Após a Latam apresentar um plano de negócios ‘muito caro’, a Azul (AZUL4) desistiu de negociar a compra da companhia em recuperação judicial. As expectativas eram de uma possível combinação de negócios ou, a depender do cenário, de uma joint venture ou fusão, conforme reportado pelo Suno Notícias.
O revés veio com a nova plano da Latam que prevê uma injeção de US$ 8,2 bilhões na companhia por meio de dívidas, títulos conversíveis e novo capital.
“Chegou a um nível que a gente acha que não vale. Especialmente quando a gente olha para o mercado internacional”, disse o presidente da Azul, John Rodgerson, ao jornal Valor Econômico.
Apesar disso, o executivo não descarta mais solavancos em direção aos credores da Latam nos próximos meses.
“Estamos fora. Por enquanto estamos fora. Mas acho que vamos ter oportunidade nos próximos meses”, frisou.
“A Azul apresentou confidencialmente em 11 de novembro de 2021, juntamente com alguns credores da LATAM, uma proposta não-vinculante referente a uma combinação de negócios com a LATAM. A Proposta incluía prospecção de aproximadamente US$5 bilhões de financiamento em ações garantido por alguns membros do grupo de credores da LATAM, composto por várias instituições financeiras”, segundo o fato relevante.
A proposta feita no dia 11 era refere a uma participação com compartilhamento de acionistas, sendo que os credores da LATAM receberiam compensação em ações, junto com os participantes do Novo Capital.
A governança da companhia seria de ‘um grupo independente de conselheiros’.
A Latam negocia atualmente uma proposta de aumento de capital com um grupo de credores não garantidos liderado por Sixth Street Partners, SVPGlobal e Sculptor Capital Management, que detêm mais de US$ 4 bilhões em ações contra a empresa, segundo fontes a par do assunto.
Ainda no sábado (27), o presidente global da Latam, Roberto Alvo, disse que a Latam chegou a fazer uma proposta, mas que ela era “incompleta e insuficiente”.
Rodgerson rebateu afirmando que o motivo pelo qual a chilena apontou o plano como incompleto foi por não tratar do direito preferencial para o acionista.
“Temos o melhor plano para os credores, mas não é o melhor para os acionistas, disse.
“Há várias formas de avançar, como fizemos com o codeshare com a Latam, ou joint venture com pequenos operadores. Para ter uma consolidação total tem de ter alguém para vender e alguém para comprar. Vamos ver o que vai acontecer com a Latam, quem vão ser os novos donos dela”, acrescentou o presidente da Azul
Latam teve financiamento de US$ 750 milhões
Recentemente a companhia aérea conseguiu novo financiamento de US$ 750 milhões, em condições de crédito mais competitivas que anteriores. Mas a empresa ainda deve seguir em situação delicada por causa da demanda baixa por passagens aéreas.
A Latam obteve autorização, no Chapter 11 da lei de falências dos EUA, para contratação de um empréstimo do tipo debtor-in-possession (DIP), modalidade voltada para empresas em recuperação judicial.
O empréstimo anunciado ontem veio de um grupo de financiadores formado, entre outros, pela Oaktree Capital Management e pela Apollo Management Holdings. A incorporação dos recursos à recuperação ainda depende de aprovação da Justiça de Nova York.
“Temos recebido várias ofertas de investidores que manifestaram interesse em se juntar a nós em nosso processo do Chapter 11. Essa proposta nos permitirá acessar melhores condições de financiamento, gerando importantes economias de custos e beneficiando os nossos credores e a Latam”, afirmou, em comunicado, o vice-presidente de Finanças do grupo, Ramiro Alfonsín.
Azul fechou 3T21 com prejuízo de R$ 2,2bi
A aérea brasileira divulgou seu balanço trimestral reportando prejuízo líquido de R$ 2,24 bilhões no terceiro trimestre deste ano de 2021, ampliando as perdas em relação ao mesmo período do ano passado, quando o resultado foi negativo de R$ 1,22 bilhão.
O resultado foi pressionado pela desvalorização do real que gerou perda de R$ 1,5 bilhão com aumento de dívidas em dólar, elevou preço dos combustíveis e custos de manutenção.
A receita líquida total da companhia aérea alcançou R$ 2,71 bilhões de julho a setembro, um aumento significativo em relação aos R$ 805,3 milhões registrados em igual intervalo do ano passado.
Nos últimos cinco pregões, as ações preferenciais da Azul apresentaram uma desvalorização de 12,8%, ficando cotadas a R$ 23,30. No acumulado anual, a queda beira os 40%.