B3 (B3SA3): incentivo à diversidade para empresas listadas segue exemplo de S&P 500 e Nasdaq

A fintweet não gostou nada da novidade. A B3 (B3SA3) anunciou na última quarta-feira (17) que as empresas listadas terão novas regras para aumentar a diversidade de gênero e a representatividade de grupos minorizados nos conselhos de administração e diretorias. Visto por parte dos investidores como uma interferência indevida da B3 nas empresas de capital aberta, a estratégia já é adotada em outras bolsas ao redor do mundo.

Na prática, trata-se de um estímulo à diversidade entre os tomadores de decisão que, no máximo, fará com que as empresas que não cumprirem as metas tenham de se explicar por meio de uma nota. É o espírito da estratégia “pratique ou explique”, que não prevê punições para as empresas que relegam a diversidade ao segundo plano.

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Olhando mais de perto as metas estabelecidas pela B3 – e que ainda estão sob consulta pública -, percebe-se até certa falta de ambição. Se o texto passar a vigorar já em 2023, como prevê a bolsa brasileira, as 423 companhias listadas terão até 2025 para para ter pelo menos uma mulher e também uma pessoa preta, parda, LGBTQIA+ ou com deficiência no conselho de administração ou diretoria estatutária. Se indicar duas pessoas for trabalho demais, as empresas poderão pegar um “atalho” ao indicar uma profissional que preencha as duas cotas. De novo: até 2025.

Quem não conseguir atingir tais metas vai ter que se justificar. E só.

Segundo a B3, “as medidas propostas seguem a tendência internacional de indução de maior diversidade no mercado financeiro”. A empresa cita como exemplos bolsas de valores de Austrália, Hong Kong, Tóquio e Singapura. Nos Estados Unidos, Nasdaq fez o mesmo que a B3. Entre as empresas que fazem parte do S&P 500, o incentivo à diversidade entre os altos cargos vem já de alguns anos.

Apesar do movimento global e da óbvia homogeneidade étnica e de gênero nos conselhos de administração das empresas brasileiras, a reação foi violenta nas redes sociais. O SUNO Notícias tentou uma entrevista com representantes da B3 para ajudar a aprofundar o debate e os objetivos das medidas, mas a empresa declinou do convite.

O desafio do ESG

As novas metas que a B3 quer passar às empresas listadas estão inseridas em um contexto maior: popularizar a adesão às estratégias ESG, sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa. Basicamente, trata-se de identificar os modelos de negócios das empresas e as consequências que vêm com eles, a partir de uma análise mais ampla, que foge das análises tradicionais, focadas em analisar com uma calculadora os balanços das companhias.

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Para alguns, levar em consideração o ESG pode significar perda de tempo e de dinheiro. Já para o chairman da BlackRock Brasil, Carlos Takahashi, empresas e fundos que incorporaram boas práticas ESG tendem a atrair menos riscos no curto, médio e longo prazo. Ao SUNO Notícias, o sócio e diretor de Renda Fixa e Multimercados da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini, disse que “ignorar questões em ESG significa tomar risco sem medida”.

Gregory Prudenciano

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