O BTG Pactual (BPAC11) reiterou sua recomendação de compra para as ações da B3 (B3SA3), após conversas com o diretor financeiro da companhia, Andre Milanez, e o analista de relações com investidores, Yusuke Kira. Os executivos deram atualizações sobre a empresa em relação à concorrência, fusões e aquisições, diversificação de negócios, expectativas para mercados de capitais e tendências operacionais, dentre outras. O relatório animou investidores: as ações sumiram quase 5% e ficaram na lista das maiores alta no Ibovespa.
Segundo o BTG, a B3 está monitorando a concorrência na negociação e pós-negociação, mas que o foco está na ampliação dos fluxos de receita.
Para o banco, o mercado de capitais está melhorando e a queda da Selic em breve deve continuar apoiando o crescimento de receita da B3, que está otimista quanto às suas perspectivas de crescimento.
No relatório, o BTG destacou os grandes avanços estruturais observados pela B3 no mercado de capitais local, incluindo gama maior de produtos de investimento, maior acesso por parte das empresas, além de um ambiente macroeconômico favorável.
Ainda assim, o banco enxerga um potencial para mais desenvolvimento e, com mercados mais maduros, a recuperação do volume desencadeada pelo início da flexibilização monetária deve superar a recuperação anterior. O BTG avalia o preço justo das ações em R$ 17.
Comportamento de margem
Ainda no relatório, o banco de investimentos apontou que a companhia que administra a Bolsa brasileira observa as margens da companhia se estabilizando, com menos oscilações devido ao mix de produtos da B3.
“As rodadas de reprecificação mais fortes que recentemente atingiram as margens parecem ter acabado, e o segmento de HFTs [operações de alta frequência] parece ter alcançado um equilíbrio em preços e volumes. Em ações, a B3 não vê muito espaço para novas revisões de descontos após as rodadas recentes”, disse o BTG.
Segundo o banco, a B3 monitora constantemente o relacionamento com os clientes, e reajustou as taxas do investidor de varejo em resposta à demanda de corretoras por aumento de volume. A empresa vê ainda espaço para revisões de preços em produtos derivados.
Fusões e aquisições
No relatório, o BTG afirma que a B3 não descartou operações de fusões e aquisições em andamento, mas que, atualmente, o foco da companhia está em abordar desafios mais imediatos relacionados à integração de negócios recentes, como alavancar o portfólio e o roteiro de produtos, além de capturar sinergias de receita por meio de oportunidades de cross-sell e upsell, por exemplo.
De acordo com a análise do BTG, as aquisições recentes incluem a capacidade de seguir a estratégia de monetização de dados da B3. O objetivo é que a vertical de “Data & Analytics” se torne um importante fluxo de receita para a bolsa brasileira, com a ambição de atingir R$ 1 bilhão em 3 a 5 anos.
Ambiente competitivo
Segundo o BTG Pactual, os concorrentes da B3 manifestaram planos de competir na negociação e pós-negociação, mas acredita que esse movimento seja mais difícil.
O banco diz não parecer haver nenhuma grande demanda latente que já não esteja sendo explorada pela B3, que se prepara para enfrentar um mercado mais competitivo, atendendo genuinamente às demandas dos clientes e trabalhando em seu roadmap de produtos, de acordo com o texto.
“Como a B3 não vê lacunas em suas ofertas de produtos, a concorrência não é essa grande ameaça que vários investidores precificam”, destacaram os analistas Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel.
Política de recompra e dividendos
Sobre retornos aos acionistas, o BTG aponta que a B3 tem devolvido aos acionistas excesso de geração de caixa, e que está tentando encontrar uma combinação que satisfaça a todos em termos de dividendos, juros sobre capital próprio (JCP) e recompras, tudo de forma fiscalmente otimizada.
“A cada trimestre, a B3 discute o preço das ações com informações do mercado, executa o programa de recompra e calibra o dimensionamento/tempo”, acrescentaram.
Itaú BBA sobre B3: margens de negociação devem melhorar; analistas recomendam compra
O Itaú BBA manteve sua recomendação ‘outperform’, equivalente a compra, para as ações da B3 (B3SA3). O banco avaliou que, além de maiores volumes, começa a enxergar um crescimento do otimismo sobre o nível médio das margens de negociação cobradas pela bolsa brasileira.
“Com a retomada dos volumes da B3, esperamos que a necessidade de HFTs [operações de alta frequência] atuarem como formadores de mercado diminua. Assim, assumimos que a B3 reduzirá os benefícios que oferece à medida que os volumes aumentam”, afirmaram os analistas Pedro Leduc, William Barranjard e Mateus Raffaelli.
Acrescentaram ainda que, nesse cenário, “as receitas da B3 provavelmente receberiam um impulso adicional de preços maiores por meio de um mix de volumes favorável”. O Itaú BBA avalia o preço justo das ações em R$ 17, com upside de 21% sobre os R$ 14 negociados no pregão de hoje.
Crescimento nas margens de negociação
O Itaú BBA prevê que as margens médias de negociação da B3 provavelmente crescerão no segundo semestre de 2023 e em 2024, após vários anos de tendência de baixa.
“A forte queda nas margens ocorreu de 2019 para cá, com a B3 anunciando uma série de mudanças, incluindo uma nova tabela de preços com tarifas mais baixas para investidores locais e estrangeiros”, disse a instituição.
Segundo os analistas, o lançamento da tabela de preços da B3 teve maior impacto até o final de 2021. Depois disso, as margens foram mais afetadas por novos benefícios para traders de baixa latência, especialmente HFTs.
“Com a desaceleração do mercado no início de 2022, acreditamos que a B3 passou a oferecer mais benefícios aos HFTs que atuam como formadores de mercado, mantendo um alto padrão de velocidade e mantendo o mercado em volumes saudáveis”, disseram.
Agora, de acordo com o banco, como os volumes estão naturalmente melhorando, esses benefícios poderiam ser reduzidos, com efeito positivo nas margens médias de comercialização praticadas pela B3.
Maior receita para 2024
O Itaú BBA estima um crescimento de receita no ano fiscal de 2024 de 19% para produtos listados na B3, incluindo maiores volumes e melhores margens.
“Com o atual ADTV (Volume médio diário negociado) esperado para 2024 de R$ 33 bilhões, mas usando uma margem de negociação mais próxima do que era no quarto trimestre de 2021 em vez dos níveis vistos no primeiro trimestre de 2023, as receitas seriam 11% maiores para ações e derivativos. No mesmo cenário, o lucro líquido recorrente da B3 seria cerca de 4% maior”, disseram os analistas do banco.
Ainda segundo eles, em um cenário de alta das margens após um período de crescimento de ADTV e, caso os novos patamares de volume e margem de comercialização fossem perpetuados, a empresa deveria utilizá-los para fortalecer sua posição competitiva.
“Entendemos que a B3 não pode e não vai ter tudo, tanto no sentido positivo quanto no negativo. O crescimento da participação nos lucros, impulsionado pelo crescimento da indústria, deve reduzir o risco de concorrência, e esse benefício deve ser contabilizado. Mas, a nosso ver, o mercado raramente segue essa linha de pensamento”, finalizaram.
Cotação de B3
No fechamento desta quinta-feira (29), as ações ordinárias da B3 terminaram em alta de 4,95%, a R$ 14,64.