Avianca demite 30% dos funcionários no aeroporto de Guarulhos

A Avianca Brasil demitiu nesta quinta-feira (2) 30% de seus funcionários que trabalhavam no aeroporto de Guarulhos. A companhia aérea tinha encerrado suas operações no aeroporto desde o dia 28 de abril.

A Avianca Brasil em recuperação judicial desde dezembro demitiu entre 70 a 80 funcionários que trabalhavam no aeroporto. Os desligamentos atingiram especialmente os atendentes dos guichês da empresa e auxiliares de embarque.

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Desde dezembro, outros 70 funcionários de diversos departamentos haviam sido demitidos em Guarulhos. Segundo o Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, cerca de 140 funcionários da companhia aérea continuarão a trabalhar no local.

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Os funcionários que permanecem no aeroporto serão dedicados a reacomodar passageiros que tiveram voos cancelados nas últimas semanas. Desde o início do mês passado, a Avianca cancelou mais de 2.000 voos. A causa desses cancelamentos foi a falta de aviões, que acabaram retomados pelas empresas de leasing por falta de pagamento do aluguel.

O aeroporto de Guarulhos é o maior do Brasil. Em 2018, mais de 20% dos passageiros nacionais embarcaram do aeroporto em voos da Avianca.

A Avianca Colômbia, empresa independente da Avianca Brasil, continua operando de Guarulhos para destinos internacionais, como Bogotá. A companhia aérea também tem entre os sócios os irmãos José e Germán Efromovich, controladores da Avianca Brasil. Entretanto, é separada da operação brasileira.

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Entenda a crise da Avianca

A Avianca é a quarta maior companhia aérea do Brasil e está em recuperação judicial desde 2018. O pedido foi registrado na 1ª Vara Empresarial de São Paulo em 10 de dezembro, após crescentes prejuízos e atrasos em pagamentos de arrendamento de aeronaves.

A companhia aérea controla 13% do mercado nacional e registrou um crescimento forte nos últimos anos.

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Como reflexo da entrega dos aviões às empresas de leasing, a companhia aérea passará a operar cinco aviões nesta semana. A frota já chegou a 40 aeronaves em 2018.

Três empresas de leasing já pediram restituição de aviões por conta da falta de pagamento. No total, as empresas arrendaram 14 aeronaves para a companhia aérea, equivalente a 30% da frota em operação A companhia aérea tinha assegurado que nenhuma das operações seriam afetadas, mesmo com o processo de recuperação judicial. Entretanto, a Avianca Brasil demitiu 140 funcionários na última semana. Em dezembro do ano passado a companhia aérea devolveu duas aeronaves Airbus A330 para as empresas de arrendamento.

Por causa da falta de pagamento, os credores apresentaram recursos para a ANAC. A agência recebeu pedidos por retirar as aeronaves operadas pela empresa do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB).

Em caso de calote, as empresas donas das aeronaves podem pedir o cancelamento das matrículas dos aviões. Isso porque a falta de pagamento por parte da Avianca seria um descumprimento da Convenção da Cidade do Cabo. No começo de Janeiro, a ANAC anunciou o cancelamento de dez matrículas de aviões operados pela Avianca após pedido da GE Capital Aviation Services (Gecas), dona das aeronaves. A Gecas pedia para suspender o registro de dez aeronaves Airbus A320 usadas pela Avianca Brasil em operação de voos. A Gecas é uma empresa de leasing dona das aeronaves, com a qual a companhia aérea tinha um contrato para os 10 aviões.

A companhia aérea está realizando pousos e decolagens de apenas quatro aeroportos:

  • Brasília;
  • Congonhas (SP);
  • Salvador;
  • Santos Dumont (RJ).

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Além da perda de aeronaves por conta da inadimplência, a Avianca também deixou de pagar seus funcionários. No dia 24, a companhia aérea pediu para que os funcionários que estejam interessados em deixar o emprego, sem perder seus direitos, se manifestem. Antes da crise, a empresa possuía 5,3 mil funcionários, deles 617 eram pilotos e 1,1 mil comissários.

Por conta da situação financeira da Avianca, a Infraero e outras administradoras passaram a exigir o pagamento antecipado das tarifas aeroportuárias.

