A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 9,36 bilhões em dezembro, o que levou o País a fechar com US$ 98,838 bi de saldo positivo em 2023 – resultado recorde, 60,6% maior que o registrado em 2022. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor do ano passado foi alcançado com exportações de US$ 339,673 bilhões – alta de 1,7% ante 2022 – e importações de US$ 240,835 bilhões – recuo de 11,7% ante o ano anterior.
Em dezembro, as exportações do país somaram US$ 28,839 bilhões e as importações alcançaram US$ 19,479 bilhões.
Os dados foram divulgados no período da tarde desta sexta-feira (5). Os números da balança comercial do país foram Impulsionados pela safra recorde de soja e pela queda das importações
No ano passado, as exportações do Brasil bateram recorde, enquanto as importações recuaram. Em 2023, o Brasil vendeu US$ 339,673 bilhões para o exterior, alta de 1,7% em relação a 2022. As compras do exterior somaram US$ 240,835 bilhões, recuo de 11,7% na mesma comparaçã
Em relação às exportações, o recorde decorreu principalmente do aumento da quantidade exportada, que subiu 8,7% no ano passado, impulsionado principalmente pela safra recorde de grãos. Os preços médios recuaram 6,3%, puxados principalmente pela desaceleração na cotação das commodities (bens primários com cotação internacional).
Nas importações, a quantidade comprada caiu 2,6%, mas o preço médio recuou 8,8%. A queda nos preços decorreu principalmente da redução no preço internacional do petróleo e de derivados, como fertilizantes, em 2023. Em 2022, as cotações dispararam por causa do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Mesmo com queda do preço de commodities e menor crescimento na economia mundial, o Brasil avançou 8,7% no volume das exportações e 1,7% do valor das exportações. Nossas exportações cresceram dez vezes mais que a média mundial. Em todo o planeta, as exportações cresceram 0,8% no ano passado”, declarou, por meio de videoconferência, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin.
Ele anunciou uma meta de US$ 348 bilhões em exportações para este ano. “Vamos trabalhar para isso”, disse. Alckmin também divulgou o recorde de 28,5 mil empresas exportadoras no ano passado e recorde de vendas para o exterior dos seguintes produtos em 2023: soja, açúcar, milho, carnes e máquinas de mineração.
Em relação aos principais mercados, Alckmin ressaltou que as maiores expansões foram registradas nas exportações para China, Indonésia, México, Vietnã, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Resultado da balança comercial supera expectativas do mercado financeiro
O resultado da balança comercial para o ano superou todas as expectativas da pesquisa do Projeções Broadcast, cujo intervalo de US$ 96,2 bilhões a US$ 98,4 bilhões, com mediana em US$ 97,1 bilhões.
Para dezembro, o dado também ficou maior que todas as estimativas: as projeções para a balança comercial do Brasil iam de US$ 7,10 bilhões a US$ 9,10 bilhões, com consenso de US$ 7,80 bilhões.
Comparações e desempenhos
No acumulado do ano em relação às exportações, comparando-se com igual período de 2022, houve crescimento de US$ 6,7 bilhões (9,0%) em Agropecuária, alta de US$ 2,64 bilhões (3,5%) em Indústria Extrativa e queda de US$ 4,21 bilhões (-2,3%) em produtos da Indústria de Transformação.
Já nas importações, houve queda de US$ 1,2 bilhões (-21,0%) em Agropecuária, recuo de queda de US$ 5,95 bilhões (-27,0%) em Indústria Extrativa e redução de US$ 24,18 bilhões (-10,0%) em produtos da Indústria de Transformação.
Em relação a dezembro, as exportações registraram alta de 9,5% se comparado a igual período de 2022, com crescimento de US$ 630 milhões (13,7%) em Agropecuária, elevação de US$ 620 milhões (8,9%) em Indústria Extrativa e aumento de US$ 1,26 bilhão (8,6%) em produtos da Indústria de Transformação.
Já as importações caíram 10,7%, com queda de US$ 100 milhões (-21,7%) em Agropecuária, recuo de US$ 1,06 bilhão (-54,1%) em Indústria Extrativa e redução de US$ 1,15 bilhão (-6,0%) em produtos da Indústria de Transformação.
MDIC espera superávit comercial de US$ 94,4 bilhões em 2024, retração de 4,5% ante 2023
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou nesta sexta-feira que prevê um superávit de US$ 94,4 bilhões da balança comercial em 2024. O número representa uma queda de 4,5% em relação a 2023, quando o resultado foi recorde, com US$ 98,8 bilhões.
De acordo com a primeira projeção da pasta, é esperado para que as exportações brasileiras somem US$ 348,2 bilhões este ano, ante os US$ 339,7 bilhões de 2023.
Como o valor alcançado no ano passado já foi recorde, o número esperado para este ano, se realizado, também será o maior da série histórica.
Para as importações, é esperado um valor de US$253,8 bilhões, ante os US$ 240,8 bilhões do ano anterior. Por fim, em relação à corrente de comércio, o governo projeta um valor de US$ 602,0 bilhões, ante os US$ 580,5 bilhões alcançados no ano passado.
Balança comercial: forte desempenho do agronegócio
Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, observa: “O resultado da balança comercial de 2023 é bastante expressivo e revela o forte desempenho do agronegócio. O saldo da balança, pouco inferior a US$ 100 bi, é positivo do ponto de vista da solvência externa, do crescimento econômico e da perspectiva para a taxa de câmbio e a inflação.”
Salto acrescenta: “Para 2024, vislumbro um saldo da balança comercial um pouco mais baixo, possivelmente, com uma contribuição menor do setor primário, mas talvez um crescimento das exportações de maior valor agregado, na esteira da redução dos juros e da alta dos investimentos, que devem beneficiar a indústria de transformação. A ver.”
Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil