano de 2024, dado o ambiente de rentabilidade e algumas mudanças regulatórias – que incluem novos procedimentos para o cálculo do requerimento de capital para risco dos bancos.
O movimento, aliás, foi citado pelo CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, na última teleconferência de resultados. O executivo citou que o banco poderia recomprar mais ações, pagar mais dividendos ou desenhar uma solução que contemple ambas as decisões.
Daronco, da Suno Research, destaca que vê esse cenário como muito possível, dados os patamares de Basileia atuais dos bancos – com uma folga relevante ante a exigência mínima regulatória do Banco Central.
“Acho que Itaú tem um potencial bom para 2024 por conta do aumento de dividendos. Penso que um crescimento elevado de lucro não vai acontecer, acho que ele serão mais conservadores na orginação de crédito, e não devemos ver um crescimento acima da inflação na carteira de crédito; é um banco resiliente”, explica.
Analistas do Itaú BBA projetam um aumento do payout do Banco do Brasil em 50% de 2024 até 2026, ao passo que estimam que esse indicador feche em 40% em 2023. A projeção para o dividend yield (DY) é de 12% para a mesma janela.