A Azul desistiu de participar do leilão dos slots utilizados pela Avianca, segundo o diretor de distribuição e alianças da empresa, Marcelo Bento Ribeiro. A declaração do diretor foi feita durante evento que celebrava o primeiro voo da Azul em sua nova rota com destino a Porto, Portugal, na última segunda-feira (3).
Bento Ribeiro ainda afirmou que “o formato do leilão [dos slots da Avianca] que foi aprovado é esse fatiado em sete partes, e a gente não vai participar disso, porque não tem condições”.
Slots de Congonhas
Os slots da Avianca que estão localizados em Congonhas são o principal motivo da briga entre as companhias aéreas. O objetivo da Azul era ter mais espaço no aeroporto para que fosse possível fazer a ponte-aérea Rio-São Paulo. No entanto, o formato da recuperação judicial acaba tornando a ação inviável.
Isso porque a Avianca tinha a capacidade de operar 21 voos por dia em seus slots e, segundo a Azul, seriam necessários ao menos 15 voos desse total para que a ponte-aérea pudesse ser feita.
Mas o formato de fatiamento dos voos previsto na recuperação judicial faria com que a empresa tivesse apenas sete dos 21 voos.
“O que estamos preocupados é que, se esses slots forem perdidos e voltarem para Anac, sejam distribuídos de acordo com as regras atuais. Serão divididos entre nós, Gol e Latam. Elas, que já têm 88% dos slots, vão para mais de 90% juntas. Nós teríamos mais sete e, com sete, não se faz uma ponte-aérea”, disse o diretor da Azul.
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Rotas inflacionadas
A ausência da Avianca nos aeroportos após a suspensão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aumenta os temores de que a empresa seja dissolvida. No entanto, caso isso aconteça os preços das passagens aéreas nos aeroportos nacionais devem ser elevados. Isso porque ao menos 18 das principais rotas operadas pela companhia passarão a ter apenas uma opção de voo direto.
De acordo com a Anac, um bilhete de uma rota com uma única companhia para uma viagem de mil quilômetros chega a custar 47% mais do que o valor cobrado em rotas operadas por três empresas.
Além do reflexo imediato do aumento nos preços das passagens, os passageiros ainda terão de usar um voo com escala e conexão, que levam mais tempo de viagem, enquanto a Avianca disponibilizava um voo direto.
O aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e o de Guarulhos, são os que possuem as partidas mais afetadas. No Rio de janeiro saem rotas para Brasília, Salvador e São Paulo (Congonhas). Em Guarulhos, partem aviões para Belém, João Pessoa, Juazeiro do Norte, Campo Grande, Foz do Iguaçu e Navegantes.
Além disso, outras rotas da Avianca, com as de Recife para Petrolina e Salvador e Salvador para Ilhéus também serão afetadas.
Crise da aérea
A Avianca é a quarta maior companhia aérea do Brasil e está em recuperação judicial desde dezembro 2018. O pedido foi registrado na 1ª Vara Empresarial de São Paulo em 10 de dezembro, após crescentes prejuízos e atrasos em pagamentos de arrendamento de aeronaves.
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Por causa da falta de pagamento, os credores apresentaram recursos para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pedindo que as aeronaves operadas pela empresa do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) fossem retiradas de circulação.
Além disso, a Avianca também deixou de pagar seus funcionários. Antes da crise, a empresa possuía 5,3 mil funcionários, deles 617 eram pilotos e 1,1 mil comissários.