B3: Ofertas de ações chegam a quase R$ 95 bi em 2020, mesmo montante do recorde anotado em 2019
O volume de ofertas de ações na bolsa de valores de São Paulo (B3) chegou a quase R$ 95 bilhões em 2020, montante que equivale ao valor recorde registrado em 2019. No total, já são vinte novas empresas na B3 neste ano, o que configura o maior número de estreias em mais de 10 anos. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.
Somente na última quinta-feira (7) foram precificadas duas ofertas: o IPO do Grupo Mateus e o follow-on da Natura. Apenas estas duas ofertas já movimentaram R$ 10 bilhões na B3. Contando com elas, o volume total de ofertas no ano, que também leva em conta as subsequentes, totaliza R$ 95 bilhões. O volume poderia ser ainda maior, caso as outras empresas não tivessem suspendido suas ofertas devido a volatilidade do mercado.
O IPO do Grupo Mateus foi a maior abertura de capital de 2020 no Brasil. A oferta teve uma demanda grande desde o seu lançamento. A ação estreia nesta terça-feira (13) na B3. Mesmo com as subidas e descidas do mercado neste ano, devido ao coronavírus, o volume movimentado bateu o recorde histórico, desconsiderando os volumes de 2010, já que o dado foi distorcido por causa da megacapitalização da Petrobras, que passou dos R$ 120 bilhões.
Os volumes de captações em 2020 estão sendo puxados pelos IPOs, diferentemente de 2019, quando o volume veio de ofertas subsequentes. Aproximadamente 10 companhias ainda consideram a abertura de capital neste ano. No ano passado, foram apenas cinco novatas ao todo.
Vale destacar também que o volume total deste ano não considera o aumento de capital privado da Natura, realizado em junho, que foi de R$ 2 bilhões. Além disso, também ficou de fora o leilão em bolsa (block trade) de ações da Vale, no valor de cerca de R$ 7 bilhões para venda de uma participação detida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Estimativas anteriores para 2020
No final de 2019, os bancos de investimento previam que o volume de emissões poderia chegar ao recorde de R$ 200 bilhões em 2020, valor mais de duas vezes maior do que o registrado naquele ano. O mercado estava otimista com os cortes da taxa básica de juros (Selic) que poderia fazer mais pessoas buscarem rentabilidade por meio da renda variável.
As estimativas para a B3, entretanto, não contavam com uma pandemia de coronavírus, que veio a paralisar o mercado de capitais, com o aumento abrupto da volatilidade, que levou a bolsa de valores ter seis circuit breakers em oito pregões no mês de março. Os circuit breakers consistem em paradas de negociações quando a queda do Ibovespa chega a 10%.
Mesmo assim, os Bancos Centrais de todo o mundo agiram injetando dinheiro na economia, o que fez com que o mercado reagisse e trouxesse as ofertas de volta no mês de junho.
“O mercado de capitais tem se mostrado uma importante fonte de captação e um grande aliado das companhias para seguirem com suas estratégias de expansão, num ambiente de inflação sob controle e taxa de juro baixa suportado pela disciplina fiscal do nosso país”, afirmou durante esta semana o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, no evento de estreia da Sequóia, que movimentou R$ 1 bilhão.
O aumento da volatilidade, no entanto, voltou a ser visto no último mês, com uma segunda onda de disseminação da pandemia no radar e o crescimento das incertezas frente a dívida pública do País. Com isso, muitas ofertas acabaram sendo suspensas e ficarão na gaveta até que o momento do mercado seja menos turbulento.
A Rede D´Or, por exemplo, que pode fazer uma oferta que gira em torno de R$ 10 bilhões, aguarda dezembro e a Havan, que adiou sua oferta neste mês, também pode retomar sua entrada na B3 no final do ano, de acordo com uma fonte ouvida pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.