 

Saiba mais: Avianca pode perder aviões se não alcançar acordo 

Possível Venda da Avianca

Em 13 de dezembro de 2018, 0 ex-presidente da República Michel Temer assinou a Medida Provisória que permite as empresas estrangeiras a deter 100% do capital de companhias aéreas brasileiras. Portanto, a possibilidade de que tais empresas adquiram a Avianca existe, apesar da recuperação judicial. Caso a venda da companhia aérea se concretizasse, a empresa compradora estaria obtendo apenas a “parte boa”, o que exclui as dívidas.

Saiba mais: Latam entra na Justiça contra recuperação judicial da Avianca 

No dia 17 de Janeiro, a Avianca Brasil anunciou o fim de seus voos internacionais mais importantes. Foram canceladas as rotas de Guarulhos para Nova York, Miami e Santiago. Além disso, foram devolvidas outras duas aeronaves A330 a empresas de leasing. Atualmente, a companhia aérea tem 46 aeronaves em operação.

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Proposta da Azul

Em 11 de março, a Azul teria assinado uma proposta não-vinculante para a aquisição de parte dos ativos da Avianca através de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI).

O valor total da operação seria de US$ 105 milhões. A proposta foi exposta em um plano de recuperação judicial da Avianca, e a UPI teria:

  • certificado de operador aéreo;
  • 70 pares de direitos de pousos e decolagens (“slots”);
  • aproximadamente 30 aeronaves Airbus A320.

Os slots seriam nos aeroportos nos aeroportos de CongonhasGuarulhos (São Paulo) e Santos Dumont (Rio de Janeiro). Alguns dos aeroportos mais importantes do Brasil.

Saiba mais – Azul pode mais que dobrar presença em Congonhas; ações disparam

Em 4 de março, a Gol e a Latam entraram na disputa para adquirir partes da Avianca. No plano de recuperação judicial alternativo àquele proposto pela Gol, havia a criação de sete UPIs. Seis unidades conterão apenas “slots” dos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Galeão, e uma unidade englobará os ativos do programa de fidelidade Amigo.

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A Gol informou em nota seu interesse na compra de ativos da concorrente.  A companhia aérea teria assinado um acordo vinculante com o fundo ativista Elliott Management, para entrar na disputa. Em tal acordo, haveria compra pela companhia aérea de US$ 5 milhões em empréstimos, feitos pelo fundo, à Avianca.

Conforme o acordo assinado com o fundo de hedge, a Gol faria a oferta pela UPI A, que reúne:

  • 10 slots em Congonhas;
  • 10 em Guarulhos;
  • e 6 em Santos Dumont.

Por sua vez, a Latam faria proposta pela UPI B, que possui:

  • 13 slots em Guarulhos;
  • 8 em Congonhas;
  • e 4 em Santos Dumont.

O presidente-executivo da Latam, Jerome Cadier, confirmou a intenção de comprar uma parte da Avianca por ao menos US$ 70 milhões (R$ 268 milhões).

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Plano proposto pela Gol, Latam e Elliott vence

Na Assembleia de credores da Avianca, ocorrida em 5 de março, o plano de recuperação judicial foi aquele da Gol, em conjunto com a Latam e o Elliott.

Entre os presentes na assembleia, 80% concordaram com os termos de criação de sete UPIs, a serem leiloadas. O leilão está marcado para 7 de maio.

Saiba mais – Avianca: assembleia de credores tem debate entre Azul e Elliott

Azul desiste de compra da Avianca e ações da Gol sobem

No dia 18 de abril a Azul anunciou que retirou a oferta feita para a compra de parte das operações da Avianca.

A companhia aérea acusou as rivais do setor, Gol e Latam, de agirem para evitar a concorrência na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro.

O presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, fez o anúncio no Palácio dos Bandeirantes. Para o presidente, a atuação das empresas teve caráter protecionista.

“A nossa participação no leilão é pouco provável e a chance de sua realização fica cada vez menor com a retomada de aeronaves [por parte dos arrendadores dos jatos]”, disse Rodgerson comentando o caso da Avianca.

Carlo Cauti

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