A B3 (B3SA3) reportou um lucro líquido recorrente de R$ 1,057 bilhão no quarto trimestre de 2023 (4T23). Para os analistas, o resultado foi fraco, com uma combinação de volumes reduzidos, pressão sobre a receita e despesas acima do esperado.
“É importante notar que, apesar das despesas mais altas no trimestre, a B3 conseguiu cumprir seu Guidance de despesas para 2023. No entanto, os números da receita ficaram um pouco abaixo das nossas estimativas”, afirma a XP.
Segundo a XP, a empresa teve contribuições antecipadas relacionadas à autorregulação, afetando negativamente seu Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Apesar disso, o lucro líquido no trimestre foi de R$ 1,1 bilhão, beneficiado por uma alíquota de impostos mais baixa.
“Acreditamos que o desempenho das ações da B3SA3 será mais influenciado por notícias sobre concorrência e mercado de capitais do que pelos resultados financeiros. Embora seja uma boa opção de dividendos, não esperamos que isso impulsione a valorização das ações”, diz a XP, que mantém cautela sobre as ações.
Na mesma linha, com recomendação neutra, o Itaú BBA avalia que as despesas foram o principal fator negativo nos resultados, aumentando 19% em relação ao trimestre anterior e 10% em relação ao ano anterior, impulsionadas principalmente por serviços de terceiros e outras linhas.
O Ebitda caiu 11% em relação ao trimestre anterior e 9% em relação ao ano anterior, com uma margem de 65%. Os analistas do BBA veem essa combinação como negativa para a história de equidade no curto prazo. “A combinação de um ambiente de receitas ainda desafiador e pressões de custos apoia nossa visão cautelosa. Vemos as ações sendo negociadas a 14,5x P/E ajustado de 2024, abaixo da média histórica, com tendências de ganhos lentas no curto prazo.”
De acordo com o BTG, os resultados financeiros da B3 foram 70% abaixo das estimativas em R$25 milhões. Para o banco, as receitas financeiras diminuíram mais do que as despesas financeiras, principalmente devido a um saldo médio de caixa menor e à taxa Selic. Os resultados financeiros também foram impactados pelos efeitos da variação cambial em alguns empréstimos da B3 em moeda estrangeira.
“Negociando 14,5x P/E (Preço/lucro) esperado em 2024 e com potencial de risco de baixa para nossas estimativas, preferimos jogar o ciclo de afrouxamento por meio de outros nomes com mais potencial de alta, como XP de maior capitalização e outros de menor capitalização: BR Partners, Vinci e Pátria”, destaca o BTG, que tem recomendação neutra para ações da B3, com preço-alvo de R$ 16,50.
B3: BB-BI, Safra e Genial recomendam compra e projetam melhorias
Dado o cenário macro, a companhia segue apresentando resultados desfavoráveis em seu core business (segmento Listado), porém a estratégia de diversificação nos negócios tem sido relevante para compensação de receitas, e se mostrado mais significativa a cada resultado, informa o BB Investimentos.
“Assim, acreditando em um cenário mais favorável e na retomada do volume de negócios no mercado de capitais, e até incorporarmos os resultados do 4T em nosso modelo, reiteramos nossa recomendação de compra para B3SA3, com preço-alvo de R$ 15,60 para o final de 2024”, comenta o BB Investimentos.
O Safra também tem recomendação de compra (preço-alvo de R$ 19), pois apesar dos volumes de ações continuarem a decepcionar, o banco ainda acredita que a B3 deva se beneficiar de uma retomada na atividade de mercado e dos fluxos de investimento para mercados emergentes, apesar das ações estarem pressionadas no curto prazo.
Indo nessa linha, a Genial Investimentos antevê um 2024 de melhoria da rentabilidade e do lucro da B3. “Com a queda das taxas de juros, esperamos uma recuperação no desempenho das receitas – beneficiado por um aumento no ADTV de ações e por outros produtos que prosperam com taxas de juros mais baixas – combinado com um controle eficaz das despesas e o término da amortização de impairment relacionada à aquisição da Cetip no 2T24, juntamente com as provisões antecipatórias feitas no ano anterior, acreditamos que a B3 está posicionada para alcançar resultados mais robustos em 2024.”
A Research tem recomendação de compra para B3, com preço-alvo de R$ 17,10, um potencial de valorização de 35%.
B3 tem queda de 8,2% no lucro do 4T23
A B3 (B3SA3) reportou, na noite desta quinta-feira (22), um lucro líquido recorrente de R$ 1,057 bilhão no quarto trimestre de 2023, queda de 8,2% frente ao mesmo período de 2022 e de 8,7% na base sequencial.
O lucro líquido atribuído aos acionistas, que exclui itens não recorrentes, ficou em R$ 915,5 milhões, uma queda de 8,8% em 12 meses e de 14,8% no comparativo trimestral.
As receitas totais da B3 no quarto trimestre de 2023 somaram R$ 2,493 bilhões, número 2,9% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior e 0,1% superior ao do terceiro trimestre. Segundo o relatório, a queda na receita da B3 reflete o desempenho dos derivativos de câmbio, compensada, em parte, pelas receitas de juros somadas em moeda nacional. Os juros também foram apontados como responsáveis pela dificuldade de uma “recuperação consistente” no segmento de ações e instrumentos de Renda Variável durante o 4° tri.
Entre os destaques positivos, a companhia destaca a alta de 5,5% do saldo na depositária de renda variável, o que demonstra que o valor de mercado das empresas subiu no período.
Em derivativos listados, a B3 também destacou que o volume médio diário negociado (ADV) totalizou 6,2 milhões de contratos, valor maior em 4,8% em relação ao 3° tri e 35,7% ao 4° Tri de 2022, principalmente em função do bom desempenho de contratos de taxas de juros em Real.
Já no segmento de balcão da B3, as taxas de juros mais altas seguiram favorecendo o aumento de volumes, com alta de 14,3% no estoque de instrumentos de renda fixa e de 26,4% no estoque do Tesouro Direto em relação ao mesmo período de 2022.
No 4T23 da B3, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 10,3%, para R$ 1,45 bilhão, se comparado com os três meses anteriores, e apresentou um recuo de 9,8%, na comparação anual. A margem Ebtida caiu para 65,1% no quarto trimestre, de 70,5% no mesmo intervalo de 2022 e de 72,3% no terceiro trimestre.
B3 pagará R$ 374 milhões em dividendos
A B3 anunciou na noite desta quinta-feira (22) o pagamento de R$ 374 milhões em dividendos, referentes ao resultado de 2023. O valor equivale a cerca de R$ 0,066 por ação.
Terão direito aos dividendos da B3 os acionistas posicionados na ação B3SA3 no dia 27 de fevereiro. O pagamento será feito no dia 5 de abril.