Nos últimos trimestres, o Banco do Brasil (BBAS3) tem seguido como queridinho de investidores e analistas, mostrando um bottom line dos balanços acima das projeções, dividendos polpudos e uma grande capacidade de entregar seu guidance já ambicioso.
Além disso, a carteira de crédito do Banco do Brasil se mostra mais resiliente do que a dos seus pares, considerando que o banco tem maior exposição ao agro e ao crédito consignado para pessoas físicas, oferecendo menos risco do que os seus pares.
Com isso, inclusive, os papéis BBAS3 sangraram substancialmente menos nos últimos meses com os eventos de crédito e após o provisionamento do caso Americanas (AMER3).
Para o primeiro trimestre de 2023 (1T23), é praticamente consenso que o resultado do Banco do Brasil deve exibir bons números e um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) otimista.
O consenso Bloomberg projeta R$ 8,476 bilhões de lucro líquido para o Banco do Brasil no 1T23, alta ante os R$ 6,6 bilhões do mesmo período do ano passado. De um total de 16 analistas, 14 mantém recomendação de compra para as ações, com preço-alvo médio de R$ 56,16 – ao passo que os papéis são negociados na casa dos R$ 44.
“Esperamos outro trimestre de forte crescimento na carteira de empréstimos do Banco do Brasil, provavelmente em linha com o ponto médio de seu guidance, impulsionado principalmente pelo crédito rural. Esperamos que o seu NII aumente 28% em comparação com o ano passado, mas caia 9% em relação ao trimestre anterior, principalmente devido a operações de empréstimos mais modestas (menos dias úteis) e receitas de tesouraria”, diz a XP Investimentos.
Cotação BBAS3
A XP também espera um ligeiro aumento de dez pontos base (bps) na taxa de inadimplência, “que ainda é a mais baixa entre seus pares e reflete o perfil defensivo de sua carteira”.
A projeção é de que o lucro líquido de operações contínuas seja de R$ 8,1 bilhões, com ROE de 21%. A receita com serviços, por sua vez, deve ser de R$ 8,202 bilhões, segundo a XP.
A casa mantém recomendação de compra para as ações do Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 61.
Santander vê BBAS3 como destaque do trimestre
Os especialistas do Santander também mantém recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 62.
A estimativa de lucro é ainda maior do que a do consenso Bloomberg, com a casa mirando R$ 8,494 bilhões para a última linha do balanço.
“Isso beneficiando-se do crescimento saudável dos empréstimos e de melhorias de margem devido aos rendimentos de crédito mais elevados”, diz a analista Aline Cardoso.
“Atribuímos a queda na base trimestral principalmente a eventos não recorrentes que beneficiaram os resultados do 4T22. Em nossa opinião, o top line mais forte será suficiente para compensar o ligeira deterioração de 10 bps nos NPLs de 90 dias na base trimestral e as maiores provisões resultantes do mesmo”, completa.
Genial também projeta lucro bilionário para o Banco do Brasil
A expectativa da Genial Investimentos também é de um trimestre sólido, com lucro de R$ 8,48 bilhões.
A recomendação da casa é de compra, porém com preço-alvo abaixo dos demais analistas, em R$ 55,70.
“O resultado deve ser impulsionado pela carteira de crédito crescente, reprecificação de produtos melhorando os spreads, custo de funding mais estabilizados e tesouraria contribuindo positivamente no resultado. Além disso, o mix da carteira de crédito mais conservadora tem ajudado o banco a lidar melhor com o ciclo de crédito, refletindo em menores impactos de provisionamento”, diz a casa.
“Do lado negativo, por ser um banco estatal, existem potenciais risco de ingerência política, que acabam refletindo na volatilidade das ações e taxa de desconto de valuation. Entretanto, até o momento não identificamos eventuais problemas relacionadas a essa questão, com o banco surpreendendo positivamente ao se posicionar contra o governo após a diminuição do teto do consignado, congelando o oferecimento do crédito consignado junto com os principais bancos do país”, completa.
A projeção também é de que a margem financeira (NII) caia 2,3% na base trimestral devido à sazonalidade, mas que no comparativo anual continue bem forte, crescendo 36,6%.
“A queda em relação ao 4T22 é consequência da sazonalidade de menos dias úteis, que impacta os juros da carteira. Já o crescimento na base anual é consequência da estabilização do custo de funding, além da tesouraria se beneficiando por juros mais altos, diferente dos pares (Bradesco e Santander)”, conclui a Genial sobre o Banco do Brasil.