A incorporação da AES Brasil (AESB3) pela Auren (AURE3), anunciada na quarta-feira (15), vai criar a terceira maior companhia de geração de energia do País, em um negócio que movimentará R$ 30 bilhões. Para a BB Investimento, a proposta de combinação de negócios com a Auren tira pressão das ações da AES Brasil.
A combinação de negócios será estruturada como uma fusão de ações, em que a AES Brasil passará a ser uma subsidiária integral da Auren, que por sua vez será a única companhia remanescente listada em bolsa, com free float entre 29% e 40%.
Os acionistas da AES Brasil terão três opções de conversão de ações:
- Opção 1: R$ 1,16 + 0,69 ação AURE3 por ação AESB3
- Opção 2: R$ 5,78 + 0,38 ação AURE3 por ação AESB3
- Opção 3: R$ 11,55 por ação AESB3
“O valor da proposta veio aquém do valor que estimamos para a AES Brasil, mas considerando que a proposta de combinação de negócios já está virtualmente aprovada, entendemos como mais vantajosa para os acionistas com visão de longo prazo, a opção com recebimento do menor valor financeiro e maior quantidade de ações da Auren”, diz o BB-BI.
Segundo os analistas, o investidor que optar por essa opção vai capturar benefícios dessa aquisição a preço atrativo e grande sinergia potencial, ainda que ao preço de tela atual a opção 3 represente maior valor financeiro no curto prazo.
Vale ressalta que os acionistas controladores da AES Brasil e da Auren, que têm em comum a presença do grupo Votorantim, se comprometem a votar a favor da proposta na AGE, e por acumularem maioria (51,4%) do capital da AES Brasil, já garantem aprovação da proposta.
Um dos principais atrativos da operação é a sinergia corporativa, operacional e financeira estimada em R$ 1,2 bilhão a valor presente, através da redução de R$ 120 milhões em despesas corporativas anuais, entre outras.
Neste contexto, o BB-BI tem recomendação de compra para as ações da AES Brasil, com preço-alvo de R$ 14.
AES Brasil com a Auren: como ficam os dividendos?
A fusão das duas companhias deve desbloquear um prêmio de aproximadamente 18% em relação ao preço de fechamento das ações da AES Brasil.
A AES Corp e a Votorantim, que juntas possuem 51,4% das ações da AESB3, já aderiram à proposta da Auren, escolhendo as opções 3 e 1, respectivamente.
Na visão do analista Vitor Sousa, da Genial Investimentos, o evento é positivo, especialmente para os acionistas da AES Brasil.
“Os acionistas tem a chance de migrar para um case que julgamos muito mais interessante que o da empresa como ele é hoje, que possui metade da sua capacidade instalada com concessões com prazo remanescente razoavelmente curtas (cerca de 50% termina em 2032) e um alto endividamento, limitando o pagamento de dividendos, novas aquisições ou a entrada em novos projetos”, escreve o analista.
No entanto, a alavancagem aumentará, especialmente se os acionistas minoritários da AESB3 optarem por receber integralmente em dinheiro. Isso pode representar um desafio de curto prazo, embora se espere que as sinergias e a geração de caixa resolvam essa questão.
Companhia reverte lucro e tem prejuízo de R$ 102,4 mi
A AES Brasil registrou prejuízo líquido de R$ 102,4 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo lucro de R$ 60,4 milhões observado um ano antes.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização somou R$ 340,2 milhões, redução de 14,6%, em base anual de comparação.
Com ajustes, o Ebitda totalizou R$ 367,6 milhões, queda de 10,2%.
A margem Ebitda do trimestre alcançou 41,1%, queda de 9,5 pontos porcentuais (p.p.) em relação a igual intervalo do ano anterior.
De janeiro a março, a receita líquida totalizou R$ 828,6 milhões, aumento de 5,4% sobre o mesmo período do ano anterior.
Os custos e despesas do trimestre somaram R$ 165,7 milhões, montante 10% maior do que o registrado um ano antes.
Já a dívida líquida da AES Brasil consolidada totalizou R$ 11,7 bilhões ao final de março, montante 2,2% inferior ao observado um ano antes.
Desempenho anual das ações da AES Brasil
Cotação AESB3