As ações da Vale (VALE3) não integrarão mais a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial(ISE) da B3.
O anúncio foi feito pela própria Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nesta quinta-feira (7). A exclusão das ações da Vale ocorrerá a partir do dia 12 de fevereiro.
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A decisão de excluir os papeis da Vale teria sido tomada durante uma reunião ordinária do Conselho Deliberativo do ISE. A medida foi motivada pelos efeitos do desastre com a barragem de Brumadinho (MG).
“A decisão do conselho não deve ser tomada como pré-julgamento das responsabilidades da companhia, mas decorre da aplicação do disposto no Regulamento do ISE e na sua metodologia, a qual estabelece que serão excluídos da carteira os ativos que forem de emissão de uma empresa cujo desempenho de sustentabilidade, no entendimento do CISE, tenha sido significativamente alterado em função de algum acontecimento ocorrido durante a vigência da carteira”, informou em nota a B3.
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A Bolsa de Valores salientou como o conselho deliberativo do ISE é o órgão máximo de decisão nesses casos. O conselho, cuja presidência é da B3, tem como missão garantir um processo transparente e eficiente de construção do índice. Por isso, deve respeitar critérios de seleção das empresas que integram sua carteira.
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O conselho do ISE é composto por representantes de 11 entidades. Elas trabalham em conjunto para garantir um processo transparente de construção do índice e de seleção das empresas. Integram o conselho da ISE, entre outros, os representantes institucionais da:
- Apimec;
- Anbima;
- Abrapp;
- Ethos;
- IBGC;
- Ibracon;
- IFC;
- Gife;
- MMA;
- ONU Meio Ambiente.
Segundo o regulamento do índice, “serão excluídos da carteira os ativos que forem de emissão de uma empresa cujo desempenho de sustentabilidade, no entendimento do Conselho do ISE, tenha sido significativamente alterado em função de algum acontecimento ocorrido durante a vigência da carteira”.
O ISE foi criado em 2005 e reúne empresas listadas na B3 que respeitem diversos critérios de sustentabilidade corporativa. Entre eles, estão a eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.
As empresas listadas no ISE visam se diferenciar no mercado graças ao seu nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e prestação de contas.
A metodologia do ISE é elaborada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). A responsabilidade da B3 nesse caso é pelo cálculo e pela gestão técnica do índice.
O desastre de Brumadinho
A Barragem 1 de rejeitos da mina de Córrego do Feijão estourou no dia 25 de janeiro. A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, é de propriedade da Vale.
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Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 157 pessoas morreram e 182 estão desaparecidas.
O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte.
A barragem rompida faz parte do complexo de Paraopeba. A mina é responsável por 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2% da produção total da mineradora.
Esse é o segundo desastre com barragem em que a Vale se envolve em três anos. Em 2015 ocorreu a tragédia de Mariana, com o rompimento da barragem da Samarco. Naquele desastre morreram 19 pessoas e a lama destruiu centenas de casas e construções.
A Samarco é controlada pela Vale e pela mineradora anglo-australiana BHP Billiton, cada uma com 50% das ações. As duas empresas se tornaram alvo de ações na Justiça por conta do desastre. As pessoas afetadas ainda esperam por reparação.
A Vale informou em nota o início de uma sindicância interna para apurar as causas do rompimento da barragem. “Os resultados preliminares foram compartilhados hoje com as autoridades federais e estaduais que estão acompanhando o caso”, informou a mineradora no documento.