Ambev (ABEV3) surpreende analistas e sobe 10% no Ibovespa; Veja o resultado em detalhes
Acima das expectativas, a Ambev (ABEV3) reportou um lucro de R$ 3,7 bilhões no terceiro trimestre deste ano, com alta de 57% em relação ao mesmo período do ano passado. Com o número acima do esperado pelo mercado, a companhia encabeça as altas do Ibovespa.
O balanço da Ambev foi divulgado nesta quinta-feira (28) antes do pregão — e em alguns minutos com o mercado aberto as ações da companhia já subiam 10,3%, batendo R$ 16,80.
Até este pregão as ações da Ambev ficavam no vermelho em 2021, com queda de 1,6% em relação ao início do ano. Com o resultado trimestral, a companhia saiu do negativo no saldo anual (Year to Date) — apesar de ainda ficar abaixo dos R$ 19,60 registrados em meados de junho.
Aos olhos da XP, o resultado financeiro trimestral da companhia demonstra forte crescimento apesar da pressão das margens por conta do câmbio e da escalada do preço das commodities.
“Fomos surpreendidos por um crescimento de 7,7% no comparativo anual nos volumes consolidados, principalmente devido a um desempenho melhor do que o esperado na unidade Cerveja Brasil, o que consideramos positivo dada a base de comparação mais difícil. Oito dos dez principais mercados da AmBev já estão crescendo acima do 3T19″, dizem os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.
Ambos frisam a recomendação de compra da corretora, mirando preço-alvo de R$ 20, cotação vista pela última vez em agosto de 2019.
“Acreditamos que a empresa está superando seus concorrentes e está melhor posicionada para uma recuperação do setor”, consta no parecer da casa.
A ressalva das margens, contudo, vem da alta dos custos, que aumentaram em 35%.
Nos destaques operacionais, a XP frisa que o volume consolidado da Ambev foi de 45,655 milhões de hectolitros, representando alta de 8% no comparativo com 2020.
“Foi um recorde para um terceiro trimestre, e em uma análise contínua de 12 meses, a AmBev entregou um recorde de 180 milhões de hectolitros (o recorde anterior foi no 2T21). O processo de ampliação do BEES continua e já está presente em 85% dos clientes brasileiros, enquanto outros mercados (América Central e Cariba e América Latina Sul) estão acompanhando essa adoção”, dizem os analistas.
BTG segue neutro com Ambev
Apesar da alta expressiva no pregão, os analistas do BTG Pactual (BPAC11) mantêm-se neutros com relação ao papel da empresa, vendo uma cotação de R$ 16 no acumulado de 12 meses.
No relatório assinado por Henrique Brustolin e Thiago Duarte, consta que a Ambev demonstrou um EBITDA 10% acima do esperado pelo BTG, com R$ 5,5 bilhões — montante que também representa alta de 9% no comparativo anual.
Além disso, frisam as margens por conta do câmbio e das commodities, em consonância com os analistas da XP.
“Como esperado, a lucratividade foi prejudicada por um custo mais alto com uma margem EBITDA de 29,6% (- 290 bps a/a, o menor já registrado). EPS foi mais forte em R$ 0,23 na reversão de impostos que resultou em uma taxa de imposto efetiva negativa”, diz o time de equity research do BTG.
Ainda no documento, ambos os analistas anotam uma “destruição da competição” por parte da empresa. Os dois pontos citados para o desempenho acima da média — que “surpreenderam” os analistas — foram a alta operacional da companhia mesmo em meio a um cenário macroeconômico desfavorável e ampliação do market share da empresa.
“A inovação está obviamente desempenhando um papel importante, representando mais de 20% das vendas e fomentando estados de necessidade de cerveja e ocasiões de consumo”, diz o BTG.
“Mas depois que Heineken relatou uma queda de volume nas vendas para consumidores de jovens (com marcas econômicas caindo 40% no anualizado) e os engarrafadores lutam com a transição do contrato de distribuição, a Ambev claramente conseguiu abocanhar uma fatia de mercado muito grande, principalmente com suas marcas principais”.