O Banco Central (BC) do Brasil divulgou nessa terça-feira (8) o lançamento de uma agenda de sustentabilidade ambiental para o Sistema Financeiro Nacional. O tema vem sendo discutido pela autoridade monetária desde o fim de junho de 2020, quando o desmatamento na Amazônia recebeu intensas críticas dos investidores internacionais.
A agenda BC discutirá alguns assuntos como riscos climáticos, responsabilidade socioambiental e cultura de sustentabilidade, informou o Banco Central.
Durante o evento de divulgação da agenda, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Nechio, afirmou que o BC deve adotar políticas que considerem os riscos socioambientais e o impacto de eventos climáticos extremos.
Nechio também declarou que a pauta de riscos socioambientais encontra-se em desenvolvimento no Brasil e no mundo atualmente.
Mark Carney, enviado especial da ONU para ação climática e finanças afirmou durante o evento que “os riscos climáticos são um risco substancial para o planeta, mas também estão no centro dos riscos financeiros”, ressaltando a importância da nova agenda do Banco Central.
O CEO da Blackrock, Larry Fink, também declarou sobre a relevância do tema para as instituições financeiras. “Mesmo durante a pandemia global, a mudança climática continua a ser uma das variáveis e um dos principais assuntos que nossos clientes no mundo inteiro sempre trazem nas suas discussões, buscando entender não apenas os riscos físicos da mudança climática, mas também como as políticas climáticas vão impactar os preços, custos e exigir uma demanda global”.
Banco Central fala sobre reservas internacionais
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou no dia 24 de agosto desse ano, não se opor a transferência de ganhos da autoridade monetária com reservas internacionais para o Tesouro Nacional caso o processo não seja caracterizado com um financiamento do Tesouro pelo Banco Central.
“Não sou contra a transferência, estamos em um processo de acerto”, afirmou, “O que tenho mencionado e foi mencionado por alguns ex-banqueiros centrais que me ligaram, muita gente me ligou preocupada com esse tema, é [que é importante] diferenciar o que é transferir resultado e o que é financiamento. Essa é uma diferença fundamental.”
O presidente do Banco Central acrescentou que a transferência, na prática, eleva o número de operações compromissadas, que são operações de curtíssimo prazo feitas pelo BC com a finalidade de reduzir a liquidez excessiva da economia. “De uma forma agregada, [com a transferência] é como se você tivesse eliminado a necessidade de o Tesouro ir a mercado e o Banco Central tivesse feito parte disso pelo Tesouro”, afirmou o economista.
O valor atual das reservas internacionais é de R$ 1,8 trilhão e o BC deve manter parte dessa quantia para amortecer possíveis “impactos”.
O Congresso Nacional e o Banco Central têm se comunicado de forma efetiva acerca dos projetos de lei que interessam à autoridade monetária. “Não temos nada do que reclamar do Congresso, pelo contrário”, avalia Campos Neto.
O presidente afirmou que o projeto de lei que atribui autonomia do BC deve ser votado no Senado, onde “está mais encaminhado”, antes de passar pela Câmara dos Deputados. De acordo com Campos Neto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), prometeu colocar o texto em votação no plenário nas próximas semanas.
Roberto Campos Neto defendeu as propostas de reforma administrativa “porque abre espaço no piso” de gastos, e referente a reforma tributária, afirmou que não fazem parte do seu trabalho mas que dialogou com Paulo Guedes, o ministro da Economia, referente ao impacto de um novo imposto sobre transações financeiras e como isso pode afetar o sistema financeiro.
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O presidente do Banco Central também declarou que foi realizado um acordo para que impostos sejam pagos por meio do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos em implantação pela autoridade monetária.
“Fizemos um acordo agora com a Receita. Você vai poder pagar os seus impostos instantâneos. Se houver algum problema, vai poder pagar e mostrar o recibo na hora”, declarou o presidente do Banco Central.