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Banco corta preço-alvo das ações da B3 (B3SA3) após desempenho da Bolsa

Ibovespa: prédio da B3, a bolsa de valores. Foto: Reprodução/B3.

Ibovespa: prédio da B3. Foto: Reprodução/B3

O BB Investimentos (BB-BI) reduziu o preço-alvo das ações da B3 (B3SA3), empresa responsável pela administração da Bolsa de Valores brasileira, de R$ 15,60 para R$ 14,60 (com ações negociadas hoje a R$ 11). A revisão foi divulgada pelo banco ao mercado nesta terça-feira (23).

O BB-BI diz que essa decisão de baixar o preço-alvo das ações da B3 foi motivada por um conjunto de fatores que têm impactado o desempenho da companhia nos últimos meses. “Influenciada por um cenário distinto da expectativa da maior parte do mercado, a B3 apresentou baixos volumes médios negociados em seu principal segmento nos primeiros meses do ano”, afirma o relatório.

Esse cenário contrasta com a esperada retomada do apetite ao risco por parte dos investidores, impulsionada por dados econômicos mais robustos nos Estados Unidos, como indicadores positivos no mercado de trabalho.

A análise dos estrategistas também leva em consideração as implicações globais de uma possível manutenção dos juros americanos em níveis elevados por um período prolongado. Isso tem gerado reflexos no mercado financeiro internacional, afetando o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil e contribuindo para um ambiente desafiador para empresas como a B3, conforme relatório.

No entanto, apesar dessa revisão para baixo, a recomendação de compra das ações da B3 foi mantida pelo banco de investimentos.

Entenda os fatores que levaram o BB-BI a diminuir o preço-alvo da B3

O desempenho dos papéis da B3 tem sido impactado por diversos fatores ao longo deste ano. Além da queda nos volumes negociados, a perspectiva da entrada de uma nova concorrente no mercado local em 2025 tem gerado incertezas entre os investidores.

As revisões das expectativas em relação à política monetária dos Estados Unidos têm contribuído para um saldo líquido negativo de mais de R$ 30 bilhões em capital estrangeiro no país neste ano, segundo pontua o BB-BI.

A revisão do valuation da B3 pelo BBI levou em conta os resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23), os dados operacionais divulgados pela empresa, as perspectivas para suas principais linhas de negócios e as atualizações das premissas macroeconômicas.

Ações recomendadas pelo BofA após alteração na política de preços

O Bank of America (BofA) reafirma sua recomendação de compra para as ações da B3 (B3SA3), considerando as recentes alterações da política de preços da Bolsa de Valores brasileira como um movimento “importante” em um cenário de possível concorrência e volumes mais baixos.

Com o foco voltado para a redução das taxas, o banco diz que mantém sua perspectiva otimista para as ações B3SA3, esperando uma recuperação nos volumes de negociação ao longo do segundo semestre deste ano.

Segundo os analistas Mario Pierry e Antonio Ruette, o atual múltiplo preço/lucro por ação da B3, que está em torno de 13,3 vezes, substancialmente abaixo dos níveis observados nos últimos ciclos de flexibilização, que variaram entre 20 e 25 vezes, além de ser cerca de 40% inferior aos seus pares internacionais.

A nova política de preços da B3 inclui a cobrança de taxas de negociação e pós-negociação com base no volume médio diário negociado (ADTV) do mês anterior, independentemente do tipo de investidor. Além disso, no segmento de custódia, a empresa ajustou as tarifas de saldo de custódia, eliminou a tarifa de manutenção de Depositary Receipts (DR) e introduziu uma tarifa de saldo de custódia para investidores não residentes, isentando-os da taxa de manutenção de contas de custódia.

Com um preço-alvo de R$ 17 para as ações da B3 ON, o BofA estima um potencial de valorização de 52% em relação ao fechamento do último pregão, ocorrido na última sexta-feira (19). A ação da B3 é negociada hoje a R$ 11,27.

Veja como a chegada de uma concorrente deve afetar a B3

Especialistas ligados ao mercado financeiro estão atentos à possível concorrência que se desenha para a operadora da Bolsa de Valores no Brasil, a B3. A chegada anunciada de uma nova bolsa está prevista para o segundo semestre de 2025.

Para Femisapien, economista e sócia da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, a entrada de um novo mercado pode abrir oportunidades para investimentos em ativos ainda não disponíveis na B3, aumentando o interesse de investidores estrangeiros no país.

“A concorrência teoricamente levaria a B3 a prestar melhores serviços e praticar melhores preços, além da supracitada oportunidade para startups, que são, em sua maioria, empresas de tecnologia, poderem listar ações no mercado. A concorrência para a B3 é sempre boa, pois motiva a companhia a prestar melhores serviços”, diz.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, compartilha a visão de que o monopólio da B3 tem sido um obstáculo para o crescimento do mercado financeiro brasileiro. “A entrada de uma nova bolsa já é esperada há muitos anos. Acredito que o monopólio da B3 sempre, na minha opinião, atrapalhou o crescimento do nosso mercado, porque, quando a gente tem monopólio, não existe competição”, avalia.

Ele também destaca que a introdução de uma segunda Bolsa de Valores pode aumentar a visibilidade e a credibilidade do mercado brasileiro. “Com o país crescendo, podemos ter novos IPOs, dependendo de como vai ser. Pode ter uma febre de IPOs, se o governo ajudar. Eu acho que é uma notícia muito positiva e que, dependendo dos serviços que a nova bolsa oferecer, vai ser ótimo”, comenta Cohen.

A notícia da possível concorrência da B3 surgiu com a iniciativa do Mubadala Capital, asset dos Emirados Árabes Unidos, que está organizando a abertura da nova Bolsa de Valores. O projeto, que ainda depende da aprovação das autoridades reguladoras, tem como proposta ter sede no Rio de Janeiro e operar em todos os mercados, incluindo ações, derivativos e câmbio. A análise do pedido pela ATG, empresa envolvida no projeto, já está sendo realizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A notícia, divulgada no dia 1º deste mês, impactou as ações da B3, que registraram uma queda de 3,2% no pregão após o anúncio – no mês a baixa é de 7,5%. O mercado agora aguarda o desdobramento dessa possível concorrência e suas implicações para o cenário financeiro brasileiro.

Lucro da B3 cai 8,8% no 4T23

No quarto trimestre do ano passado (4T23), a B3 registrou uma queda de 8,8% no lucro, que totalizou R$ 915,5 milhões. Fatores como a redução da receita e o aumento das despesas, especialmente relacionadas ao processamento de dados, contribuíram para esse resultado, conforme balanço da empresa.

A receita da operadora da bolsa caiu 2,8%, alcançando R$ 2,24 bilhões, refletindo uma movimentação mais fraca no mercado acionário, que impactou negativamente o segmento listado.

Esse segmento, que corresponde a quase 57% da receita total da B3, engloba não apenas ações, mas também instrumentos de renda variável, juros, moedas e mercadorias. A queda de 13,5% na receita desse segmento não pôde ser compensada pelo aumento na receita de outros segmentos de atuação, como balcão e tecnologia, dados e serviços.

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