Segundo fontes informaram à Bloomberg News, a Azul (AZUL4) está trabalhando com o Citigroup e o Guggenheim Partners para explorar uma potencial oferta pela Gol (GOLL4).
De acordo com uma fonte, as empresas assessoram a Azul, que avalia diversas opções, incluindo a aquisição completa de sua rival, mas ainda pode decidir por deixar a ideia de lado. Vale lembrar que qualquer oferta precisaria da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
No fim de janeiro, a Gol (GOLL4) entrou oficialmente com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, em procedimento chamado de Chapter 11. No processo, a companhia aérea conseguiu aumentar seu financiamento de devedores em posse para US$ 1 bilhão, de US$ 950 milhões.
A Bloomberg lembra que embora as duas companhias – além da Latam – atendam algumas rotas de grande tráfego, a Gol está mais concentrada em voos entre São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a rede da Azul para outras cidades é maior.
Para uma fonte, a Azul espera que a falta de sobreposição entre as aéreas aumente suas chances de obter aprovação regulatória caso faça uma oferta.
Em entrevista à agência, o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que a empresa monitora de perto a situação. “Você tem a obrigação com seus acionistas de observar as oportunidades que existem”.
Azul (AZUL4): Genial diz que “empresa vai colher frutos” da crise da Gol (GOLL4) e eleva recomendação
Em relatório mais recente sobre as empresas do setor aéreo, a Genial Investimentos avalia que o ano começa com uma perspectiva melhor do que em 2023.
Neste contexto, a casa está elevando a recomendação da Azul de manter para compra, com preço-alvo de R$ 23,00. Um dos motivos é o valuation descontado para 2024 e a possibilidade de colher benefícios da situação delicada da Gol, que teve recomendação rebaixada (de manter para vender).
Para 2024, a Genial avalia que as expectativas para o setor aéreo são mais positivas, impulsionadas por alguns fatores. Em primeiro lugar, os volumes de passageiros seguem em um patamar muito próximo aos observados no período pré-pandemia, apoiado por uma demanda resiliente e com espaço para continuidade do movimento de recuperação.
Além disso, os preços das passagens parecem estruturalmente mais altos, o que favorece as companhias aéreas. “Desde a retomada do fluxo de viagens no pós-pandemia, o setor convive com longas filas de espera para novas aeronaves. Por último, falando especificamente do Brasil, as crises envolvendo Hubs e a 123Milhas geraram uma pressão extra nos preços das passagens, um efeito que deve se estender por parte de 2024”, destacam os analistas.
Quanto à Azul, a research destaca que o processo de renegociação de dívidas da companhia foi mais bem conduzido que o da Gol, culminando em uma redução de R$ 4,3 bilhões dos passivos de arrendamento.
Dentro do cenário atual, a Genial espera uma adição de capacidade de 8% para 2024, acima da média do setor. O cenário favorável para o yield e para o preço de combustível deve ajudar a manter as margens da Azul nos patamares favoráveis de 2023. E as discussões com o governo sobre a estruturação de um fundo para ajudar a redução do custo da dívida podem beneficiar a empresa.
“Estimamos uma receita líquida de R$ 20,2 bilhões e um Ebitda de R$ 5,9 bilhões em 2024”, projeta a equipe da casa. A Azul ainda negocia com desconto em relação à sua média histórica e também em comparação com a média pós-pandemia, com um múltiplo de EV/EBITDA de 4,8x para 2024, em comparação com uma média histórica de 8x.
“Portanto, do lado positivo, o 4T23 da Azul deve ser marcado por um desempenho operacional robusto, acompanhado de uma receita recorde e volumes expressivos. Os dados do IPCA de passagens no período indicam um aumento de preço equivalente a 47% a/a favorecendo um novo incremento no yield”, afirma a Genial.