Azul (AZUL4) conclui reestruturação, mas diluição preocupa
A Azul (AZUL4) anunciou a conclusão do processo de reestruturação de suas obrigações com arrendadores e detentores de dívida. Em relatório, o Goldman Sachs avalia o movimento, bem como os próximos passos da companhia.
Além da reestruturação, a AZUL4 também finalizou a emissão de notas superprioritárias no valor de US$ 525 milhões, com vencimento em 2030. Segundo a empresa, as medidas contribuirão para a melhora da liquidez e da geração de caixa nos próximos anos.
Reestruturação com Arrendadores e Fornecedores
- A Azul eliminou aproximadamente US$ 557 milhões em obrigações relacionadas à emissão de ações, em troca de 94 milhões de novas ações AZUL4, que serão emitidas no primeiro trimestre de 2025. Isso representa cerca de 27% do número atual de ações da companhia.
- A dívida existente com arrendadores e fornecedores de equipamentos (OEMs) foi reduzida em US$ 244 milhões, mediante concessões comerciais não divulgadas.
- A reestruturação proporcionou uma melhoria no fluxo de caixa estimada em US$ 300 milhões nos anos de 2025, 2026 e 2027, permitindo à empresa acessar um financiamento adicional de US$ 100 milhões.
Reestruturação com Detentores de Dívida
- A Azul quitou US$ 150 milhões captados em outubro de 2024 e levantou US$ 525 milhões em nova dívida com vencimento em 2030.
- A empresa converteu US$ 784 milhões em notas com vencimento em 2029 e 2030 para ações preferenciais, seguindo estes critérios:
- 35% do valor principal será convertido antes de 30 de abril a um desconto de 15% sobre o preço médio dos últimos 30 dias.
- 12,5% do valor principal será convertido em data futura, condicionado à realização de uma oferta de pelo menos US$ 200 milhões em novas ações.
- 52,5% do valor principal será trocado por novas debêntures conversíveis, a serem emitidas até 30 de abril, com conversão em ações a um desconto de 20% sobre o preço médio dos últimos 30 dias.
Atualmente, a Azul tem um valor de mercado de aproximadamente US$ 264 milhões e 348 milhões de ações em circulação. Com a emissão de 94 milhões de ações da Azul para arrendadores e fornecedores, os acionistas atuais enfrentarão uma diluição de 27%.
Além disso, considerando a conversão de 35% da dívida, estima-se a emissão de 147 milhões de novas ações, aumentando a diluição para 42%. Já a conversão de 52,5% das notas em debêntures conversíveis resultaria em aproximadamente 233 milhões de novas ações, elevando a diluição para 67%.
No total, com todas as emissões previstas no processo de reestruturação da Azul, a companhia terá um acréscimo de 475 milhões de novas ações, resultando em uma diluição de aproximadamente 136% para os acionistas atuais.
Apesar da significativa diluição, o Goldman Sachs destaca que a reestruturação melhora a estrutura de capital da Azul e fortalece sua liquidez no curto prazo.
A redução do endividamento é um ponto positivo, diz o relatório, mas foi alcançada à custa de uma expressiva emissão de novas ações, impactando diretamente os acionistas.
Assim, a casa mantém recomendação neutra para a Azul, com preço-alvo de R$ 5,40 para AZUL4 e US$ 2,70 para os ADRs negociados nos EUA.