O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que a instituição está estudando alterar a regra de correção da caderneta da poupança. Segundo o presidente, o BC está há mais de ano dedicado a fazer uma nova fórmula da caderneta que funcione como captador de recursos e como repassador.
Atualmente, a fórmula da poupança é de 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR), que hoje está zerada, mas essa regra vale apenas quando a taxa básica de juros estiver abaixo de 8,75%. Esse modelo existe desde 2012 e foi adotado na época para permitir a redução dos juros naquele momento. Com isso, o BC avalia que a caderneta tenha uma correção mais próxima daquela que é usada para fazer o financiamento de projetos imobiliários.
Segundo os estudos, hoje há um descasamento de prazos e de indexadores. A poupança tem uma liquidez de curto prazo, ou seja, pode ser resgatada a qualquer momento, mas é também fonte do crédito imobiliário, em geral de longo prazo, entre 20 anos e 30 anos. A mudança poderá ser anunciada ainda em 2022.
Campos Neto informou que a mudança deverá ser gradual e passaria por uma consulta pública. A proposta é anunciar uma fórmula mais “hedgeável” e casada com a destinação dos recursos.
“Com a Selic em 2%, estávamos preocupados com a migração alta para a poupança. Com a taxa de juros subindo, temos preocupação com a saída de recursos da poupança”, disse Campos Neto durante um evento do setor imobiliário.
As falas do presidente do BC acontece antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando a taxa Selic, hoje em 7,75% poderá ultrapassar 8,5%. Nesse caso, a fórmula da poupança passa a ser 0,5% ao mês mais a TR.
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Poupança tem retirada líquida de R$ 7,430 bi em outubro, maior para o mês
O número de saques na caderneta de poupança durante o mês de outubro superou o de depósitos pelo terceiro mês seguido, e alcançou uma retirada líquida de R$ 7,430 bilhões.
De acordo com dados do Banco Central (BC), esse foi o maior saque líquido para meses de outubro na série histórica, iniciada em 1995. Em setembro, a retirada líquida da poupança (R$ 7,719 bilhões) também havia sido recorde para o mês.
No passado, os aportes na caderneta de poupança somaram R$ 278,079 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 285,509 bilhões. Considerando o rendimento de R$ 3,285 bilhões da caderneta, o saldo total das contas também caiu pelo terceiro mês seguido, para R$ 1,027 trilhão.
Outubro foi o sexto mês de 2021 em que os saques superaram os depósitos na poupança. No acumulado de janeiro a outubro deste ano, os saques líquidos da caderneta pela população chegam a R$ 30,779 bilhões.