Presidente do Banco Central: juro altos são causados pela inadimplência

Segundo o presidente do Banco Central (BC) os juros elevados cobrados nas operações de crédito no Brasil são causados pelas dificuldades de recuperação de crédito no País. Para Roberto Campos Neto, é necessário mudar esse cenário para reverter essa taxa de juros tão alta.

O presidente do Banco Central discursou nesta sexta-feira (26) durante um evento da Bolsa de Valores (B3) realizado em parceria com a consultoria de risco político Eurasia em São Paulo. Campos Neto fez uma comparação entre dados de crédito do Brasil e de outros países emergentes (excluindo Argentina e Turquia), demonstrando uma certa semelhança. Nesses casos, por exemplo, o juro básico médio seria de 5,4%, contra os 6,5% cobrados no Brasil, enquanto a inadimplência seria, respectivamente, de 2,7% e 2,9%.

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Entretanto, para o presidente do Banco Central, o que mudaria seria o tempo de recuperação de crédito, assim como a porcentagem de créditos recuperados. Em outros países emergentes, cerca de 62% dos créditos são recuperados, e o prazo médio é de 1,7 ano. Ao contrário, no Brasil somente 13% dos créditos são recuperados, e o prazo é de quatro anos.

“Existem segmentos que gastam mais por recuperação do que recuperam”, explicou Roberto Campos Neto, “Grande parte do problema é que a recuperação é judicial”. Segundo o presidente do BC, o recente aumento da diferença de custo de captação bancária e a taxa de juros cobrada dos clientes (spread), mesmo com a estabilidade da taxa Selic, seria provocado pelas dificuldades de recuperação.

Para Campos Neto, a Justiça brasileira também dificultaria a recuperação dos valores. Além disso, existiriam outras dificuldades de avaliação de risco, como por exemplo a assimetria de informação. Uma situação que, segundo ele, estaria sendo resolvida por exemplo através da criação do cadastro positivo.

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Outra medida, tomada pelo Banco Central e citada pelo seu presidente, seria o open banking. As diretrizes iniciais dessa medida foram publicadas na última quarta-feira (24). Entretanto, o Campos Neto descartou tomar algumas medidas pedidas pelos bancos, como por exemplo a redução do compulsório.

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Segundo o presidente do Banco Central, a queda dos juros oferecidos ao consumidor foi mais modesta do que se esperava. Para Campos Neto, o spread alto “polui o canal de transmissão da política monetária entre o juro e o dinheiro na conta”.

Autonomia do Banco Central

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Em último, o presidente do Banco Central defendeu a independência da autoridade monetária como uma forma ulterior de reduzir a taxa de juros de forma sustentada. O projeto de lei que prevê a independência do BC atualmente tramita no Congresso Nacional.

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Segundo Campos Neto, é importante formular políticas em parceria com o Congresso. Para ele, a agenda da do Banco Central que depende do Legislativo tem pouca resistência entre os parlamentares. Isso por ser uma agenda inclusiva.

Carlo Cauti

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