Azul (AZUL4): com reestruturação da dívida e demanda aquecida, analistas veem alta das ações – mas mantêm recomendação neutra
Em relatório, o BTG Pactual manteve recomendação neutra para Azul (AZUL4). Após Investor Day, realizado nesta quarta-feira (5) em Nova York, os analistas do BTG elogiaram o processo de reestruturação da dívida da companhia e estão otimistas com a reformulação de seu modelo de negócios.
De acordo com o BTG, durante o Investor Day, os executivos da Azul demonstraram que a companhia conseguiu cumprir seus compromissos firmados no IPO (Oferta Pública Inicial) de 2017, mesmo com o cenário desafiador da pandemia deCovid-19, além de melhorar algumas métricas financeiras.
“A receita da Azul está três vezes maior do que em 2016, enquanto a capacidade ofertada em quilômetros de assentos disponíveis (ASK) dobrou, destacando o compromisso com disciplina de custos e lucratividade”, diz o BTG.
Associado a isso, as unidades de negócios da Azul não relacionadas à aviação, como o programa de fidelidade e o negócio de embalagens, registraram crescimento.
Segundo analistas, embora o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) tenha se recuperado pós-Covid, os preços das ações permanecem abaixo dos níveis pré-pandemia, inclusive do preço de IPO. “A Azul afirmou que sua avaliação (4-5 vezes o Ebitda) está com um pequeno desconto em relação à média de seus pares na América Latina. Dada sua gestão significativa de passivos, principalmente em comparação com a reestruturação de dívidas de seus pares, uma reavaliação parece altamente justificada.”
Neste cenário, o BTG mantém recomendação neutra para ações, com preço-alvo de R$ 20 – ante os R$ 13.
Azul: companhia apresenta recuperação da demanda aos níveis pré-pandemia
No Investor Day, o BTG afirma que a Azul mencionou dados positivos na demanda, com o Brasil recuperando completamente seu volume pré-pandêmico. Além disso, novas rotas internacionais e destinos adicionais nos EUA também estão positivos.
“Tendências sólidas de demanda garantiram tarifas aéreas resilientes. A Azul reportou uma tarifa aérea média de R$ 550 no 2º trimestre de 2023, acima dos níveis já fortes de 2022”, aponta o BTG.
A equipe do BTG ainda diz que a rede da Azul se fortaleceu ao longo do tempo, com o modelo hub-and-spoke, ganhando densidade e se expandindo para mercados inexplorados.
Empresa mira renovação de frotas e melhoria de margens, diz BTG
Durante o evento, conforme relata os analistas do BTG, forneceu insights sobre as estratégias de melhoria de margem operacional, incluindo expansão de rede, atualização de frotas e desenvolvimento de unidades de negócios. “Ela pretende concluir seu programa de renovação da frota, incluindo a conversão de aeronaves E1 para E2, até 2027”, relata o BTG.
Com isso, a Azul espera um crescimento de capacidade de 8% a 10%, sendo que ao final de 2023 a expectativa é que a frota seja composta por 83% de aeronaves de próxima geração.
Azul reduziu prejuízo ajustado em 21% no segundo trimestre
A Azul fechou o segundo trimestre de 2023 com prejuízo ajustado de R$ 566,8 milhões, queda de 21,4% na comparação anual, quando registrou perdas de R$ 721,4 milhões.
A receita líquida da Azul chegou a R$ 4,269 bilhões no 2T23, aumento de 8,8% na comparação anual, considerado histórico para o período, segundo a companhia. Em relação ao segundo trimestre de 2019, antes da pandemia, a receita aumentou 63,1%.
O Ebitda no segundo trimestre chegou a R$ 1,156 bilhão, ante R$ 614,6 milhões registrados no mesmo período de 2022, também considerado recorde pela Azul. A margem Ebitda também cresceu 11,4 pontos percentuais na comparação anual, alcançando 27,1%.
O lucro operacional da Azul atingiu R$ 591,9 milhões no trimestre, aumento de R$ 455,5 milhões comparado ao 2T22, representando uma margem de 13,9% ou 10,4 pontos percentuais acima.
As despesas operacionais da Azul chegaram a R$ 3,677 bilhões, redução de 2,9% frente aos R$ 3,788 bilhões reportados no 2T22, “impulsionada principalmente por uma redução de 24,5% nos preços dos combustíveis, iniciativas de redução de custos e ganhos de produtividade, parcialmente compensados pelo nosso aumento de capacidade de 8,4%”, disse a Azul.
O resultado financeiro foi negativo em R$ 94 milhões, redução de 96,6% frente às perdas financeiras de R$ 2,761 bilhões registradas no 2T22.
A dívida líquida apresentada no balanço da Azul foi de R$ 17,719 bilhões, aumento de 3,1% na comparação com o mesmo período de 2022.
O indicador de alavancagem financeira da Azul, medido como dívida líquida em relação ao Ebitda nos últimos doze meses, diminuiu 2,1x em relação ao ano anterior, de 6,3x para 4,2x. “Estamos confiantes em nossa capacidade de continuar reduzindo nossa alavancagem organicamente, um processo que foi acelerado por nosso plano de otimização da estrutura de capital“, disse a Azul.
Cotação
Nesta quarta-feira (06), as ações da Azul registram queda de 1,99%, cotadas a R$ 13,81.
Cotação AZUL4