BC: juro no rotativo do cartão de crédito sobe 4% julho, com taxa de 331,5% ao ano
O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,2% em julho ante junho, para R$ 4,265 trilhões, informou o Banco Central (BC) nesta sexta (27). Em 12 meses, houve alta de 16,2%. Em julho ante junho, o avanço foi de 1,5% no estoque para pessoas físicas e elevação de 0,8% no estoque para pessoas jurídicas.
De acordo com o BC, o estoque de crédito livre aumentou 0,9% em julho, enquanto o de crédito direcionado apresentou alta de 1,6%. No crédito livre, a elevação foi de 1,6% no saldo para pessoas físicas no mês passado. Para as empresas, o estoque avançou 0,1% no período.
O Banco Central informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) se manteve em 52,6% na passagem de junho para julho.
O estoque das operações de crédito direcionadas para habitação no segmento pessoa física cresceu 1,3% em julho ante junho, totalizando R$ 768,677 bilhões. Em 12 meses, até julho, o crédito para habitação no segmento pessoa física subiu 14%.
Já o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física subiu 0,2% em julho ante junho, para R$ 229,685 bilhões. Em 12 meses, houve alta de 11,6%, informa o Bacen.
O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro subiu 1,4% em julho ante junho, para R$ 12,731 trilhões. O montante equivale a 156,9% do Produto Interno Bruto do Brasil, conforme os dados do Banco Central.
O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. O indicador permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.
No caso específico de empresas, o saldo do crédito ampliado subiu 1,6% em julho ante junho, para R$ 4,331 trilhões. O montante equivale a 53,4% do PIB.
Endividamento das famílias
O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro renovou o patamar recorde e ficou em 59,2% em maio, ante 58,3% em abril, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 36,5% em maio, ante 35,9% em abril.
O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.
Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 30,6% em maio, ante 30,0% em abril. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 28,0% em maio, ante 27,5% em abril.
Rotativo do cartão pelo Banco Central
Em meio ao ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 4,0 pontos porcentuais de junho para julho, informou o Banco Central. A taxa passou de 327,5% para 331,5% ao ano.
Os números também são influenciados pelos efeitos da pandemia de Covid-19 na economia. O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.
No caso do juro parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 164,5% para 163,6% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 61,4% para 62,0%, segundo o Banco Central.
Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra é permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.
Concessões no crédito livre
As concessões dos bancos no crédito livre caíram 6,8% em julho ante junho, para R$ 356,2 bilhões, segundo o BC. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o avanço ainda é de 15,2% e, nos 12 meses até julho, a alta foi de 7,4%. Estes dados, agora apresentados pelo Bacen, não levam em conta ajustes sazonais.
Em julho, no crédito livre para pessoas físicas, as concessões subiram 0,4%, para R$ 190,2 bilhões. Em 12 meses até julho, há alta de 11,3%. Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões caíram 13,9% em julho ante junho, para R$ 166,0 bilhões. Em 12 meses até julho, há avanço de 3,5%, informa o Banco Central.
Com informações de Estadão Conteúdo.