B2W (BTOW3) deverá crescer, mas mercado não crê em reviravolta
A fusão das operações de B2W (BTOW3) e Lojas Americanas (LAME4) mexeu com o setor de varejo nesta semana. Afinal, a nova varejista deve aproveitar as sinergias criadas para tentar conquistar market share em um momento em que Via Varejo (VVAR3) e Magazine Luiza (MGLU3) buscam consolidação.
De acordo com fontes ouvidas pelo SUNO Notícias, a fusão deve colocar a B2W em maior condições de disputa com as concorrentes que vem crescendo no setor de varejo online, mas o processo ainda deve ser longo.
Para Henrique Esteter, analista da Guide, a fusão dos negócios deve melhorar o business da própria companhia, mas no curto prazo, não deve mexer com as concorrentes.
“Vejo com bons olhos, vão gastar quase R$ 100 milhões, e aí o mercado vai cobrar um resultado, algo como a Via Varejo e a Magalu entregam. Não acho que deverá impactar as outras, é um fortalecimento da Americanas. Também não vejo como algo que tende a deteriorar o mercado para outras duas, é uma evolução natural”, disse.
Segundo um executivo de uma varejista concorrente, a empresa está de olho na movimentação da nova americanas sa, mas afirmou não estar impressionado com o novo plano.
“Em relação a nossa operação, eles estão fazendo, agora, o que a gente vem fazendo há alguns anos. A promessa de centralizar o cliente, com uma pegada digital, a gente faz. Mas, obviamente, que quando um concorrente desse porte se mexe, ficamos todos atentos e nos mexeremos também”, disse um executivo de uma varejista concorrente, em condição de anonimato.
Segundo um analista do setor, que preferiu não se identificar, a unificação da companhia pode dar mais velocidades para eventuais fusões e aquisições.
“Tratando-se do impacto para concorrentes, acho que a unificação dá agilidade para acelerarem a agenda de M&A. Não precisarão gastar tempo definindo quanto de stake a B2W teria e quando as Lojas Americanas teriam, assim como aconteceu em Ame. Alem disto, existe um ganho fiscal ao poder usar os créditos de B2W em uma operação consolidada mais rentável. Os outros ganhos (como logísticos e uso de dados) eu tenho menos conforto, pois ambas as empresas sempre falaram que já funcionavam como se estivessem juntas”, disse.
Em coletiva nesta quinta-feira (29), o diretor-presidente (CEO) do Universo Americanas, Miguel Gutierrez, salientou que a pandemia de coronavírus mudou hábitos de consumo e acelerou mudanças em diferentes âmbitos. Neste contexto, a fusão das operações é vista como a melhor alternativa para a empresa seguir crescendo em um mercado competitivo, onde diferentes players já possuem operações integradas.
Mesmo sem empolgar analistas e concorrência, o negócio foi visto como positivo por Esteter.
“Vejo com bons olhos. Claramente, o mercado precificou um desconto para Lojas Americanas, um desconto de holding, mas é interessante, uma integração do forte do e-commerce com as lojas físicas da Lame, Ame digital, com fintech e franquia, então é uma união de negócio que tende a gerar valor, com um cross selling maior, redução de custos, entre outras coisas”, disse o analista da Guide.
Para enfrentar Via Varejo e Magalu, nova empresa busca ganhos de marca
Para enfrentar a concorrência, diretores de B2W (BTOW3) e Lojas Americanas (LAME4) afirmam que a nova estrutura da companhia após a fusão das operações será um negócio totalmente integrado, com potencial maior de crescimento, garantindo melhor experiência para o consumidor e, no futuro, visibilidade internacional.
“É tempo de somar. A combinação nos permitirá criar uma plataforma mais poderosa e nos coloca em uma posição mais favorável para capturar oportunidades futuras”, salientou Miguel Gutierrez.
A intenção integrar as empresas havia sido comunicada ao mercado ainda em fevereiro, em fato relevante. Mas foi somente nesta quinta-feira, após aprovação dos conselhos de administração, que a companhia oficializou que a B2W incorporará a Lojas Americanas, levando à criação da americanas sa. A proposta será avaliada e votada em assembleias gerais das duas companhias em 10 de junho.