Segundo o CEO da B3 (B3SA3), Gilson Finkelsztain, a bolsa brasileira ganhou 400 mil novos investidores nos últimos dois meses. A declaração do executivo foi realizada em uma live da Clear Corretora nesta terça-feira (5).
“Isso era impensável há alguns anos, aumentar o fluxo de investidores para a bolsa em um momento de crise”, afirmou Finkelsztain. Segundo a divulgação dos dados operacionais da B3, revelada abril referente ao mês de março, a bolsa brasileira possuía 2,2 milhões de investidores. Atualmente, segundo Finkelsztain, a bolsa possui 2,3 milhões de investidores.
Segundo o CEO, do total de 400 mil novas contas registradas entre março e abril, “metade tem menos de R$ 1 mil”. “São pessoas que estão começando a sua jornada de investimentos e de educação financeira, conhecendo melhor o que é renda variável”, disse o executivo.
Finkelsztain salientou que “historicamente quanto tem essa volatilidade, o investidor se desespera e vende”. O Ibovespa encerrou março com uma queda de 29,9%, o pior desempenho desde agosto de 1998.
De acordo com o executivo, isso demonstra um amadurecimento dos participantes do mercado. É uma nova realidade”. Por mais que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) traga incertezas ao mercado de capitais, Finkelsztain ressaltou que os investidores se mantiveram firmes sem debandar da bolsa.
“Acho que o Brasil sempre foi o paraíso da renda fixa e essa foi nossa história até 2015 e 2016. Agora com inflação sob controle e juros baixos, passamos a ser um país mais normal, onde a renda variável definitivamente entrou na agenda do investidor”, disse o CEO.
Mudanças na B3
Finkelsztain ainda revelou que a B3 estuda realizar algumas mudanças na operação da bolsa no Brasil. Uma delas seria “diminuir o lote padrão de 100 ações ou fazer o fracionário para que os ativos estejam à disposição de investidores de qualquer tamanho”.
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O presidente da B3 também relatou que o grupo estuda “para o médio ou longo prazos” implementar um horário estendido de negociações ou eventualmente a sessão se tornar contínua, como ocorre em algumas bolsas norte-americanas. “Mas isso é uma agenda de médio e longo prazo, um produto mais para o ano que vem”, disse.
Quando questionado sobre o que será do período pós-coronavírus, o executivo disse que enxerga um cenário positivo para os emergentes no médio prazo. “Vai ter no mundo todo uma grande liquidez, porque todos os bancos centrais combinados estão injetando muita liquidez e, no médio prazo, isso pode ajudar os mercados emergentes”, comentou.
Ademais, o presidente da B3 disse que, de fato, existe a possibilidade da chegada de outra bolsa aqui no Brasil. “A competição virá com o crescimento do mercado e outra bolsa começando com negociação certamente virá para o Brasil”, apontou.